Foi uma novidade para mim saber que os políticos de Cabo Verde fazem campanhas eleitorais em São Tomé e Príncipe. Surprendente mesmo foi saber que os candidatos estrangeiros podem ter espaço para fazer campanha num órgão de comunicação público local, nunca tinha visto antes. No próximo dia 6 de Fevereiro decorrem as legislativas em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe alberga grande parte da diáspora de CV no continente africano. Nos finais de Novembro o primeiro ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, foi a São Tomé e Príncipe, supostamente, em visita oficial, lá tera falado a imprensa sobre a diáspora cabo-verdeana e sobre as legislativas, onde ele vai concorrer. Uns dias depois o ex-primeiro ministro de Cabo Verde, Carlos Veiga, foi também a São Tomé fazer campanha eleitoral, como dizem alguns. Quando entrevistei a jornalista e apresentadora do programa "Em directo" da TVS, pedi-lhe primeiro que me contasse como o seu programa foi interrompido e sobre a sua não renovação do contracto com a televisão de São Tomé, TVS, por ordem do governo, São de Deus Lima respondeu antes: " São Tomé e Principe é um dos focos mais cobiçados do círculo de África nas eleições cabo verdeanas e na terça-feira dia 30 de Novembro chegou a São Tomé o dr carlos veiga, ex-primeiro ministro de Cabo Verde, lider do MPD e candidato a chefia das eleições de 6 de Fevereiro e fez saber a TVS da intenção de exercer o que consideravam ser o seu direito de resposta, a uma entrevista dada pelo dr José Maria Neves durante a sua visita a São Tomé na dupla qualidade de primeiro ministro e lider do PAICV. A questão foi colocada ao coordenador da TVS que deu o seu total aval ..."
Compadrio Político?
Se realmente José Maria Neves usou a televisão pública são-tomense para angariar votos, alguma coisa não está muito certa. Por isso eu penso que a TVS, onde o governo decide directamente sobre os seus conteúdos e demissões (está visto com a demissão da jornalista da TVS), não está a ser independente, e nem está a exercer covenientemente a sua função.
Segundo, se o candidato José Maria Neves teve a oportunidade de gozar da palavra na TVS apenas na qualidade de primeiro ministro de Cabo Verde, então não há nada a apontar a ninguém. Mas se a gozou na qualidade de candidato as legislativas, então o governo de São Tomé, através da TVS, está a mostrar que as relações com PAICV, ou Neves, são na base do compadrio, o que é vergonhoso. Pior ainda depois de ver o governo de Patrice Trovoada intervir directamente na TVS proibindo o "exercício de resposta" de Carlos Veiga, pode-se entender com isso que há mesmo um previlégio nas relações de Trovoada com Neves. Ou então que nalguns momentos o governo sabe "respeitar" um órgão de comunicação.
Terceiro, é no minimo estranho ou "volumoso" o espaço de antena que se iria dar ao candidato Carlos Veiga na TVS, de uma hora e meia??. Também não me parece haver imparcialidade aqui. Mais estranho é ver como a TVS e a jornalista São de Deus Lima, tratam questões eleitorais de Cabo Verde, isto se considerarmos que um é primeiro ministro e outro é candidato...
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