Não somos capazes de comentar e avaliar o que vemos em voz alta, e por isso os mais educados dizem que os moçambicanos são "pacificos", e eu digo que são "passivos" muitas vezes... Durante a última decada os moçambicanos viam e falavam em surdina sobre a proximidade do ex-presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, e do actual presidente, Armando Guebuza, a família de Mohamad Bachir Selemane, o individuo que este ano passou a fazer parte da lista dos barões da droga do governo dos Estados Unidos da América. Casamento de filho do senhor Bashir Sulemane, inauguração de mesquita construida com o dinheiro do senhor Sulemane, pagamentos de quantias exorbitantes em leilões de angariação de fundos para as campanhas eleitorais da Frelimo, etc... Esses importantes dirigentes estiveram lá e foram figuras de destaque e com direito a reportagens. Mas nessa altura também ninguém falou alto...
Foi preciso o senhor Julian Assange, através do seu Wikileaks, divulgar o que já não é mais novidade para os moçambicanos. E ai nós agimos como se fosse a primeira vez a ouvirmos... Ou seja, uma facto que só passou a categoria de escandalo porque se tornou público "oficialmente", e porque é a opinião de uma suposta "autoridadade" mundial, os Estados Unidos da América.
Se não fosse demasiado ofensivo diria até que somos cobardes e oportunistas!
O silêncio do Presidente
Desde que se tornou público o caso, o presidente do país está na sua conhecida redoma de silêncio. Mais uma vez deixa os que nele votaram no vacuo. E agora os "pacificos" já deram a corda a língua e a media também...
Imprensa Comprometida e Desinformadora
Leio um artigo do jornal " O País" com o seguinte titulo: "Wikileaks implica altas figuras de Estado nas drogas mas não mostra evidências". A minha interpretação foi a seguinte: o autor desconhece o assunto e nem sabe bem qual é a sua profissão ou o artigo foi assim escrito intencionalmente.
Já explico.O Wikileaks, que é apenas um site de divulgação de informações secretas, não faz mais do que isso, divulgar! Portanto, não pode implicar ninguém em nada. O máximo que se pode fazer é desconfiar da veracidade dos factos divulgados pelo site. O que no caso está descartado uma vez que os EUA não negaram nada e até já mantem contactos com os governos, para resolverem os assuntos, já que eles não falam em nenhum momento em pedir desculpas... Outra coisa, como pode esperar um jornalista, que um site, que não é o serviço de inteligência e nem de investigação, também não é uma agência de dectetives, apresente provas? Esse jornalista talvez está a tentar fazer das pessoas como ele, providas de inteligência, de atrasados mentais. E porque será?
Um jornal privado como "O País", considerado descompometido e imparcial, que traz o "diferencial" em relação aos outros, tidos como menos independentes, parece que conseguiu mostrar uma faceta nova.
Alguns amigos jornalistas em Maputo contam-me que um jornalista sénior do grupo de media SOICO, do qual o "O País" faz parte, foi ao principal programa informativo da STV, também do grupo SOICO, comentar o assunto, tomando "partido" dos implicados ao dizer que não existem provas que altos dirigentes moçambicanos estejam ligados aos narcotraficantes. Só não sei se ele assumiu que essa era a sua opinião como jornalista, ou se era uma posição editorial da empresa para a qual trabalha. Também posso pensar que foi o porta voz não oficial de quem está supostamente envolvido no caso e não quer dar a cara...
Cadê a prova da prova?
Assim também tenho o direito de perguntar: Que provas tem esse jornalista de que o governo americano não tem provas da ligação de altos dirigentes com os narcotraficantes?
Mais feio foi ler outro artigo do "O País" em que o tal jornalista sénior especula sobre as provas do encarregados de negócios dos EUA em Moçambique dizendo:
"Na verdade, no grosso dos documentos, Todd Chapman baseou-se nas conversas de bastidores, que toda a gente trava, nos copos, sem a mínima preocupação de aprofundar os factos levantados."
Quem será mais suspeito, os EUA ou o jornalista em causa, ou o a editorial do grupo SOICO?
Investigação, cadê você?
Desde que em Junho os EUA incluiram o senhor Bashir Sulemane na listas dos barões da Droga o que fez o país? A nossa polícia investigou algo sobre o sujeito em causa? Houve algum interesse? Na altura o ministro do interior do país, José Pacheco, disse que o senhor Bashir Sulemane tem ficha limpa. Hoje o assunto volta a tona com os nomes de altos dirigentes moçambicanos ligados ao narcotrafico, a cenário ficou mais feio. Mas mantem-se o silêncio...
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