Na última semana, o governo de São Tomé e Príncipe mandou cancelar, em cima da hora, uma entrevista com o ex-primeiro ministro de Cabo Verde, Carlos Veiga, na televisão pública. Em seguida, demitiu a jornalista e apresentadora do programa que o tinha convidado. Em entrevista à Deutsche Welle, São de Deus Lima, a jornalista demitida, contou que o director do canal, Oscar Medeiros, disse que apenas cumpriu ordens. Importa salientar que este arquipélago é um dos círculos eleitorais mais cobiçados de Cabo Verde, país que realiza eleições em Fevereiro próximo, e que São Tomé é palco também de campanha eleitoral. São de Deus Lima conta na primeira pessoa, como foi demitida...
São de Deus Lima: Eu que sou a apresentadora e coordenadora do programa "Em Directo" fui informada pelo coordenador da televisão de São Tomé, Oscar Medeiros, que por ordem do governo a entrevista não ia ter lugar. Na quinta-feira, após a partida de Carlos Veiga, escrevi um artigo no jornal online "T ela Non" intitulado "A entrevista que Carlos Veiga não deu" e descrevi o que tinha acontecido, e no dia seguinte a saida do jornal "Tela Non" sou chamada ao gabinete do coordenador da televisão e correspondente da RTP África, para me ser comunicado que por ordem do governo da República Democrática de São Tomé e Princípe o meu contrato com a televisão sãotomense, que vigorará até 31 de Dezembro, não iria ser renovado e perguntei ao senhor director se conhecia a razão dessa ordem e ele disse que não. Achei muito estranho e extraordinário que o governo da República me desse a insólita honra de me comunicar a mim que não sou ministra, não sou secretária de Estado, não sou directora e não exerco sequer qualquer cargo de chefia na televisão, sou apenas apresentadora e coordenadora do programa "Em Directo", que o governo, dizia eu, tivesse essa inusitada honra de me fazer saber que o meu contrato não iria ser renovado.
NI:O que a senhora acha do facto do senhor Oscar Medeiros não ter nada a dizer sobre a sua demissão, ou não renovação do contrato, e assumir que esta é uma decisão do governo abertamente?
SDL: Acho que seria muito especulativo por-me a conjecturar sobre as razões que o levarão a não ter, ou a dizer que não tem uma opinião sobre isso e a limitar-se a ser porta-voz do governo. Sobretudo porque não se coaduna muito bem com o que se espera de alguém que é correspondente simultaneamnte de uma rádio internacional que tem como filosofia proclamada a cobertura imparcial dos factos que acontecem nos países que cobre.
NI: Considera, por causa do que lhe aconteceu, que em STP está a haver um alimitação da liberdade de imprensa?
SDL: Eu acho que cabe as pessoas que estão na posse dos dados referentes as esta situação fazerem o juizo e chegarem a uma conclusão.
NI:Em São Tomé existe um sindicato de jornalistas. Este organismo já tomou alguma posição?
SDL:Não tenho conhecimento de uma tomada de posição pública do sindicato de jornalista, o que lhe posso dizer é que tenho recebido manifestações de solidariedade de todo o mundo.
Isto, vindo na forma e conteúdo que tem, não me espanta, mas entristece. Afinal a arrogância é uma das manifestações de incompetência e a intolerância é o seu veículo mais óbvio. Quanto mais São(s) Lima(s) houver em STP, mais a liberdade de imprensa será minguante, pois a frontalidade desta ilustre jornalista, impressiona os mais atentos e incomoda a governação amadorista, teleguiada, marionetada deste governo. Quem sai aos seus, não degenera! Isto é apenas o começo, porque no passado o apetite deste magnânimo recaíu num "Primeiro Ministro": Norberto Costa Alegre, foi a primeira vítima oficial deste polvo, que para além de odioso, ainda tem o dom da precariedade intelectual! Que pena ele ter sido eleito PR de STP durante 8 bons anos!
ResponderEliminarNão sei o que se terá passado na cabeça do sr. PM de STP, ao não renovar o contrato à uma exímia jornalista, como dom da palavra como é São Deus Lima. Isto revela uma grande falta de maturidade política, que terá as suas consequências. O apetite do sr. PM de STP, não mediu bem as consequências deste acto. É de se dizer ao SR.PM de STP que há peixes e peixes, e alguns deles não se deixam comer! Neste caso o seu fim eleitoral está à vista, sr. PM de STP. Os jornalistas com o dom da palavra, são uma espécie de peixe balão, eles expandem-se e picam quando engolidos, entenda-se a metáfora. Sr. PM, a sua decisão foi muito infantil e digna de circo!!! Não vá na conversa do seu amo, pois o veneno da sua decisão já não mata ninguém em STP. Acorde para a vida, por já não estamos nos anos noventa!! ah ah ah
ResponderEliminarIsto é um abrólhos para o seu mandato.