Alassane Ouattara, o candidato reconhecido pela comunidade internacional como o presidente legitimo da Costa do Marfim, enviou um embaixador as Nações Unidas que alertou ontem para a eminência de um genocídio. De acordo com a LUSA Yussuf Bamba, reconhecido no último dia 23 pela Assembléia Geral
da ONU como o representante do país junto da organização internacional, disse: "Estamos a dois dedos de um genocídio. É preciso fazer alguma coisa".
Desconfio deste discurso por dois motivos:
Primeiro porque a ONUCI, as forças de segurança da ONU no país, disse um dia depois do pronunciamento de Bamba, que o país registou uma grande redução da violência. De acordo com a ONU, na semana passada foram registadas apenas seis mortes, enquanto que na semana anterior foram contabilizadas 173 vítimas
mortais. É verdade que a situação é tensa e espera-se o pior, para além de que as negociações para o fim da crise mostram-se infrutíferas. Mas convenhamos que afirmações muito opostas ao mesmo tempo sobre o mesmo assunto são de deixar uma pulga atrás de qualquer orelha.
Segundo, penso que com esta "previsão" de genocídio de Bamba, ou Ouattara apoiado pela comunidade internacional, parece haver uma tendência de "encurralar" o ainda presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, ao máximo, e o máximo que a comunidade internacional pode fazer, quando já não há mais respeito pelos direitos humanos e nem democracia, é o TPI. Todos nós sabemos que as acusações são sempre "crime de guerra e contra a humanidade e/ou genocídio.
Muitos dos dirigentes africanos com uma lista de "feitos" caem nas mãos do Tribunal Penal Internacional. Como é o caso de Jean-Pierre Bemba, ex vice-presidente da RDC, do ex-presidente da Libéria Charles Taylor, ou então o TPI tenta a todo custo caçá-los, como o presidente do Sudão Omar Al Bashir. Entretanto, a União Africana tem rejeitado firmemente a actuação pouco equilibrada do TPI e rejeitou em Julho deste ano a abertura de uma delegação deste organismo em África. Ler mais em: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/go/uniao-africana--lideres-africanos-rejeitam-tribunal-penal-internacional
Logo, eu chego mesmo a pensar que a jogada da ala de Ouattara é mesmo forte ou suja. E também não nos esqueçamos que os apelos para o uso da violência têm sido feitos, em voz bem alta, pelos dirigentes apoiantes do homem da comunidade internacional, Alassane Ouatara.
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