quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Por ironia do destino

"Armas enviadas pela França para ajudar os rebeldes líbios na sua revolta contra o regime de Muammar Kadhafi ficaram na posse de tuaregues do Mali, que combateram ao lado do ex-líder líbio, noticia
a AFP."
Os rebeldes líbios acusam o presidente líbio de armar os touaregues no Mali para derrubar o governo de Bamako, e igualmente armar touaregues no Niger para desestabilizar o Niger. A ser verdade, neste momento Kadhafi não tem condições de armar ninguém,  e com esta má sorte da França o presidente líbio consegue duas coisas: ver os seus inimigos lixarem-se um pouco e os seus protegidos continuarem por meio de "mágica" os seus objectivos. Terá ele pacto com Deus ou com o diabo? De quelquer das formas é importante lembrar que os primeiros países africanos que reconheceram o Conselho Nacional de Transição foram os mais próximos de Kadhafi, alguns dos quais com relações tensas com o regime líbio, como a Nigéria. Recorde-se que Muammar Kadhafi sugeriu a divisão da Nigéria em duas partes, devido aos confrontos entre muçulmanos e cristão, uma proposta que lhe mereceu duras criticas. Portanto vizinhos com dores são muitos...

Eu sou no sentido daquilo que são os meus compatriotas...

“Neste momento a corporação está a trabalhar no sentido de localizar o suspeito que agora encontra -se em parte incerta." em vez de: "Neste momento estamos a trabalhar para encontrar o suspeito...". Se bem que tenho de concordar em certa medida com a primeira frase, porque muitas vezes a polícia localiza apenas, encontrar, muito pouco...
Ou então ouvir uma frase como esta: "Em relação aos resultados daquilo que foram as actividades de hoje..."  em vez de: "Em relação aos resultados das actividades de hoje..."
Ao ler estas frases tenho a certeza absoluta que foram proferidas por alguém da minha terra, geralmente um funcionário público ou um político, e mais recentemente alguns jornalistas. Pena que o uso comum de expressões pouco "resumitivas", tão vulgares e cansativas não seja o suficente para os colocar no mesmo saco, embora alguns sejam... Será uma tendência contagiante? Sinceramente, ao meio da frase já perdi o interesse no assunto. Querer fazer bonito demais, as vezes faz fazer feio.

Bem compreendo agora porque um colega brasileiro disse-me um dia: "Vocês não conseguem dizer as coisas de forma mais simples, uma frase que se escreve com quatro palavras voces usam seis." E todos os dias tenho a oportunidade de constatar isso em mim também.
Muito má esta perda de tempo e energia, ainda por cima porque lutamos diariamente para termos a vida mais facilitada. E sabemos que a língua é reflexo de uma sociedade, sendo assim dá para compreender, sob o ponto de vista linguístico, porque o Brasil dá passos gigantes em matéria de desenvolvimento. E nós outros continuamos ainda envidar esforços no sentido de...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Líbia

Se a permanência de Muammar Khadafi no poder dependesse de uma votação no continente africano, acredito que muitos votariam a favor. Tenho essa desconfiança pelas conversas que tenho com muitos africanos e pelas menasagens que oiço diariamente numa rádio internacional. Uma pena que nas horas de verdadeira crise a democracia não seja chamada... Isso acontece não só por gratidão, uma vez que o presidente líbio ajudou muitos países africanos, mas também pelo sentimento de humilhação e impotência por ver as grandes potencias mundiais invadirem um país africano sem que os outros vizinhos possam fazer algo.
A chamada comunidade internacional, que se aproveitou da crise do país, agora começa penetrar pelas brechas que também ajuda a abrir. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Ahmet Davutoglu, reconheceu o Conselho Nacional de Transição, CNT, como representante legítimo do povo líbio, e que se lixem as eleições, e foi ao seu bastião no principio deste mês, levar-lhe uma mala com 100 milhões de dolares. Juro que quando ouvi isso viagei para um filme ordinário sobre a máfia italiana! Istambul já até identificou sectores na Líbia onde pretende fazer negócios ultra lucrativos.
O anormal do presidente francês já mandou chamar os seus "putos", o CNT, para um encontro. Alias, a chacina e destruição na Líbia foram engendradas principalmente por Nicolas Sarkozy, que agora "cospe no prato que comeu", afinal ele sabe que pode comer mais ainda com o fim do regime de Kadhafi.
O grande especialista em invasões, destruições e alguma matança indescriminada desta vez surprendeu um "pouco" pela positiva, se é que isso se pode dizer. Os EUA quase estão invisiveis e mais cautelosos, embora em termos de mentalidade continue a ser igual a quase todos os países do Ocidente, Barack Obama lá vai dizendo aquelas coisas repetitivas.
Também através destas brechas penetram na Líbia os "ajudadores" ou "salvadores da Pátria". Acho que alguns países sofrem de uma espécie de megalomania: "se não fosse eu..."
A Alemanha, os EUA vão usar como garantia dinheiros líbios para "ajudar" na recosntrução do país.

CNT nunca corta a meta
Desde domingo que os rebeldes informam que tomaram grande parte da capital líbia, e até hoje não conseguem o pouco que falta. A informação sobre o controle da outra parte a media já não fala mais.
O CNT também informou que tinha prendido o filho do presidente líbio, uma grande mentira. O filho de Khadafi foi ao hotel da sua família mostrar ao mundo através da media, que estava em pé. Também não nos esqueçamos que sempre informavam que tinham tomado cidades estratégicas, quando não era verdade. Um conjunto de mentiras!
Agora desencadearam a caça ao homem. Onde está Muammar Kadhafi? Enquanto não o encontram, os líbios são mortos e o país destruido, para que os "ajudadores" se sintam mais importantes. E a comunidade internacional, que lá entrou em nome da defesa dos pobres líbios, chacina e destrói. Hoje o exército británico atacou um quartel general em Sirte, terra natal do presidente líbio. Não nos esqueçamos que os rebeldes só conseguiram chegar onde estão porque a comunidade internacional abriu caminho para eles, com a sua NATO sem legitimidade. E viva os interesses do povo líbio...

União Africana, a invisivel
A comunidade internacional simplesmente atropelou a maior organização africana, desta vez não houve fingimentos nem subtilezas, ignoraram a União Africana. Mal sabem eles que o seu maior inimigo nesta "caça ao bruxo" pode ser o continente abastecido por Kadhafi. Países de relação díficil com o Ocidente, ou que não seguem as suas imposições são os que mais se tem manifestado a favor do líder líbio: Zimbabue, Angola, Moçambique e talvez a África do Sul, entre outros. A SABC da África do Sul noticiou esta semana que Angola ofereceu axílo político a Kadhafi, o Zimbabué, entre outras coisas, já ameaçou expulsar o embaixador líbio de Harare por estar a ajudar os rebeldes. O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, disse em Maio último: “Dissociamo-nos completamente de todos os actos que têm estado a acontecer, para além da letra da resolução relativa à exclusão aérea. Agora são ataques para destruir a base de infra-estruturas da força aérea e com outros objectivos militares”, e mais recentemente sobre a caça a Kadhafi ele disse: “já era previsível” com a intervenção da NATO no país, feita “ao arrepio das regras internacionais”.
Pelas reacções destes quatro países, dá para deduzir que a cimeira dos estadistas da SADC, que aconteceu em Luanda há poucas semanas, foi decisiva em relação a Líbia. Como se diz "o segredo é a alma do negócio" e já me dizia o investigador do ISRI em Maputo, António Gaspar: "Não penses que a SADC quando se reúne não puxa as orelhas aos seus membros por mau comportamento, apenas não mostra ao mundo." A sabedoria africana não fica refém apenas das querelas domésticas familiares, ela alastra-se as COMUNIDADES...
Hoje a União Africana esteve reunida em Adis Abeba, na Etiopia, mas não houve resultados. O encontro foi marcado por divergências entre os membros relativamente ao reconhecimento político das partes líbias.
Enquanto uns reconhecem o CNT, o órgão político da rebelião líbia, outros fazem um finca pé, como Jacob Zuma e Yoweri Museveni. E dos que reconhecem o CNT nenhum pertence a SADC, por isso costumo dizer que das organizações regionais africanas a SADC é das mais coesas, pelo menos publicamente, o que lhe confere naturalmente maior credibilidade.





terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cabo Verde: Uma co-habitacao politica saudavel?

Pela primeira vez há co-habitação de dois partidos no poder em Cabo Verde com a vitória nas presidenciais deste domingo de Jorge Carlos Fonseca. Este candidatou-se como independente, embora tenha contado com o apoio da formação política MPD, da oposição. A liderar o governo está José Maria Neves, pelo PAICV, partido com grande historial de governação no país.A Deutsche Welle conversou com o analista político Ludgero Correia sobre esta nova era:

Nádia Issufo: É possível a co-habitação?
Ludgero Correia: Sim, é sempre possível a co-habitação. A Constituição define claramente quais são os poderes do presidente e quais são os poderes do governo. Desde que o governo cumpra com as suas obrigações, siga o que está estipulado, há uma convivência que não tem necessidade de chegar a crises de espécie nenhuma.

NI: Quais são as masi válias desta co-habitação para o pais?
LC: Nós temos lidado aqui em Cabo Verde com questões que mexem muito com o desenvolvimento do país e acabam por ter implicações sérias nos domínios do desemprego e na qualidade de vida dos cidadãos e que por algum motivo não mereceram a devida prioridade. Repare que o presidente da República vai ter que ter aqui, em nome dos cidadãos sem voz, e mesmo para ajudar o governo, ajudar a definir quais são os altos designíos nacionais, quais são as grandes prioridades e ajudar a estabelece-las. Não vai interferir com o programa de governação, mas terá uma palavra a dizer em matéria de prioridades.

NI: E o que se pode esperar em termos políticos desta situação nova em Cabo Verde?
LC: Eu acho que o primeiro ministro por mais que seja um cidadão muito voluntarioso, mas sabendo que tem um presidente atento, como Jorge Fonseca se define, ele também estará atento, não tomará qualquer medida que choque com a Constituição e estará atento as necesidades do país. E eu espero que  encontre no presidente da República uma certa cooperação institucional estratégica que o país precise.


NI: Em relação ao eleitorado, esta mudança de tendência signfica alguma coisa?
LC: Este eleitorado é de luxo, sabe o que quer e sabe o que está em causa em cada eleição. A 6 de Fevereiro deu uma maioria absoluta clara ao PAICV e agora nas presidenciais não hesitou em dar a vitória a um candidato que foi apoiado pelo partido derrotado em Fevereiro e que lutou contra o candidato oficial do partido que ganhou aquelas eleições. E desta vez deu o brado de Obama "Yes we can" e não confunde umas eleições com as outras.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Os cifrões camaleão e manobras de prevenção?

O governo alemão anunciou hoje que vai ajudar a Líbia em acções humanitárias e na sua reconstrução pós-guerra, concedendo um crédito de 100 milhões de euros, mas a "ajuda" está coberta pelo dinheiro congelado da Líbia na Alemanha. Uma pouca vergonha da Alemanha em qualificar este acto como ajuda, sendo que o dinheiro pertence a Líbia, e maior porquice em informar ao público que a mesma se chama ajuda. Ajuda sim, é apenas o que eles prometem fazer nos sectores da justiça, instituições políticas, imprensa e processos eleitorais. Não sei exctamente ainda se o dinheiro pertecen ao presidente Líbio, Mouammar Kadhafi, ou aos seus familiares, ou ainda se peretence ao Estado líbio.
De qualquer das formas é mais do que justo que o dinheiro volte aos seus e os benefecie. Agora, mesmo é porco, e continuará a ser, ver os países ocidentais irem lá destruir, depois se pavonearem com as suas "ajudas", que na verdade não são mais do que sua obrigação pelos estragos que fizeram, a NATO arrasou com a Líbia e com os seus habitantes.
Olhando para este "apoderamento" dos dinheiros, duvidosos, de líderes africanos no Ocidente por parte da "comunidade internacional" muito há ainda por se dizer; se não acontecem casos justos como este da Alemanha, noutros casos são os proprios países do Ocidente onde este dinheiro é guardado que se beneficiam. Ou então os bancos, os suiços então...
E parece que alguns dirigentes africanos já estão a ficar preocupados com os seus investimentos, propriedades no exterior. O presidente de Angola terá vendido uma mansão sua na cidade de Nice por um milhão meio de euros. Mais para ler sobre este assunto em: 
http://club-k.net/bastidores/8511-casa-de-jes-em-franca-vendida-a-um-milhao-de-euros
Não nos equeçamos que o presidente que mais tempo permaneceu no poder em África foi Muammar Kadhafi, e este era considerado "inquedável", na lista "haraldite na cadeira do poder", depois deste está José Eduardo dos Santos. E em Angola cresce a insatisfação em relação a desigualdade social e situação política, tal como cresce a repressão das autoridades contra as tentativas de manifestação popular e contra a imprensa. Será o presidente angolano o próximo da lista?   



sábado, 20 de agosto de 2011

Onde está a comunidade internacional para a comunidade internacional?

-Nao existe.
-Quem controla e critica processos eleitorais no Ocidente?
-Ninguém.
-Quem controla e critica tráfico de influencias no Ocidente?
-Ninguém.
-Quem controla e critica repressoes violentas da polícia no Ocidente?
-Ninguém.
Essas sao apenas algumas perguntas, porque poderia enumerar outras dezenas. Agora na Espanha, por exemplo, a polícia está reprender violentamente os descontentes com os gastos feitos pelo governo com a visita do Papa Bento XVI, eles querem melhor uso do dinheiro público. Os jornalistas também nao escapam a mao pesada das forcas da lei e ordem, e as mulheres também tem merecido carinhos "a alta velocidade". Algum país "amigo" se pronunciou ou criticou? Na Alemanha quando foi da manifestacao contra a construcao da estacao central de Estugarda  no ano passado a policia cegou alguns descontes, as imagens, garanto-vos, sao tao chocantes quanto as dos feridos de uma guerra qualquer em África. E alguém disse alguma coisa?
Ora, os terceiro-mundistas continuam a ser controlados, vigiados e criticados, algumas vezes com razao, mas sempre com uma atitude paternalista: "facam o que eu digo e nao o que eu faco"

E como essa postura está a ser perpetuada?

Com a ajuda da media, que é considerado o quarto poder. Esta evidencia que os seus caminhos sao sempre determinados por outros poderes, a imparcialidade que habita na sua boca é uma falácia. Aqui o sistema e os seus elementos estao tao bem definidos que quem nela entra só tem de seguir a corrente, para o meu desepero. Burra que sou nao me canso de me surprender com alguns jornalistas que acham que tem grandes experiencias e sabem tudo, mas que nao passam de reprodutores do que os outros jornalistas, quase sempre viciados, dizem. Está escrito nalgum jornal famoso, entao é verdade. Nunca tiveram a capacidade de visao, elemento primeiro para se ser jornalista. Outra coisa: só dao voz a quem tem poder, numa atitude de servelismo. Aos outros, que cometem muitos erros, nao lhes é dado se quer a oportunidade de opinar e criticar aos outros que nao erram menos.
A minha colega foi a uma conferencia de imprensa e no final viu as famosas agencias de informacao a combinarem o que iam dizer ao mundo. Existe fraude maior do que essa? E é com base nessas agencias que o resto trabalha. Um objecto sempre pode ser visto de diferentes angulos. E o pior de tudo é que fazem crer ao mundo, atraves de lavagem cerebral com "programas educativos" aos subdesenvolvidos, que eles devem ser sempre a referencia, que sao a verdade única. Afinal nao há muitas verdades?
E alguns desses jornalistas de agencias e radios internacionais quando vao para os países do terceiro mundo, muitas vezes lugares de suas fantasias, já vao com cliches e ideias pré-concebidas e procuram apenas a confirmacao do que procuravam. E depois as suas experiencias sao os "brinquedos" novos que exibem aos seus amigos nalgum convivio quando regressam a casa, no estilo "eu tenho e tu nao". Estao sempre cegos. Eu como gente de terceiro, mundo fico triste, provavelmente como as pessoas do Ocidente ficam com as minhas ideias sobre o seu "mundo".
Sinto que estou a beira da frustracao...

Pão-pão, queijo-queijo...

Um jornalista angolano perguntou-me, "Vou para Moçambique em breve, achas que me deixam entrar lá?" E eu sem pensar muito respondi: "Só por seres angolano não te deviam deixar entrar, e vamos esquecer que és um profissional empenhado, cidaddão justo e honesto, etc. Isso não conta". Este é o segundo sentimento, porque depois da humilhação e falta de respeito, quase sempre sucede o desejo de vingança, mas como os moçambicanos são "diplomatas" por excelência, (e acho que só ficam a dever aos alemaes...), graças a Deus, isso fica só na intenção. Só que a vingança é um sentimento recorrente na nossa vida... e as vezes até com espaçamentos muito curtos! Li uma notícia ontem sobre o pronunciamento do ministro angolano dos negócios estrangeiros  Georges Chicoty, ele dizia o seguinte: "o repatriamento de jornalistas moçambicanos de Angola foi um pequeno incidente", ler mais em: http://www.opais.co.mz/index.php/sociedade/45-sociedade/16029-angola-diz-que-repatriamento-de-jornalistas-mocambicanos-foi-um-pequeno-incidente.html
Riscaram os vistos com caneta vermelha, como o "clássico" professor da escola primária que tem por objectivo traumatizar, estigmatizar, e fazer sentir o seu poder sobre o aluno, mostraram ainda que não tem intenções de se esquecerem de como se pega numa arma, para além da sua "falta de chá", como dizia alguém muito especial para mim. Os jornalistas moçambicanos foram acompanhados para o avião que os levou de Maputo para Luanda com armas apontadas contra si.
Ora bolas, se este governo não é arrogante, só pode ser no minímo doente. Já sabemos da fama de arrogantes que os angolanos tem, algumas vezes só lhes trás ganhos, mas muitas vezes eles extrapolam os limites do admíssivel e vão plantando "makas" pelo mundo! E o pior é que ninguém os pára... maldita riqueza! Ou melhor, maldita pobreza...
Agora vamos ver como os moçambicanos resolvem os seus "makas" com os kambas...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O quão barata és terra amada...

O jornal brasileiro "Folha de São Paulo" noticiou no último dia 14 que o governo moçambicano está a  oferecer 6 milhões de hectares de terra a agricultores brasileiros para que plantem soja, algodão e milho no norte do país. Segundo o jornal, "as terras são oferecidas em regime de concessão - os brasileiros  podem usá-las por 50 anos, renováveis por outros 50 mediante um imposto módico de 37,50 meticais por hectare por ano". A DW tentou falar com o Ministério da Agricultura em Moçambique sobre o caso, mas o Ministério ainda não quer falar. Assim, falamos com Carlos Serra Júnior da organização Justiça Ambiental sobre as possíveis consequências deste acto, se o governo moçambicano vier a confirmar realmente a sua veracidade....


Nádia Issufo: O que se pode dizer, que sobre as quantidade de terra, como pelo imposto de terra a ser pago?
Carlos Serra Júnior: Houve recentemente uma actuzalização das taxas do uso e aproveitamento de terras, contudo não tenhamos dúvidas em relação a isso, as nossas taxas são das mais baixas no mundo.Álias, esse é um dos factores para atracção do investimento que nós usamos. Em relação a primeira notícia não temos nenhuma informação por parte do nosso governo, mas isto vem no seguinte contexto: o mercado de produção de alimentos e outros recursos para a alimentação do gado, hoje tende a aumentar e procuram-se grandes extensões de terras em países emergentes como Moçambique, não só para as culturas referidas neste caso, mas também para o mercado de carbono, biocombustíveis é outro grande assunto da actualidade. Assim, a pressão sobre o nosso país é enorme, o que requer do Estado moçambicano um cuidado muito grande, e um respeito muito grande pelos princípios consagrados na Constituição e legislação moçambicana, particularmente na igualdade do acesso a terra. Nós não queremos que em Moçambique se verifique o fenómeno dos "sem terra", mas para lá caminharemos se não tivermos cuidado. As situações de açambarcamento de terras são mais frequentes. Também dizer que há muita terra disponível é um pouco falso, se tomarmos em conta que a nossa legislação prevê uma figura que é a aquisição do dirteito através da ocupação, e quem tem esses direitos tem de ser ressarcido e entrar no comboio do desenvolvimento.

NI: Segundo o mesmo jornal "Moçambique é o Mato Grosso no meio de África, com terras de graça, sem tanto impedimento ambiental e frete muito mais barato para a China, disse Carlos Augustin presidente da Associação de produtores de algodão do Mato Grosso. Qual é a interpretação que se pode fazer deste tipo de comentário?
CS: A ser verdade, e acreditamos que sim, é um comentário altamente perigoso e errado, e espero eu que não seja esse o perfil de investidor que venha para aqui tentar reproduzir uma situação neo-colonialista, que é isso que vai acontecer. Se temos uma legislação, ela protege os mais desfavorecidos e contém normas ambientais muito importantes. Não estamos interessados em ficar com a imagem de que temos terra a borla sem grandes reclamações, sem grandes preocupações com quem possa lá estar. Não nos esqueçamos que o Brasil tem um problema de terras, ainda tem muito trabalho a fazer no capitulo da reforma agrária, e achar que Moçambique é um paraiso nesse perfil de investidores é um risco muito grande para nós e não estamos interessados nisso.As comunidades tem direito a benefícios e a participar no desenvolvimento e elas tem, acima de tudo, de ser auscultadas. Se houver atribuição de tamanha área de terra sem respeitar o que está estatuido na lesgislação, no capitulo da consulta oública, nós estaremos a violar a legislação.

Nádia Issufo: A DW tenta há mais de dois dias falar com o Ministério da Agricultura, mas parece-me que quase nada sabem sobre este assunto e também não querem falar. Acha normal este desconhecimento?
CS: Tenho o sentimento de que a notícia apanhou todos de surpresa e quem fez este pronunciamento foi muito politicamente icorreto, foi muito infeliz. É provável que haja acordos entre os Esados moçambicano e brasileiro, que haja convites feitos a investidores brasileiros, álias, o convite já foi feito, e as tocas comerciais aumentam entre os dois países. O governo moçambicano leva tempo a ponderar e a procurar saber o que vai dizer a seguir, esperamos que façam o devido esclarecimento público sobre o que de facto se passou e o que se pretende. Devo salientar o seguinte, há também do lado governamental de gerir tantos pedidos de terra de áreas impressionantes.

NI: Até que ponto esta notícia faz uma má imagem de Moçambique?
CS: Eu não tenho dúvidas que a imagem é infeliz, mas creio que existem outros aspectos que possa contribuir para que a imagem não seja essa que se está a veicular. Moçambique tem um dos melhores quadros legais do mundo, que é objecto de referência e pesquisa internacionalmente. A lei de terras de 1997 resulta de um processo participativo sem história, foram largos anos para chegarmos



terça-feira, 16 de agosto de 2011

UNITA abandona sessão plenária do Parlamento em jeito de contestação

Em Angola os deputados da UNITA abandonaram nesta terça -feira a sessão plenária extraordinária do Parlamento como forma de contestar a aprovação do projecto de lei sobre o pacote legislativo eleitoral. O partido considera que há graves irregularidades. O líder do maior partido da oposição, Isaias Samakuva, já tinha ameçado na segunda-feira que isto iria acontecer se fosse violado o artigo 107 da Constituição. A DW falou com o porta-voz da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que nos contou mais sobre esta atitude.


Nádia Issufo: O que levou a UNITA a abandonar o Parlamento hoje?
Adalberto da Costa Jr: A UNITA participou na plenária e abandonou apenas no ato de votação do prejeto de lei sobre questões eleitorais porque este projeto contém grosseiras violações a Constituição. Por outro lado, esse projeto também no seu conteúdo abre caminho para  a fraude eleitoral. Como todos sabemos, Angola está a precisar de uma nova lei eleitoral adaptada a Constituição, e o nosso diferendo profundo com o MPLA resulta de uma total diminuição das competências da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). E nós entendemos, e a Constituição assim o diz, que ela tem de ser independente, mas que o MPLA retirou todas as competências e transferiu-as para o governo.

NI: E qual é a proposta da UNITA sobre a organização dos processos eleitorais e sobre as competências da CNE?
AC: A UNITA foi o segundo partido a levar a Assembléia Nacional o código eleitoral que tem propostas muito claras e exatamente adaptadas às propostas de um país democrático. É óbvio que nesta proposta a UNITA adaptou o seu conteúdo à nova Constituição que nesta matéria é muito clara, a CNE deve ser independente e deve ser a CNE  organizar e supervisionar as eleições. Ora, na proposta do MPLA, a organização é toda do governo: a logística,  os ficheiros eleitorais, as atas, tudo é controlado pelo governo, incluindo o centro de escrutínio. Num país como o nosso, onde a reforma das instituições não foi feita, e onde se exclui um órgão independente de avaliar, é como se as eleições fossem organizadas pelo próprio MPLA.

NI: E o que a UNITA espera com este gesto de abandonar o Parlamento?
AC: Se por um acaso em Angola existisse um referendo, eu não tenho dúvidas que a UNITA teria a opinião favorável dos angolanos sobre essa medida. As rádios que puseram em debate esta matéria, e esta manhã uma em Luanda auscultou a opinião pública e todos concordaram que não se devia participar numa farsa como essa. A UNITA fez o que devia fazer em consciência, a lei que o MPLA aprovou hoje com uma maioria que se obteve também nas últimas eleições de forma também não transparente, a UNITA não compactuou com essa violação a Constituição. E é estranho que esta Constituição, que maioritariamente contou com o MPLA na sua aprovação, talvez por distração os compatriotas do MPLA deixaram passar essa exigência da CNE.

NI: E para combater essas irregularidades que citou, o que a oposição e a sociedade civil devem fazer?
AC:  Os mecanismos diminuem, estão a restringir-se, porque de facto a Constituição prevê espaços de manifestação, mas o regime nega. Portanto, a sociedade teria formas de se manifestar de dois modos: pelo voto ou manifestações públicas, permitidas pela lei. Mas as manifestações são rejeitadas, atacadas todos os dias, e o voto está ameçado de manipulação.


Objectiva de todos os dias




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Caso Siba Siba Macuacua: justiça moçambicana sem credibilidade

Ainda sobre os dez anos da morte de Siba Siba Macuacua, a Deutsche Welle falou com o CIP, Centro de Integridade Pública. Tomás Selemane, desta instituição, deu o seu parecer sobre o desempenho da Justiça e do Executivo moçambicano. 

Nádia Issufo: 10 anos após a morte de Siba Siba Macuacua ainda não se conhecem os culpados. Acha que algum dia haverá um desfecho para o caso?
Tomás Selemane: Acho que sim, que haverá. É verdade que as expectativas de esperança começam a desmoronar-se a medida em que o tempo vai passando. Dez anos depois não há a miníma indicação de que haja interesse por parte do sector público, da parte da admnistração da justiça em esclarecer este caso. E se há essa intenção pelo menos não parece aos olhos do público, mas eu acho que um dia a justiça vai ser feita porque mesmo não havendo demonstração por parte da admnistração da justiça, do Tribunal Supremo, da Procuradoria  em esclarecer este caso, ainda há muita gente interessada em que este caso se venha a esclarecer.

NI: Qual é o posicionamento do CIP, como sociedade civil, neste caso?

TS: Nós estamos a acompanhar o caso desde o princípio, já escrevemos muito sobre esse caso. O nosso entendimneto é que não há interesse em que este caso seja esclarecido porque nada indica que esteja a ser impossível de esclarecer e encontrar os culpados e de se fazer justiça. Então, nós achamos que a sociedade no geral continua indignada, e a administração da justiça continua com uma má reputação, com uma imagem de que deixa as coisas acontecerem e de que está ao serviço do poder político. O que se sabe até agora é que Siba Siba Macuacua era um funcionário público do Banco Central, não era um economista qualquer, foi assassinado no desempenho das suas funções, e mesmo assim não há nada que tenha sido feito para que se encontrem os culpados e o que lhes vai acontecer, etc.

NI: Em relação ao poder político, este se mantem no silêncio?
TS: Não se mantém no silêncio, mas os pronuncimantos que tem feito, eu acho que são piores do que se as pessoas se calassem, porque são pronunciamentos  que dizem que se está a investigar, que se deve deixar a polícia fazer o seu trabalho, que em Moçambique ninguém está a cima da lei, aqueles discursos caducos que já conhecemos e que não nos levam a lado nenhum. Portanto, um pronunciamento, que na minha opinião, sabem o que aconteceu mas não querem fazer nada porque não lhes interessa fazer nada. Afinal em qualquer país quando o Executivo quer, e sobretudo neste país onde o Executivo é todo poderoso, manda no Legislativo, manda no Judicial, quando quer, as coisas acontecem.

NI: Face a esta inoperância da justiça moçambicana, o que se pode dizer ao seu respito e principalmente em relação a sua credibilidade?
TS: A credibilidade da justiça em Moçambique está muito a baixo dos minímos aceitáveis já há muito tempo. Eu acho que este caso é mais um que ajuda a baixar ainda mais uma credibilidade já muito em baixo, e não acho que haja alguém em Moçambique que considere a justiça com um minímo de credibilidade aceitável do que se esperaria de uma máquina da justiça. Sabemos que em Moçambique os casos que interesam são esclarecidos quando a justiça no seu todo e nas sua diferentes formas de actuação quando quer é muito eficiente, e sobretudo quando interessa ao regime político do dia é muito eficiente, e quando convém é completamnete inoperacional, durante dez anos como está a acontecer com Siba Siba Macuacua.



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A eterna espera da família de Siba Siba Macucua

Faz hoje, 11 de Agosto de 2011, 10 anos que o presidente do Conselho de Admnistração provisório do Banco Austral, indicado pelo Banco Central de Moçambique, foi atirado do vão das escadas do edifício onde trabalhava. O economista investigava o desvio de dinheiro do extinto Banco Austral. Moçambique aguarda pelo desfecho deste caso que ganha teias de aranha na justiça. A família, então, continua na eterna espera. Conversei com Aquina Macuacua, a viúva.


Na imagem a viúva de Carlos Cardoso a esquerda e a viúva de Siba Siba Macuacua a direita
Foto: Ismael Miquidade

Nádia Issufo: Como se sente 10 anos depois sem uma resposta sobre o assassinato do seu marido?
Aquina Macuacua: É bastante triste 10 anos sem o Siba Siba... é bastante triste, mas continuamos a guardar pela verdade.

NI: Como é para si explicar aos seus filhos esta ausência de resposta?
AM: Não é uma tarefa fácil para mim, quando eles perderam o pai eles tinham seis e oito anos. Na altura foi fácil dizer que o pai tinha sido vítima de um roubo, que alguém queria roubar o banco e empurrou o pai pelas escadas a abaixo. Mas eles foram crescendo, já sabem ler. O meu filho está com 18 anos e a minha filha tem 16 anos. Então, eu acho importante que a justiça nos dê uma explicação, porque o que aconteceu aos pai não cabe a mim explicar aos meus filhos, mas sim ao Estado moçambicano que nos deve uma explicação. E nós continuamos a aguardar.

NI: E o que a senhora acha da actuação da justiça em relação a este caso?
AM: A justiça tornou-se ineficaz até agora, e nos continuamos na expectativa e na esperança de um dia, talvez por um golpe de sorte, que alguém venha se confessar ou pelo menos informar o que sabe do que aconteceu ao meu marido.

NI: E tem esperança de que um dia seja feita a justiça?
AM: Acredito que sim, porque nenhum ser humano teria estrutura psiquica para guardar um segredo tão hediondo como esse. Eu acredito que algum dia alguém conte a verdade.

An-Nissã*








Em que pensam elas? Sozinhas, e sentadas na mesquita? Carregam algum fardo invisivel aos nossos olhos? Provavelemente tenham o mundo nas costas...
Fotografei-as no mesmo dia e em três mesquistas diferentes, em intervalos de tempo curtos.

*Significa mulheres em arabe. A todas elas deixo aqui uma parte do Suratu An-Nissã do Alcorão:
"Ó vós que credes! Não vos é lícito herdar as mulhres contra a vontade delas. E não as impecais de se casarem de novo, afim de que vos vades com algo que já lhes havíeis concedido, excepto se elas cometem evidente obscenidade. E convivei com elas convenientemente. E, se as odiais, pacientai: quiçá, odieis algo, em que Allah faz existir um bem abundante"

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Comitiva das boas-vindas

 Foto: Ismael Miquidade

Desembarquei no aeroporto de Frankfurt recentemente, por volta das 9 horas da manhã, cansadíssima de uma viagem de mais 11 horas e com uma escala pelo meio. Feliz por poder esticar as pernas, e respirar ar quase puro. Mas saio do avião e sou abordada por um polícia e pensei: "melhor recepção de boas vindas do que esta não poderia ter..." e fez as perguntas que todos conhecemos, embora simpático. Desci e entrei no autocarro de onde assisti ao controle, não de camarote... E todos os outros pretos que por ali passaram não escaparam ao interrogatório. Tal como eu, muitos outros passageiros assistiam a cena desagradavel. O clima no autocarro era constrangedor. Já em 2007, passei por uma cena semelhante na Suiça, e depois vi um preto ser levado pela polícia, sabe se lá Deus porque. Nesse mesmo dia nos balcões de fronteira vi vários pretos não atravessarem a porta para a ala das bagagens, mas sim serem levados pelas autoridades migratórias para algum lugar, os motivos deconheço...
Em 2009 conheci uma moçambicana num voo Maputo-Joanesburgo, ela viajava para a Alemanha, tal como eu. Era a sua primera viagem para a Europa, e eu de boa vontade dei o meu contributo no que podia nos tramites de viagem. Ao embarcarmos para Frankfurt, um sujeito branco não identificado e não uniformizado, que não estava exactamente ao lado do pessoal de controlo, pediu-me o passaporte e deixou-me passar tranquilamente. A minha companheira, "marinheira de primeira viagem" as perguntas foram iguais as da polícia para com um criminoso. Eu expliquei ao sujeito a situação da menina, mas ele não ficou satisfeito e prosseguiu com o interrogatório e eu segui o meu percurso. A menina sempre conseguiu viajar, mas a sua cara, coitada...
Estas cenas que relato são só algumas das que já vivi e presenciei. Os governos europeus devem estar a sentir saudades de Muammar Kadhafi, por uma coisa só: impedir que os africanos entrem para o seu território...
A humilhação dos estrangeiros, principalmente africanos, aumentam a cada dia. 



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Azagaia algemada

Em Maio deste ano conversei tranquilamente com o Azagaia num café de Maputo com vista para o mar. Uma conversa que desejava ter desde 2010, e só um ano mais tarde se tornou realidade. Já sabia o que queria perguntar, tanto é que preparei as perguntas enquanto esperava por ele e saboreava um delicioso sumo de tangerina natural supostamente feito na hora. Desejeva coloca-lo neste espaço, mas sempre a adiar a publicação dessa conversa por alguns motivos. Entretanto, um acontecimento precipitou a publicação, li em jornais moçambicanos que o rapper mais polémico do país foi detido por posse de canabis. Não posso escrever sobre o assunto porque o desconheço, vou esperar que o próprio o faça. Mas enquanto isso deixo que o Azagaia fale sobre algo maior, a sua causa:



Nádia Issufo: Quem é o Azagaia?
Azagaia: Azagaia é um outro eu, meu nome é Edson da Luz. Azagaia é a versão combativa do Edson, interventivo. É o Edson que não se cala perante as injustiças sociais, mas que acima de tudo acredita nos seus ideiais e faz tudo para mostrar isso. Então Azagaia é a capa que visto quando estou nesse combate.

NI: Ser uma arma de guerra é um grande risco...
A: É um grande risco porque a palavra guerra já diz que estamos sujeitos ou a viver, ou a morrer. E não se aplica apenas a parte fisíca, hoje posso ser aclamado e amanha detractado. Então é um risco constante.

NI: Como se costuma dizer, pões o dedo na ferida... Já alguma vez pagaste um preço alto por isso?
A: Já, e acredito que pago sempre, todos os dias. Quando fui ouvido na Procuradoria da República por causa da música "Povo no poder", foi o momento em que me senti mais ameaçado. Após a audição eu não sabia se seria preso, não estava a ser julgado, mas eram perguntas de averiguação, eles queriam saber se eu estava a cometer crimes contra a segurança do Estado e incitação a violência. Eu seria condenado caso eles achassem que  havia matéria. Foi um momento difícil, senti-me ameaçado, mas sempre acreditei que quem não deve não teme, e depois um dia as pessoas percebm quem tem razão ou não. Na verdade todos clamamos pela mudança, mas pouco fazemos por isso. O facto de aparecer alguém como eu que diz que temos que mudar não é uma ameaça ao governo, é também ao modo de vida dos moçambicanos, temos de mudar todos. É verdade que uns tem de dar o exmplo, mas ao fim do dia todos tem que se transformar.

NI: Tens a sensção que estás a lutar contra a maré?
A: Não, não sou. Eu estou a lutar de um lado que nunca é ouvido.O meu problema é estar do lado errado.

NI: Achas que há liberdade de imprensa em Moçambique?
A: Acho que África é um caso especial quando se trata de liberadde de expressão. Porque a liberdade de expreessão nunca foi uma característica dos povos africanos, sempre tivemos regimes autoritários, reis, etc, então o povo africano tem uma forma própria de se expressar, através da arte, música, dança e pouca vezes é estando em frente a um microfone ou então falar na rua. Mas  num sistema democrático e é um sistema que foi impingido, ninguém foi consultado. O sistema democrático preconiza a liberdade de expressão, ora nem por natureza os africanos tem direito de expressão, e nem os próprios governos deixam o povo ter essa liberdade. Em Moçambique a liberdade de expresssão é limitada. Eu posso dizer qua aqui a liberdade é maior que em Angola. Eu já estive lá e já pude perceber como é.