quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Iveth e o seu cabelo crespo

Num jornal electrónico descobri hoje uma nova cantora de Moçambique, chama-se Iveth. O artigo referia-se principalmente a critica social que a cantora faz na sua música, do estilo rap. Fiquei curiosa e lá fui ao youtube a procura de sons. Ouvi a entrevista que a cantora deu a um canal televisivo local, e até certo ponto fiquei bem impressionada com o discurso que ficou fundamentalmente marcado, para mim, na questão do "contrato social". O que só atiçou mais ainda a minha curiosidade. Vi o segundo videoclipe de Iveth, cujo titulo da música é "Afro", é de se tirar o chapéu no que se refere a qualidade de imagem ou do vídeo, a beleza humana, a natureza etc, mas chegou...

O banho de água gelada sobre a minha curiosidade...
"...o cabelo crespo eu sou" e ela não é cabelo crespo, pelo menos no vídeo ela é cabelo bem liso e super comprido, como o dos brancos e amarelos, mas ela é bem preta, ai já não contraria o verso "pele escura eu sou". Não há a sintonia "ideal" entre a imagem da cantora, e a mensagem de exaltação da negritude, ou africanidade (o que é discutível...) da música.
Não duvido que realmente Iveth tenha orgulho de ser preta e africana, como também respeito os gostos dela e as suas tendências. Só acho que num vídeo que pretende exacerbar esse orgulho todo, exactamente a sua defensora faça, ou mostre precisamente o contrário com os seus "não" cabelos crespos...
Mais ainda, ela traz um lindo lenço na cabeça, que intencionalmente não foi usado para cobrir os cabelos lisos... Até parece que no caso vale a frase "faz o que eu digo e não o que eu faço"...

O meu oportunismo...
Na verdade acho que estava a espera de uma "Iveth" para escrever o que penso sobre os "empréstimos em demasia"...
A cada dia que passa vejo mais pretas a usarem cabelos postiços que imitam exageradamente o cabelo dos brancos, o que eu acho preocupante... Com um comprimento excessivo e irreal demais para nós as pretas. E quando é todo ele loiro, ou numa outra cor que não represente uma carecterística nossa numa proporção de pelo menos 50%, mesmo não sendo eu a "visada", sinto-me "comprometida" com "outro" e por isso envergonhada ...
Entretanto, já gosto de cabelo desfrizado, já usei assim e tenho vontade de repetir, e acho lindo ver os brancos, amarelos ou de outra cor, de mirabas ou rastas. Também gosto de postiços, mas sem exagero!
Os postiços exagerados me trazem vários pontos de interrogação quanto aos seus usuários, terão problemas de identidade, terão vergonha do que são, ou tem referências erradas? A ser considerada esta última hipótese, o assunto fica mais grave ainda... O que estamos a consumir ou o que estamos a deixar entrar livremente em nós? Até que ponto somos frágeis e manipuláveis?
Poderia falar até não poder mais sobre os "apêndices artificiais" indispensáveis as mulheres de hoje, como por exemplo as unhas de gel, seios e rabo de silicone, excessiva maquilhagem, etc. Cada um sabe de si, mas não vou deixar de dizer que quando há muita concentração de artifícios perde-se o "defeito natural", e vence a "perfeição" que só pertence a Deus ou então a media que a sabe explorar muito bem... Mas é melhor ficar por aqui...

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