quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Hoje fiquei envergonhada...

Ia no autocarro com algumas mães e seus filhos nas mãos e nos carrinhos de bebe. E numa paragem entrou mais uma, ela estacionou o carrinho e foi mais para atrás estacionar o filho, lindo e imparável como todas as crianças. Um senhor de meia idade cedeu gentilmente o lugar aos dois. O puto trazia na mão um galho, que provavelmente apanhou pelo caminho, e a mãe tentava delicadamente controlar os movimentos "demasiado" espontâneos do seu filho para que o galho não fosse espetar o olho do senhor idoso que estava a sua frente, porque outras partes do corpo do idoso aquela obra já morta da natureza já tinha acariciado com certa velocidade... Eu assistia o filme deliciada com a aquela cena maternal, quando o gentil cavalheiro me perguntou educadamente se eu não podia ir lá ajudar aquela mãe aflita, juro que fiquei envergonhadíssima... Não fui capaz de mostrar a minha solidariedade para com a mulher que mais parecia um malabarista a tentar controlar o carrinho e o filho imparável simultaneamente... Apenas me divertia com a cena, que achava a mais linda do mundo! Ser mãe e o seu agradável sofrimento... Lá fui eu ficar com as mãos de prontidão, caso o imparável decidisse cair. Chegados ao seu destino a mãe malabarista, o imparável e o carrinho de bebe saíram do autocarro, e qual é o meu espanto? Não havia bebe nenhum no carrinho! A minha preocupação e a do cavalheiro tinham sido quase em vão... mas valeu a pena mesmo assim!
Contei a uma colega o sucedido e mesmo antes de terminar ela perguntou-me: "porque não foi o homem ajudar a mãe??". Pois é... Eu nem tinha pensado nisso... Afinal esta idéia, também machista, de que a mulher é que deve cuidar das crianças faz parte de mim, mulher! Por isso na hora nem pensei no absurdo da proposta... E acho que nunca vou pensar assim na minha vida... Por mais independente que seja, e reivindique direitos e obrigações (des)iguais, o lado materno fala mais alto que qualquer atitude machista! Que talvez até nem seja machista, mas sim natural, e o natural fala... nem que seja só quando o coração derrete com cenas destas

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