quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O genocídio será a cartada final contra Gbagbo?

Alassane Ouattara, o candidato reconhecido pela comunidade internacional como o presidente legitimo da Costa do Marfim, enviou um embaixador as Nações Unidas que alertou ontem para a eminência de um genocídio. De acordo com a LUSA Yussuf Bamba, reconhecido no último dia 23 pela Assembléia Geral
da ONU como o representante do país junto da organização internacional, disse: "Estamos a dois dedos de um genocídio. É  preciso fazer alguma coisa".
Desconfio deste discurso por dois motivos:
Primeiro porque a ONUCI, as forças de segurança da ONU no país, disse um dia depois do pronunciamento de Bamba, que o país registou uma grande redução da violência. De acordo com a ONU, na semana passada foram registadas apenas seis mortes, enquanto que na semana anterior foram contabilizadas 173 vítimas
mortais. É verdade que a situação é tensa e espera-se o pior, para além de que as negociações para o fim da crise mostram-se infrutíferas. Mas convenhamos que afirmações muito opostas ao mesmo tempo sobre o mesmo assunto são de deixar uma pulga atrás de qualquer orelha.
Segundo, penso que com esta "previsão" de genocídio de Bamba, ou Ouattara apoiado pela comunidade internacional, parece haver uma tendência de "encurralar" o ainda presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, ao máximo, e o máximo que a comunidade internacional pode fazer, quando já não há mais respeito pelos direitos humanos e nem democracia, é o TPI. Todos nós sabemos que as acusações são sempre "crime de guerra e contra a humanidade e/ou genocídio.
Muitos dos dirigentes africanos com uma lista de "feitos" caem nas mãos do Tribunal Penal Internacional.  Como é o caso de Jean-Pierre Bemba, ex vice-presidente da RDC, do ex-presidente da Libéria Charles Taylor, ou então o TPI tenta a todo custo caçá-los, como o presidente do Sudão Omar Al Bashir. Entretanto, a União Africana tem rejeitado firmemente a actuação pouco equilibrada do TPI e rejeitou em Julho deste ano a abertura de uma delegação deste organismo em África. Ler mais em: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/go/uniao-africana--lideres-africanos-rejeitam-tribunal-penal-internacional
Logo, eu chego mesmo a pensar que a jogada da ala de Ouattara é mesmo forte ou suja. E também não nos esqueçamos que os apelos para o uso da violência têm sido feitos, em voz bem alta, pelos dirigentes apoiantes do homem da comunidade internacional, Alassane Ouatara.

Hoje fiquei envergonhada...

Ia no autocarro com algumas mães e seus filhos nas mãos e nos carrinhos de bebe. E numa paragem entrou mais uma, ela estacionou o carrinho e foi mais para atrás estacionar o filho, lindo e imparável como todas as crianças. Um senhor de meia idade cedeu gentilmente o lugar aos dois. O puto trazia na mão um galho, que provavelmente apanhou pelo caminho, e a mãe tentava delicadamente controlar os movimentos "demasiado" espontâneos do seu filho para que o galho não fosse espetar o olho do senhor idoso que estava a sua frente, porque outras partes do corpo do idoso aquela obra já morta da natureza já tinha acariciado com certa velocidade... Eu assistia o filme deliciada com a aquela cena maternal, quando o gentil cavalheiro me perguntou educadamente se eu não podia ir lá ajudar aquela mãe aflita, juro que fiquei envergonhadíssima... Não fui capaz de mostrar a minha solidariedade para com a mulher que mais parecia um malabarista a tentar controlar o carrinho e o filho imparável simultaneamente... Apenas me divertia com a cena, que achava a mais linda do mundo! Ser mãe e o seu agradável sofrimento... Lá fui eu ficar com as mãos de prontidão, caso o imparável decidisse cair. Chegados ao seu destino a mãe malabarista, o imparável e o carrinho de bebe saíram do autocarro, e qual é o meu espanto? Não havia bebe nenhum no carrinho! A minha preocupação e a do cavalheiro tinham sido quase em vão... mas valeu a pena mesmo assim!
Contei a uma colega o sucedido e mesmo antes de terminar ela perguntou-me: "porque não foi o homem ajudar a mãe??". Pois é... Eu nem tinha pensado nisso... Afinal esta idéia, também machista, de que a mulher é que deve cuidar das crianças faz parte de mim, mulher! Por isso na hora nem pensei no absurdo da proposta... E acho que nunca vou pensar assim na minha vida... Por mais independente que seja, e reivindique direitos e obrigações (des)iguais, o lado materno fala mais alto que qualquer atitude machista! Que talvez até nem seja machista, mas sim natural, e o natural fala... nem que seja só quando o coração derrete com cenas destas

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Iveth e o seu cabelo crespo

Num jornal electrónico descobri hoje uma nova cantora de Moçambique, chama-se Iveth. O artigo referia-se principalmente a critica social que a cantora faz na sua música, do estilo rap. Fiquei curiosa e lá fui ao youtube a procura de sons. Ouvi a entrevista que a cantora deu a um canal televisivo local, e até certo ponto fiquei bem impressionada com o discurso que ficou fundamentalmente marcado, para mim, na questão do "contrato social". O que só atiçou mais ainda a minha curiosidade. Vi o segundo videoclipe de Iveth, cujo titulo da música é "Afro", é de se tirar o chapéu no que se refere a qualidade de imagem ou do vídeo, a beleza humana, a natureza etc, mas chegou...

O banho de água gelada sobre a minha curiosidade...
"...o cabelo crespo eu sou" e ela não é cabelo crespo, pelo menos no vídeo ela é cabelo bem liso e super comprido, como o dos brancos e amarelos, mas ela é bem preta, ai já não contraria o verso "pele escura eu sou". Não há a sintonia "ideal" entre a imagem da cantora, e a mensagem de exaltação da negritude, ou africanidade (o que é discutível...) da música.
Não duvido que realmente Iveth tenha orgulho de ser preta e africana, como também respeito os gostos dela e as suas tendências. Só acho que num vídeo que pretende exacerbar esse orgulho todo, exactamente a sua defensora faça, ou mostre precisamente o contrário com os seus "não" cabelos crespos...
Mais ainda, ela traz um lindo lenço na cabeça, que intencionalmente não foi usado para cobrir os cabelos lisos... Até parece que no caso vale a frase "faz o que eu digo e não o que eu faço"...

O meu oportunismo...
Na verdade acho que estava a espera de uma "Iveth" para escrever o que penso sobre os "empréstimos em demasia"...
A cada dia que passa vejo mais pretas a usarem cabelos postiços que imitam exageradamente o cabelo dos brancos, o que eu acho preocupante... Com um comprimento excessivo e irreal demais para nós as pretas. E quando é todo ele loiro, ou numa outra cor que não represente uma carecterística nossa numa proporção de pelo menos 50%, mesmo não sendo eu a "visada", sinto-me "comprometida" com "outro" e por isso envergonhada ...
Entretanto, já gosto de cabelo desfrizado, já usei assim e tenho vontade de repetir, e acho lindo ver os brancos, amarelos ou de outra cor, de mirabas ou rastas. Também gosto de postiços, mas sem exagero!
Os postiços exagerados me trazem vários pontos de interrogação quanto aos seus usuários, terão problemas de identidade, terão vergonha do que são, ou tem referências erradas? A ser considerada esta última hipótese, o assunto fica mais grave ainda... O que estamos a consumir ou o que estamos a deixar entrar livremente em nós? Até que ponto somos frágeis e manipuláveis?
Poderia falar até não poder mais sobre os "apêndices artificiais" indispensáveis as mulheres de hoje, como por exemplo as unhas de gel, seios e rabo de silicone, excessiva maquilhagem, etc. Cada um sabe de si, mas não vou deixar de dizer que quando há muita concentração de artifícios perde-se o "defeito natural", e vence a "perfeição" que só pertence a Deus ou então a media que a sabe explorar muito bem... Mas é melhor ficar por aqui...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Costa do Marfim: Quem é quem?

Laurent Gbagbo: desconhecedor da real democracia?
É o tal que nunca foi o homem da França, logo, tem poucas chances de ser o homem dos Estados Unidos da América, portanto, não tem o apoio de ninguém. É um cristão do sul da Costa do Marfim. Também é o homem que foi o único a usar a camisa da democracia na altura da guerra civil na Costa do Marfim, portanto, pode-se dizer que era a esperança do alcance da paz e estabilidade.

Alassane Ouattara: o Morgan Tsvangirai da Costa do Marfim?
Tem o apoio da ex-colónia, a França, e dos Estados Unidos da América. Estes dois países já fizeram inúmeras ameaças a Gbagbo desde o inicio da crise. Aliás, para além da ONU, os outros dois países mais referidos pela media quando se trata de reconhecimento da vitória de Ouattara. Este é um muçulmano do norte da Costa do Marfim (há também quem diga que é na verdade do Burquina Faso). A sua legitimidade para se tornar presidente do país fundamenta-se nos principios internacionais de democracia, venceu pela maioria dos votos segundo a comissão eleitoral local, entretanto, o Tribunal Supremo, que dá a última palavra, deu vitória ao ainda presidente Gbagbo.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Lá se foi o natal...

E quem deve estar a dar graças a Deus por isso, são os que tiveram de fazer de pai natal em Moçambique com temperaturas a rondarem os 40 graus centigrados! Com as tradicionais roupas vermelhas quentes, o gorro, as botas, e a barba! É o lado ridiculo desta assimilação... Até hoje ninguém pensou em minimizar o sofrimento desse gordo dos tropicos, usando tecidos frescos como a casquinha de ovo, por exemplo, para as suas roupas, ou em vez de calças fazer calções, em vez de camisa de mangas compridas serem de manga curta, etc...
Na verdade não sei de quem é a culpa... É de quem vende ou de quem compra?
O conceito e o valor do natal, são bons de se aproveitar, eu acho. Mas o resto, que também é bonito, tem de ser adequado principalmente a estação do ano, para além de outros factores. O pinheiro, por exemplo, não é uma árvore tipica dos trópicos, embora existam algumas por lá. Quantas vezes não se vê pessoas a destruirem os pouco pinheiros da cidade das acácias? Porque alguns não querem comprar as ávores plásticas... Sendo assim, não dá para se pensar numa alternativa, mais "alcançavel" e semelhante ao emblemático pinheiro e de fácil reposição?
Outra coisa engraçada, é que o pai natal em Moçambique é uma especie só de shopping center! Aquele que alicia ao consumismo, ao servir os homens de negócio, e que transpira de VERDADE para levar um pouquinho de natal também para os seus...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O "línguo-centrismo" africano

Muitos pretos que encontro fora do meu país pensam que falo a língua deles. Já um jornalista do Uganda, sabendo que sou africana e sua quase vizinha, perguntou-me admirado: "como não falas Kiswahili?" e eu no mesmo tom respondi: "Porque você não fala Português?". E a conversa terminou por ali, eu tinha resolvido o problema, naquele caso, ou tinha chamado aquele homem a reflexão, penso eu, sem querer ser pretenciosa.
Com os africanos que falam Francês, é mais irritante ainda. Abordam-me logo em Francês, com a certeza de que falo a língua deles! Devem assumir que toda a África foi colonizada pela França, o que não é bem verdade. São tão "umbiguistas" linguisticamente que até faz dó...

Hi mane? madjonidjoni?

Bom dia Sister!
Na década de noventa visitei um famoso parque sul-africano. Todos os trabalhadores pretos que me viam cumprimentavam-me e sorriam-me muito simpaticamente e eu respondia. Era frequentemente chamada de sister, mas só eu preta era a privilegiada, os outros eram invisíveis. Um fenómeno para mim! Na minha terra ninguém cumprimenta o outro só porque é de determinada "coloração", cumprimenta-se sim por boa educação, por simpatia, ou outros motivos.
De lá até hoje o fenómeno continua. Sempre que passo pelo aeroporto Oliver Tambo quase todos os pretos que lá trabalham cumprimentam-me! Outros até na sua língua materna que eles "sabem" que eu falo...

Colega, a vida está dura...
Mas nem tudo é um mar de rosas na terra do Arco Iris. No serviço de migração do aeroporto Oliver Tambo eu não existo. Pelo menos para os funcionários dos serviços de migração, eles são cegos, surdos e mudos. Eu juro! Quando eu digo bom dia eles não ouvem, quando sorrio e olho para as sua caras e seus olhos, como eu gosto de fazer, eles não me vem, e da boca deles não sai a frase "de nada" quando digo obrigada. Juro que não estou a espera do "boa viagem" ou "Adeus". Nesse momento do serviço de migração só existem o meu passaporte e os seus colegas, para quem eles tem ouvidos, olhos e boca. Talvez a lamentarem-se sobre os baixos salários e outras dificuldades...


O país vive a paz, mas os corpos continuam armados
Tenho na mente as imagens das manifestações contra o Apartheid na África do Sul na década de oitenta. Era uma fedelha, mas as imagens e a situação do país marcaram-me profundamente. Aliás, o meu país também foi vítima directa deste regime de minoria branca. E a causa sul-africana era portanto naturalmente nossa. A postura física dos manifestantes foi o que ficou gravado na minha memória. É uma postura de guerra, como as danças guerreiras sul-africanas e moçambicanas também, mesmo sendo manifestações de paz. Também isso não mudou até hoje, as manifestações deste ano pela exigência do aumento de salários são semelhantes. O movimento dos ombros, um de cada vez, e o movimento das pernas enquanto caminham lembram-me a guerra.

São dados a um incesto
Não é o que está a pensar, não me refiro ao assédio no verdadeiro sentido da "carne", mas sim da palavra. Na hora da revista no aeroporto, alguns "controladores de bombas" assediam as suas "sisters" com aqueles piropos "padrão" africanos. Nada de anormal, pelo contrário, provocam aquela gargalhada interior e alimentam egos femininos, pelo menos o meu... Embora a cara amarre na hora! Isto é só para mostrar que existem lá também coisas "normais"!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os antecedentes do Malawi

Começamos do princípio. Em 1967 o primeiro ministro do Malawi, Hastings Banda, pediu uma ajuda financeira de 20.000 libras a Portugal para fazer face as despesas com 6000 refugiados moçambicanos. Esta informação consta do livro "Eduardo Mondlane Um Homem A Abater" de José de Jesus. Ainda de acordo com o livro, este foi um dos vários factores que fez com que Eduardo Mondlane não confiasse em Banda.
Hoje Moçambique e Malawi vivem uma crise diplomática por causa do uso do rio Chire, o Malawi quer usar este rio, que também corre em Moçambique, para escoar as suas mercadorias, mas sem consenso entre as partes. Moçambique por seu lado defende-se questionando a navegabilidade do mesmo e questões ambientais. Pois bem, sendo o Malawi um país dependente de Moçambique, por ser um país do interland, uma vez que usa os portos moçambicanos para receber e mandar mercadorias, quer naturalmente se tornar mais independente e pagar menos taxas a Moçambique pelo uso dos seus portos. Entenda melhor o contexto em:http://www.radiomocambique.com/rm/noticias/anmviewer.asp?a=5745&z=151
Também esta questão do uso dos portos é antiga,
volto novamente ao livro. Ele conta que Banda prôpos um acordo a Portugal, quando ainda colonizava Moçambique e passo a citar: "a)um acordo para o trânsito das mercadorias da Niassalândia (hoje Malawi) pelo porto de Nacala, mais conveniente do que da Beira... O primeiro ministro mostrou-se assim muito desejo de continuar, assim as boas relações com Portugal que aprecia e considerava úteis para a Niasslândia" pp 63-64.
E assim muito do que é anormal nas relações entre os dois países resulta deste historial a meu ver: A detenção do adido militar malawiano quando navegava o rio chinde, a desistência do Malawi de participar nos jogos africanos que decorrem em Moçambique em 2011, alegando que o país vizinho não tem capacidades para acolhê-lo e o mais recente li no Jornal Notícias de Moçambique, sobre a provável execução de dez moçambicanos no Malawi, numa caso arquivado pelo último presidente do país e agora reactivado pelo actual, Bingu Wa Mutarika. Ler mais em: http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/1153286
Em suma, o Malawi aperta o cerco a Moçambique com todas as suas armas, penso eu. E Moçambique, por sua vez, age de forma super diplomática. Até a bem pouco tempo, negava a tensão na relação com o seu vizinho, mas o encontro da SACDC em Pretória, na África do Sul a poucos dias, foi o assumir claro do estágio das relações.
Com isto só queria apenas avaliar e evidenciar os pontos a desfavor do Malawi, os seu posicionamento de dualidade deste o tempo em que Moçambique era colonizado e hoje a sua decisão unilateral de navegar o rio Chire. Pior de tudo é a jogada porca de entalar Moçambique internamente e externamente...

No R/C...

O meu presente de natal ficou em casa da vizinha
Ficou lá
Para sempre
Ele deu gritinhos
Riu
Falou
E o meu coração insuflou, insuflou de felicidade...
Quem se deliciava com a minha prenda eram os meus vizinhos do Rés do Chão
E eu sentia que aquele momento também era meu
Mas não fui la reivindicar o presente
Porque todos merecem um mimo, não é?
O pai natal está mesmo gordo, velho e cansadissimo...
Já não consegue chegar ao primeiro andar
Só uma duzia de escadinhas, só...
Se ele cuidasse melhor de si, da sua saúde
Eu não estaria a chorar agora
Juro que só neste momento sou apologista da dieta!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Democracia na Guiné Conacry começa de espingarda na mão ou com a cabeça?

O presidente eleito da Guiné Conacry tomou posse nesta terça-feira depois de grandes crises. Alpha Condé disse que vai assumir também o cargo de ministro da defesa para "controlar melhor e compreender" os problemas dos militares e assim encontrar melhores soluções. Ler mais em: http://www.panapress.com/Novo-Presidente-da-Guine-Conakry-empossado---3-747630-47-lang4-index.html
A ser verdade, é a melhor via? Não tenho capacidade para avaliar isso, mas o tempo dirá. Mas é bom não esquecer que neste país ter os militares na mão significa também ter o poder na mão. A Guiné Conacry sofre de muitas doenças uma das mais graves é o poder do exército associado a questões étnicas. Só para se ter uma ideia, os governadores e prefeitos do governo de transição são na sua maioria militares. Ler mais em: http://www.panapress.com/Presidente-da-Guine-acumula-pasta-da-Defesa--3-747239-47-lang4-index.html
Condé, pelos discursos que faz, mostra a intenção de querer construir uma Guiné "normal". Mas conseguirá este bem intencionado escangalhar a estrutura militar cancerigina muito bem enraizada?
Era um opositor por execelência e é um intelectual. Conseguirá ele ficar distante da espingarda?

domingo, 19 de dezembro de 2010

Quando a religião é pecado

Tudo é vermelho! O Natal está a porta, e muitos resgatam os seus acessórios com esta côr para celebrar o dia da família, a chegada do barbudão, ou então o nascimento de Jesus Cristo. Mas para o Papa Bento XVI todos os dias é natal, é que ele calça uns famosos sapatos vermelhos. Caros e feitos por encomenda, uns dizem que são da famosa marca Prada, mas o Vaticano desmente, afirmando que a media tem grande imaginação. Diz-se que os mesmos devem custar mais de dois mil euros, um insulto no minimo! É verdade que estes sapatos tem um simbolismo, ver em: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAleo
De onde vem o dinheiro para esses luxos? Dos dizimos das missas? De onde?
Enquanto isso um padre em Angola pede aos angolanos que não gastem demais nesta altura do Natal, porque devem pensar no dia de amanhã, pois geralmente no país nos meses seguintes a quadra festiva há atrasos no pagamento de salários. Ler mais em:
http://www.angonoticias.com/full_headlines_.php?id=29784
Ele recorda ao seu rebanho que "a palavra de Deus significa partilha". Então, quantas pessoas calçariam com o valor dos vermelhos de Bento VXI, para não perguntar quantas pessoas comeriam?

Assustadoramente branco

Mein Got!
Nunca pensei que fosse ter medo do branco...
Até me imaginei a morrer "afogada" nele
Por isso ensaiei mil e uma vezes antes de enfrenta-lo...
Como calcular onde acaba o passeio e onde começa a estrada?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Afinal o que se passa?

O partido no poder em São Tomé e Príncipe, ADI, para além de responder a jornalista São de Deus Lima através da imprensa local, usa também a imprensa de Cabo Verde, neste caso "A Semana". E a jornalsta São de Deus Lima faz o mesmo. Afinal o que se passa? Porque este alargamento do assunto até Cabo Verde? É verdade que o Governo de STP não quer manchar as relações com Cabo Verde, As relações entre os dois países são muito boas, mas não haverá um certo exgero? Do jeitinho que a esta luta decorre, faz me lembrar briga entre crianças a espera que os pais vejam quem têm razão. Posso estar ser precipitada na avaliação, mas não há aqui alguma manipulação?
A jornalista São de Deus Lima afirmou que o candidato Carlos Veiga disse que queria exercer o seu direito de resposta aos pronuncimentos que o primeiro ministro José Maria Neves fez quando visitou STP. E no inicio da entrevista fez questão de explicar que STP é um importante circulo eleitoral para Cabo Verde que realiza eleições no dia 6 de Fvereiro de 2011.
Na sua resposta a ADI ela cita uma parte da conversa mantida entre a delegação de Carlos Veiga e direcção da TVS, em que um dos elementos da delegação de Veigas explica que a campanha eleitoral só começa quinze dias antes. Leia a resposta de São de Deus Lima em: http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article59483&var_recherche=ADI&ak=1
Ora bolas! Quando há interesse deixa-se nas entrelinhas que é campanha ou pré campanha, quando é hora de salvar o couro, já convém citar que a campanha começa quando faltam quinze dias para as legislativas? Estou com dificuldades em entender esta história...

Huila, índios, humilhação & suicidios

Os resultados do desalojamento de populações em Huila, Angola, já estão ai. O suicídio era provavelmente o menos esperado. Leia mais sobre a situação no seguinte endereço:
http://www.voanews.com/portuguese/news/12_09_2010_suicides_youth_namibe-111619879.html
Acho que o acto extremista é a resposta a humilhação que esta gente vive, ou melhor a insubordinação a humilhação. Lendo sobre suicídios no: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol30/n1/4.html encontrei uma definição que se encaixa a esta caso:
suicídio anômico: associado ao desregramento, crises e mudanças a partir do enfraquecimento da malha social.
Lembrei-me de um facto contado por um amigo brasileiro, que no Brasil os índios matavam-se, ou morriam de desgosto, porque não aceitavam a escravatura. Pois se nos lembrarmos estes não foram verdadeiramente escravizados, para este país foram levados os pretos de África para o trabalho escravo.
Ainda este ano vi o filme brasileiro "Terra Vermelha" que conta uma história dos dias de hoje, mas que em nada se diferencia do tempo da colonização. Índios Guarani-Kaiowá são explorados numa fazenda e travam uma luta com os seus empregadores, os fazendeiros, pela posse da terra, enquanto isso indios jovens, os cheios de futuro, vão se suicidando por causa da sua condição de vida humilhante.
Em Angola teoricamente a colonização foi se embora com os portugueses em 1975, os angolanos verdadeiros donos da terra, humilham-se entre si. Os fazendeiros angolanos, ou mineiros, agentes imobiliários, etc, conduzem os índios angolanos ao suicidio...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O canto da minha areia

(foto de Tiago Scheuer)

Areia da praia do Tofo
Também cantas sob os meus pés
Não há sol que te consiga bronzear
Apesar disso esforço-me para sentir o calor que passas para muitos

Caixas de Ressonância

Somos nós os jovens do mundo globalizado. No geral não conseguimos construir nada com base no que vemos a nossa volta. Também não exploramos bem a imaginação para proporcionar resultados diversificados e surpreendentes. Limitamo-nos a repetir o que vemos, somos repetidores! Se descobrimos alguma curiosidade ou algo que achamos interessante apenas fazemos o copy & paste.
É incompreensível este fenómeno, porque muitos jovens do mundo globalizado têm acesso as tecnologias, usufruem de sistemas de ensino bem ricos e avançados, tem professores com super canudos, supostamente fazem trabalhos de pesquisa, são poliglotas por excelência,  enfim, dispõem de todas as ferramentas para ir além da repetição. Talvez tudo o que não somos é o resultado disso, do fácil acesso as coisas boas que já foram feitas pelos outros, portanto mais suscetíveis a preguiça? Somos talvez o resultado de uma produção industrial? Produtos da mesma série cujos números são o equivalente aos nossos nomes? Sendo isso apenas o que que nos diferencia uns dos outros? Há chances de sermos a referência do amanhã?
(O titulo saiu da boca da Lu, não encontrei melhor para explicar o que queria)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Intoxicação e Obesidade Masculina

O Sebastião já conhecia o meu ritual do gloss ao meio da manhã. Saíamos a rua para trabalhar todos os dias juntos e ele compridão, relaxado, um tipo que na verdade nasceu cansado, atirado desengoçadamente no banco do carro dizia-me: "Nádia, é por isso que as mulheres engordam", mas eu nunca desisti de engordar apesar das suas chamadas de atenção, o gloss acompanha-me sempre! E eu não deixava de me espantar com tal frase que também já era um ritual. Já passam mais de quatro anos e nunca deixei de pensar nisso, não que queira encontrar um culpado para o meu excesso de peso, mas porque procuro uma vítima real do gloss e de outros da sua classe. Tenho analisado a forma como as mulheres se maquilham, as mais jovens na sua maioria exageram tanto que ultrapassam a "perfeição" da boneca. Um dia um amigo viu uma desssas sem defeito na cara e disse-me: "aquela maquilhagem só se tira com picareta". Mas na verdade, os homens podem ser as maiores vítimas dos kilos de mquilhagem das mulheres, tento imaginar o que eles devem engolir, coitados...
Sabe-se lá se algum já morreu intoxicado? O Sebastião só não se lembrou porque ele também engorda...
Mas eu já sei!

Wikileaks Angola: China preocupa EUA

Os Estados Unidos relatam nas suas correspondências diplomáticas secretas, divulgadas pelo Wikileaks, aspectos pouco claros sobre as relações comerciais entre Angola e a China. Por exemplo, empréstimos de biliões de dolares cujos valores exactos não são publicados, o facto da China não comprar o petróleo angolano em mercados abertos, mas sim directamente de empresas exploradoras no terreno. A cerca deste tema a DW conversou com Orlando Castro, analista e jornalista angolano, que entre outras coisas, fala sobre a actuação dos Estados Unidos da América na sequência das relações comerciais com Angola...

 Nádia Issufo: Estarão os EUA demasiado preocupados com as boas relações que a Angola mantém com a  China?
Orlando Castro: Estão obviamente preocupados com a preponderância da China em Angola e em todo o continente africano, mas não deixam de ter alguma razão com essa preocupação. Desde logo porque todos nós sabemos os regimes politícos dos dois países, a China é uma ditadura e Angola não se pode dizer que é uma democracia. Angola aparece nos rankins internacionais como dos países mais corruptos do mundo e portanto estão criadas as condições para que os negócios e empréstimos não obedeçam aos  critérios seguidos no ocidente.

NI: Os documentos publicados pelo Wikileaks sobre os empréstimos chineses a Angola  indicam que não há uma especificação dos montantes,  embora falem em biliões de dolares. Sob o ponto de vista da transparência como interpreta este facto?    
OC: É obvio que não existe transparência porque Angola não é de facto uma democracia e não sendo uma democracia é facil negociar com ditaduras porque são regimes políticos onde a transparência não é considerado um valor importante para a vida em sociedade. Repare que no caso de Angola o clã José Eduardo dos Santos e mais meia duzia de amigos tem em seu poder quase 100% do produto interno de Angola  e portanto todos esses negócios, há uma parte considerada legal e que pode eventualmente, o que não acontece, ser escrutinada por alguém, mas há muito dinheiro que circula debaixo da mesa como é habitual dizer-se. E Angola presta-se a esse serviço exactamente porque são dois regimes muito semelhantes e que não olham a meios para atingirem fins, portanto não há transparência das contas públicas e de muitas outras coisas.

NI: É possível relacionar esta falta de transparência, estes dinheiros que se desconhecem os destinos, a esta decisão que o governo norte-americano tomou recentemente de fechar as contas dos serviços das embaixada angolana nos EUA?  
OC: É evidente que os EUA ao vedarem as contas de algumas embaixadas estão a dar um alerta a Angola de que o sistema político e o sistema de transparência deve ser feito de outra forma. E Angola, estava habituada durante muito tempo a ter luz verde para fazer tudo quanto bem entendia. É evidente que os EUA estão a reagir como uma forma de pressão porque estão a perder terreno. As empresas norte-americanas nos negócios que mantém com Angola, e veja-se o caso de exploração de petróleo em Cabinda, não seguem também modelos transparentes. Portanto os EUA estão a ter um mau perder, porque estão a ver o terreno a  fugir, mas também não são exemplo de exigência de transparência porque se o fossem há muito mais tempo que teriam pressionado Angola a ter um sistema de causa pública muito mais transparente.
Se quiser oiça a entrevista em:
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html
selecione a emissão da manhã do dia 14 de Dezembro

O que separa São Tomé e Príncipe de Cabo Verde?

Foi uma novidade para mim saber que os políticos de Cabo Verde fazem campanhas eleitorais em São Tomé e Príncipe. Surprendente mesmo foi saber que os candidatos estrangeiros podem ter espaço para fazer campanha num órgão de comunicação público local, nunca tinha visto antes. No próximo dia 6 de Fevereiro decorrem as legislativas em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe alberga grande parte da diáspora de CV no continente africano. Nos finais de Novembro o primeiro ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, foi a São Tomé e Príncipe, supostamente, em visita oficial, lá tera falado a imprensa sobre a diáspora cabo-verdeana e sobre as legislativas, onde ele vai concorrer. Uns dias depois o ex-primeiro ministro de Cabo Verde, Carlos Veiga, foi também a São Tomé fazer campanha eleitoral, como dizem alguns. Quando entrevistei a jornalista e apresentadora do programa "Em directo" da TVS, pedi-lhe primeiro que me contasse como o seu programa foi interrompido e sobre a sua não renovação do contracto com a televisão de São Tomé, TVS, por ordem do governo, São de Deus Lima respondeu antes: " São Tomé e Principe é um dos focos mais cobiçados do círculo de África nas eleições cabo verdeanas e na terça-feira dia 30 de Novembro chegou a São Tomé o dr carlos veiga, ex-primeiro ministro de Cabo Verde, lider do MPD e candidato a chefia das eleições de 6 de Fevereiro e fez saber a TVS da intenção de exercer o que consideravam ser o seu direito de resposta, a uma entrevista dada pelo dr José Maria Neves durante a sua visita a São Tomé na dupla qualidade de primeiro ministro e lider do PAICV. A questão foi colocada ao coordenador da TVS  que deu o seu total aval ..." 

Compadrio Político?
Se realmente José Maria Neves usou a televisão pública são-tomense para angariar votos, alguma coisa não está muito certa. Por isso eu penso que a TVS, onde o governo decide directamente sobre os seus conteúdos e demissões (está visto com a demissão da jornalista da TVS), não está a ser independente, e nem está a exercer covenientemente a sua função.
Segundo, se o candidato José Maria Neves teve a oportunidade de gozar da palavra na TVS apenas na qualidade de primeiro ministro de Cabo Verde, então não há nada a apontar a ninguém. Mas se a gozou na qualidade de candidato as legislativas, então o governo de São Tomé, através da TVS, está a mostrar que as relações com PAICV, ou Neves, são na base do compadrio, o que é vergonhoso. Pior ainda depois de ver o governo de Patrice Trovoada intervir directamente na TVS proibindo o "exercício de resposta" de Carlos Veiga, pode-se entender com isso que há mesmo um previlégio nas relações de Trovoada com Neves. Ou então que nalguns momentos o governo sabe "respeitar" um órgão de comunicação.
Terceiro, é no minimo estranho ou "volumoso" o espaço de antena que se iria dar ao candidato Carlos Veiga na TVS, de uma hora e meia??. Também não me parece haver imparcialidade aqui. Mais estranho é ver como a TVS  e a jornalista São de Deus Lima, tratam questões eleitorais de Cabo Verde, isto se considerarmos que um é primeiro ministro e outro é candidato...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

São de Deus Lima demitida por um grande que não é Deus, mas é azedo como a Lima...

Na última semana, o governo de São Tomé e Príncipe mandou cancelar, em cima da hora, uma entrevista com o ex-primeiro ministro de Cabo Verde, Carlos Veiga, na televisão pública. Em seguida, demitiu a jornalista e apresentadora do programa que o tinha convidado. Em entrevista à Deutsche Welle, São de Deus Lima, a jornalista demitida, contou que o director do canal, Oscar Medeiros, disse que apenas  cumpriu ordens. Importa salientar que este arquipélago é um dos círculos eleitorais mais cobiçados de Cabo Verde, país que realiza eleições em Fevereiro próximo, e que São Tomé é palco também de campanha eleitoral. São de Deus Lima conta na primeira pessoa, como foi demitida...






São de Deus Lima: Eu que sou a apresentadora e coordenadora do programa "Em Directo" fui informada pelo coordenador da televisão de São Tomé, Oscar Medeiros, que por ordem do governo a entrevista não ia ter lugar. Na quinta-feira, após a partida de Carlos Veiga, escrevi um artigo no jornal online "T ela Non" intitulado "A entrevista que Carlos Veiga não deu" e descrevi o que tinha acontecido, e no dia seguinte a saida do jornal "Tela Non"  sou chamada ao gabinete do coordenador da televisão e correspondente da RTP África,  para me ser comunicado que por ordem do governo da República Democrática de São Tomé e Princípe o meu contrato com a televisão sãotomense, que vigorará até 31 de Dezembro, não iria ser renovado e perguntei ao senhor director se conhecia a razão dessa ordem e ele disse que não. Achei muito estranho e extraordinário que o governo da República me desse a insólita honra de me comunicar a mim que não sou ministra, não sou secretária de Estado, não sou directora e não exerco sequer qualquer cargo de chefia na televisão, sou apenas apresentadora  e coordenadora do programa "Em Directo", que o governo, dizia eu,  tivesse essa inusitada honra de me fazer saber que o meu contrato não iria ser renovado.

NI:O que a senhora acha do facto do senhor Oscar Medeiros não ter nada a dizer sobre a sua demissão, ou não renovação do contrato,  e assumir que esta é uma decisão do governo abertamente?
SDL: Acho que seria muito especulativo por-me a conjecturar sobre as razões que o levarão a não ter, ou a dizer que não tem uma opinião sobre isso e a limitar-se a ser porta-voz do governo. Sobretudo porque não se coaduna muito bem com o que se espera de alguém que é correspondente simultaneamnte de uma rádio internacional que tem como filosofia proclamada  a cobertura imparcial dos factos que acontecem nos países que cobre.

NI: Considera, por causa do que lhe aconteceu, que em STP está a haver um alimitação da liberdade de imprensa?
SDL: Eu acho que cabe as pessoas que estão na posse dos dados referentes as esta situação fazerem o juizo e chegarem a uma conclusão.

NI:Em São Tomé existe um sindicato de jornalistas. Este organismo já tomou alguma posição?
SDL:Não tenho conhecimento de uma tomada de posição pública do sindicato de jornalista, o que lhe posso dizer é que tenho recebido manifestações de solidariedade de todo o mundo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sujos de pó?

Não somos capazes de comentar e avaliar o que vemos em voz alta, e por isso os mais educados dizem que os moçambicanos são "pacificos", e eu digo que são "passivos" muitas vezes... Durante a última decada os moçambicanos viam e falavam em surdina sobre a proximidade do ex-presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, e do actual presidente, Armando Guebuza, a família de Mohamad Bachir Selemane, o individuo que este ano passou a fazer parte da lista dos barões da droga do governo dos Estados Unidos da América. Casamento de filho do senhor Bashir Sulemane, inauguração de mesquita construida com o dinheiro do senhor Sulemane, pagamentos de quantias exorbitantes em leilões de angariação de fundos para as campanhas eleitorais da Frelimo, etc... Esses importantes dirigentes estiveram lá e foram figuras de destaque e com direito a reportagens. Mas nessa altura também ninguém falou alto...
Foi preciso o senhor Julian Assange, através do seu Wikileaks, divulgar o que já não é mais novidade para os moçambicanos. E ai nós agimos como se fosse a primeira vez a ouvirmos... Ou seja, uma facto que só passou a categoria de escandalo porque se tornou público  "oficialmente", e porque é a opinião de uma suposta "autoridadade" mundial, os Estados Unidos da América.
Se não fosse demasiado ofensivo diria até que somos cobardes e oportunistas!

O silêncio do Presidente
Desde que se tornou público o caso, o presidente do país está na sua conhecida redoma de silêncio. Mais uma vez deixa os que nele votaram no vacuo. E agora os "pacificos" já deram a corda a língua e a media também...

Imprensa Comprometida e Desinformadora
Leio um artigo do jornal " O País" com o seguinte titulo: "Wikileaks implica altas figuras de Estado nas drogas mas não mostra evidências". A minha interpretação foi a seguinte: o autor desconhece o assunto e nem sabe bem qual é a sua profissão ou o artigo foi assim escrito intencionalmente.
Já explico.O Wikileaks, que é apenas um site de divulgação de informações secretas, não faz mais do que isso, divulgar! Portanto, não pode implicar ninguém em nada. O máximo que se pode fazer é desconfiar da veracidade dos factos divulgados pelo site. O que no caso está descartado uma vez que os EUA não negaram nada e até já mantem contactos com os governos, para resolverem os assuntos, já que eles não falam em nenhum momento em pedir desculpas... Outra coisa, como pode esperar um jornalista, que um site, que não é o serviço de inteligência e nem de investigação, também não é uma agência de dectetives, apresente provas? Esse jornalista talvez está a tentar fazer das pessoas como ele, providas de inteligência, de atrasados mentais. E porque será?
Um jornal privado como "O País", considerado descompometido e imparcial, que traz o "diferencial" em relação aos outros, tidos como menos independentes, parece que conseguiu mostrar uma faceta nova.
Alguns amigos jornalistas em Maputo contam-me que um jornalista sénior do grupo de media SOICO, do qual o "O País" faz parte, foi ao principal programa informativo da STV, também do grupo SOICO, comentar o assunto, tomando "partido" dos implicados ao dizer que não existem provas que altos dirigentes moçambicanos estejam ligados aos narcotraficantes. Só não sei se ele assumiu que essa era a sua opinião como jornalista, ou se era uma posição editorial da empresa para a qual trabalha. Também posso pensar que foi o porta voz não oficial de quem está supostamente envolvido no caso e não quer dar a cara...

Cadê a prova da prova?
Assim também tenho o direito de perguntar: Que provas tem esse jornalista de que o governo americano não tem provas da ligação de altos dirigentes com os narcotraficantes?
Mais feio foi ler outro artigo do "O País" em que o tal jornalista sénior especula sobre as provas do encarregados de negócios dos EUA em Moçambique dizendo:
"Na verdade, no grosso dos documentos, Todd Chapman baseou-se nas conversas de bastidores, que toda a gente trava, nos copos, sem a mínima preocupação de aprofundar os factos levantados."
Quem será mais suspeito, os EUA ou o jornalista em causa, ou o a editorial do grupo SOICO? 

Investigação, cadê você?
Desde que em Junho os EUA incluiram o senhor Bashir Sulemane na listas dos barões da Droga o que fez o país? A nossa polícia investigou algo sobre o sujeito em causa? Houve algum interesse? Na altura o ministro do interior do país, José Pacheco, disse que o senhor Bashir Sulemane tem ficha limpa. Hoje o assunto volta a tona com os nomes de altos dirigentes moçambicanos ligados ao narcotrafico, a cenário ficou mais feio. Mas mantem-se o silêncio...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Costa do Marfim no chocolate

O teu saboroso cacau
O mundo assume que quer
O teu gostoso cacau
Tem a fama que abre as tuas notícias de desgraça
Mas o teu gostoso cacau
Encobre o preto energético da desgaraça
Encobre até o que não se vê, mas que conforta lá em cima onde quem pensa que é Deus vive
Encobre o ouro que faz o brazão de onde também corre o sangue
E o mundo não deixa de gostar de chocolate!

EUA, França e as suas (ex)colónias africanas

Na crise política que a Costa do Marfim vive, para além das grandes organizações internacionais, dois países tem se destacado na pressão para que Alassane Ouattara seja o presidente do país, satisfazendo a vontade do povo que assim o escolheu em escrutínio. São eles a França e os Estados Unidos da América. O presidente francês, apelou a Laurent Gbabo para abandonar o poder. De acordo com a LUSA Nicolas Sarkozy disse à jornalistas durante uma visita que fazia a Índia, depois de ter falado ao telefone com Gbagbo, "Cabe-lhe escolher que papel quer ter na história. Ele deve entregar o poder ao Presidente que foi eleito".
Intriga-me muito a relação que a França mantém com as suas ex-colónias africanas, e principalmente o poder que este país ainda tem sobre elas. Caso semelhante já não se vê, por exemplo, com Portugal e as suas ex-colónias, por motivos que não são chamados para este contexto...
A França, que ocupou grande parte da África Ocidental, muitas vezes tem o seu nome associado as grandes crises políticas dessa região, a situações de golpes de Estado, alianças com grandes generais africanos por si treinados, etc. Para provar isso, existiu Bob Denard a mão da direita francesa em África para as soluções mais drásticas, ele era o mercenário da França. Saiba quem foi este homem em:
http://www.voanews.com/portuguese/news/a-38-2007-10-14-voa1-92233729.html
Po exemplo, na crise da Guiné Conacry de 2009 a França foi acusada de ter metido a mão na tentativa de assassinato de Dadis Camará, o golpista militar que acabou por se exilar "forçadamente" no Burkina Faso. E quem tomou as redeas do país foi o general Sekouba Konaté, militar treinado pelos americanos  que tem recebido todo o apoio dos EUA, na verdade tratado na "palminha" pelos "gringos", mas em contrapartida a "bandeira da democracia" defendida pelos americanos está a firmar-se na terra do bauxita. Aqui também a França e os EUA

Parceria França- EUA
Na "saga"  Wikileaks, algumas informações "jánãosecretas" mostram que a França é o alicerce dos Estados Unidos em África. Uma das informações divulgadas pela LUSA esta semana é a seguinte: "França/África -- Rémy Maréchaux, antigo conselheiro para a África do presidente Nicolas Sarkozy, considerou que algumas cláusulas secretas de acordos feitos nos anos 60 entre a França e as suas ex-colónias africanas
deviam ser revistas devido a disposições "absurdas" e "ridículas", de acordo com diversos telegramas da embaixada norte-americana em Paris. Um documento de 25 de janeiro deste ano considera que "a França é um dos maiores aliados (dos EUA) em África". 
E facilmente se entende porque os dois países da "liberdade" esforçam-se para dominar a África Ocidental, região riquíssima em recursos energéticos, cujo maior  consumidor mundial é os EUA. A região ocidental africana é um barril de pólvora por questões internas, motivadas também por interesses pelos recursos naturais. Por isso a França vai precisar sempre de um Bob Denard em África... Afinal alguém tem de sujar as mãos...

La Côte d'Ivoire dans le Chocolat

Ton savoureux cacao
Le monde suppose le vouloir
Ton délicieux cacao
Est fameux pour l'ouverture de tes nouvelles de disgrâce
Pourtant ton délicieux cacao
Recouvre le noir énergétique qui donne naissance à cette disgrâce
Recouvre même ce qu'on ne voit pas, mais conforte là-haut, où qui est Dieu pense vivre
Et couvre l'or dont est fait le blasonnement, d’où coule aussi le sang
Toutefois, le monde aime toujours les truffes, ces friandises chocolatées

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os EUA e as taras pelos prémios...

O novo trofeu que os Estados Unidos da América quer ter chama-se Julian Assange. Depois deste homem ter divulgado os "bastidores" da diplomacia norte-americana através do site "Wikileaks", agora a Procuradoria sueca lançou a epoca da "caça as bruxas", ao emitir um mandato de captura contra o australiano. Assange é acusado de crimes de "violação, agressão sexual e coação" cometidos contra duas mulheres. O advogado de Assange, Mark Stephens, acredita que estão por detrás deste mandato motivações políticas, facto negado pela procuradora sueca responsável pelo caso, Marianne Ny.
E para não quebrar a regra, sempre que alguém põe a descoberto alguma fragilidade do governo norte-americano, é procurado vivo ou morto. Provavelmente uma maneira de sairem "por cima" dos problemas e encobrirem as suas falhas. Caso semelhante aconteceu com Victor Bout, que agora está nas mãos dos EUA.
Mas como  se não bastasse tem a capacidade de encontrar vantagens no meio da confusão, e lá fazem a sua auto-promoção. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que
"além do escândalo que provocou, a divulgação feita no "site" WikiLeaks permitiu mostrar a amplitude do trabalho de análise e de informação realizado pela diplomacia norte-americana.", segundo a LUSA. 
Enquanto ela apresentava este tipo de argumentos também o seu governo se esforçava para manter contacto com os inúmeros governos que tinham sido alvo das suas "avaliações".
E o preço da liberdade, largamente defendida pelos EUA e outros países, é alto. Agora Assange escondeu-se nalgum lugar, e todas as portas se fecham para ele. Ainda de acordo com a LUSA,
"A Postfinance, a entidade bancária dos Correios suíços, anunciou hoje, em comunicado, que cancelou a conta do fundador do 'site' WikiLeaks Julian Assange por "informações falsas" sobre o respetivo domicílio."
E os republicanos norte-americanos, que não são nada severos, exigem mesmo a pena de morte contra fonte do Wikileaks. Mais paa ler em:
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/840730-republicanos-pedem-pena-de-morte-para-provavel-fonte-do-wikileaks.shtml
Não haverá exagero no cerco ao homem?
Mesmo que tenha posto em causa a segurança dos Estados Unidos da América, e até do mundo, como se diz, ele só usou de um direito seu, a liberdade.
Será que chegou o momento de se limitar esta bem que os EUA tanto usam como exemplo?

Deus no céu e Deus na terra

Li hoje no "O País" on-line que o salário dos deputados moçambicanos vai engordar 12 mil meticais, "O subsídio de renda de casa, de acordo com o porta-voz da Comissão Permanente, Mateus Katupha, é um valor que deverá ser pago a cada deputado, a partir de 2011, como forma de garantir um alojamento condigno aos deputados, muitos dos quais não têm casa em Maputo, dependendo do aluguer de casas em situações, às vezes, não favoráveis e que atentam à sua dignidade. “Há colegas deputados que vivem em condições assustadoras”, considerou Katupha." Os detalhes para ler em:
http://www.opais.co.mz/index.php/politica/63-politica/11068-deputados-terao-mais-12-mil-meticais-nos-seus-salarios.html
Que vergonha a justificativa usada pelo senhor Mateus Katupha!! "Garantir alojamento condigno" e  coisas do genero. Lembra-se ele que a maioria dos moçambicanos quase nem teto tem? E que o salário mínimo, que não cobre metade das despesas de uma família, não corresponde sequer a um quarto deste aumento dos deputados?
Até quando nos vão fazer acreditar que os nossos governantes e os nossos mais altos representantes devem viver  "a grande"? E o resto, tem menos direitos que os deputados?
O mais assustador é que nós, o povo, só queremos um chefe que tenha regálias e possa evidenciar o seu status. Pois caso contrário, não é merecedor da nossa estima e respeito...
Não vou longe, ainda este ano li uma notíca no Jornal Noticias em que dizia que as pessoas de um povoado do norte do país exigia um carro e uma casa para o chefe, sendo que eles mesmos viviam em igual ou pior situação que o tal chefe. Portanto, o povo algumas vezes não se conforma em ter um dirigente igual a si... O chefe, tem de ser chefe.
Talvez por isso a palavra para designar chefe, é a mesma para designar Deus em muitos lugares de África...
Já tinha ouvido um estudioso explicar isso numa conferência em 1996, e hoje acredito porque...
Só para que tenha uma noção das condições de habitação em Moçambique leia um pouco em:
http://www.opais.co.mz/index.php/economia/38-economia/11066-70-das-casas-sem-condicoes-de-habitabilidade-em-mocambique.html
E porque todos temos memória curta, os governantes e povo, a crise que originou as manifestações de 2 de Setembro se esvanceu no ar... Ninguém se lembra mais que o momento é de contenção.
E viva os legítimos representantes dos moçambicanos!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Guiné Conacry: uma nova era?

Fecha-se a porta da crise na Guiné Conacry e abre-se outra na Costa do Marfim. O opositor mais antigo da Guiné é o primeiro presidente democraticamente eleito num país independente há 52 anos. Nesta sexta-feira a comissão eleitoral local anunciou oficialmente a vitória de Alpha Condé. Um homem que representa os malinkes, que não são a maioria étnica, são 35%, o que revoltou os peul, a maioria. Até ao anúncio dos resultados definitivos o país viveu confrontos étnicos, estranhamente depois do anúncio o calma não foi sacudida. Estará a porta bem fechada? Ou é tempo de reabastecimento de munição?

Costa do Marfim: uma parte para Gbagbo, outra para Ouattara

Depois das eleições presidenciais de domingo na Costa do Marfim, a comissão eleitoral local anunciou na última quinta-feira a vitória do candidato Alassane Ouattara, mas o Conselho Constitucional deu vitória ao presidente Laurent Gbagbo. Este último tomou posse hoje e o seu rival tomou posse também num hotel do país. Gbagbo tem as forças armadas nas mãos que controlam o sul, cujas fronteiras foram fechadas, e Ouattara tem o apoio das forças novas que controlam o norte, cujas fronteiras estão abertas.
A tensão está instalada no país, já se sente novamente o cheiro da guerra civil. Gbagbo caminha para o isolamento porque a comunidade internacional discorda do seu açambarcamento do poder, e nem as grandes organizações africanas estão do seu lado. E lembrando que as fronteiras do norte estão abertas, portanto tudo pode entrar por ai, incluino armas e homens. 
Mais uma "tipica crise" da região Ocidental de África, onde as alianças militares são decisivas para a conquista e manutenção do poder. Isto quando não entra para o palco do conflito a questão étnica...
Tal como muitos países da África Ocidental a Costa do Marfim é rica em recursos minerais tais como o petróleo, gás natural e diamantes, para além do seu potencial agrícola. Ele é o maior produtor de cacau do mundo. E a instabilidade reina por isso lá.
 

Portador de excessos ou de carências?

Chamamos aos deficientes de portadores de deficiência fisica. Como contribuimos para a estigmatização deles sem consciência... Ao querermos falar sofisticado colocamos mais um peso na sua deficiência. Uma pessoa que não vê carrega consigo a cegueira, a que não ouve carrega a surdez, a que não tem uma perna carrega a "coxeza" e por ai em diante...
Ou então com o uso dessa terminologia posso pensar ao contrário? Que o deficiente carrega exactamente o que não tem; a visão, a audição, a perna, o braço...
Ou estou eu a ficar maluca?

Até quando vamos retroceder pensado que demos dois passos em frente?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

As Desigualidades e os "Sonhos Guerreiros"

Nádia Issufo: Porque está peça é tão multicultural?
Edith Koerber: Porque vivemos em Estugarda e aqui vivem pessoas de muitas culturas, de vários países e por causa da globalização estamos cada vez mais próximos uns dos outros, e é importante aprender com outras culturas.

Nádia Issufo:
Edith Koerber: Ela é a riqueza do ser humano, embora com a globalização as diferenças vão diminuindo cada vez mais, porque a globalização põe as pessoas em contacto umas com as outras. E o sistema capitalista também faz desaparecer as diferenças, e é importante que isto seja mostrado no teatro.

Nádia Issufo:
Edith Koerber: Há seis anos que me preocupo com o salário mínimo, uma coisa reivindicada pelos partidos aqui na Alemanha, e por isso achei interessante ver em África a aplicação do salário minímo, e aqui não se sabe dessa experiência. Grupos da Índia e Estados Unidos da América mandaram pessoas para África para colher experiências, mas aqui ninguém sabia. Acho que este projecto poderia dar um rosto mais humano a globalização. O salário mínimo deveria ser introduzido em todo o mundo e poderia devolver a dignidade humana.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Lucrécia Paco em "Sonhos Guerreiros"

Nádia Issufo: Conta-me por favor a história desta peça...
Lucrécia Paco: A  história retrata uma comunidada de Otchivero na Namíbia. Numa primeira fase fazemos uma síntese da ocupação alemã na Namíbia, desde os campos de concentração que marcaram a colonização alemã, passando pelo Apartheid e os seus aspectos negativos para os Herreros que tiveram de se refugiar e recomeçar a vida quando houve os conflitos entre os fazendeiros brancos e empregados negros e a necessidade de recomeçar a vida. E como estas comunidades não tinham recursos para refazer a vida há uma iniciativa de distribuir uma renda básica, Basic Income Grand, que consistia na distribuição de 100 dólares namibianos, o que equivale  a 10 Euros. Claro, para se contar uma história, não consideramos apenas os aspectos históricos, mas também as relações humanas. E a Paulina Chiziane, que co-escreveu a história, optou por trazer um casal misto e as complicações que podem advir de uma relação dessas. Porque a Maria abandona os luxos da fazenda ao apaixonar-se por um trabalhador do seu pai, e há um filho que nasce desta união. E com a peça pretende-se trazer a união entre os povos. E o titulo ".....", ou seja, "Sonhos Guerreiros" pretende dar uma mensagem de esperança, e do passado se tirar uma aprendizagem e pensar no e recuperar o bem



NI: A peça sobre a Namíbia foi escrita por uma moçambicana e por uma alemão. Como vês o facto?
LP: Eu penso que a arte ultrapassa as fronteiras. Temos uma moçambicana que para poder inspirar-se   teve de ir a Otchivero ver a realidade da comunidade e dai fazer uma história. E  penso que foi inteligente da parte dela falar da relação entre duas pessoas para contar uma realidade num mundo globalizado onde uns tem muito e cada vez mais e outros não tem nada e pensar como essa redistribuição de riqueza pode ser feita e como pode ajudar aos que não tem nada.

N: Como foi fazer uma peça multilingística?
LP: Não foi fácil, porque um dos grandes desafios foi interpretar na minha língua materna, o Rhonga, uma língua que conheço mas que não tenho falado com muita frequência, e ter o domínio de quem faça, e outra foi a dificuldade de ter uma tradução simultânea com a minha parceira que fala em alemão e muitas vezes sabemos qual o conteúdo mas quando não conhecemos a língua é difícil resolver um problema quando há falhas. Mas foi bom.

NI: Como foi estabelecer o diálogo entre vocês  mas cada um falando a sua língua?
LP: Foi muito bom, fora a dificuldade, foi a possibilidade e aprendizagem. E  há uma necessidade de escuta permanente e de solidariedade entre todos os que estão no palco a  contar esta história.



NI: No final o que foi mais importante no encontro de várias culturas e manifestações artísticas? 
LP: Foi afinal de contas ver que a mensagem conseguiu passar, o facto de falarmos diferentes línguas trouxe outra dimensão a apreciação das melodias das diferentes línguas e as pessoas ficarem deslumbradas com isso. E perceber que a língua é um instrumentos estético, que para além de servir para a comunicação, o aspecto melódico que chega ao público tem algo que encanta.

NI: Vens várias vezes para Alemanha. Esta deve ser a tua peça mais diversificada em termos linguísticos. Tiveste a oportuniade de aprender mais coisas em alemão ou não?  
LP:  Tive sim, uma coisa é não saber falar, e outra é saber interpretar e reconhecer na expressão dos meus colegas a música que esta língua tem. E pensamos que o alemão é uma língua agressiva, mas não, também tem a sua graça.

Para saber mais sobre esta peça teatral vá para o seguinte endereço: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6275854,00.html
Selecione o audio da emissão da manhã do dia 29 de Novembro