terça-feira, 30 de março de 2010

Passando a batata quente para outras mãos...

Depois de algumas grandes potencias terem tentado tomar conta da "situação" no Afeganistão chegou a hora de devolver o brinquedo aos donos. Ele não é de fácil manuseamento. Os chefes da diplomacia do G-8, que estiveram em Otava, no Canada,  a preparar a cimeira de chefes de Estado do grupo que acontece em Muskoka, Ontário, a 25 e 26 de Junho próximo, exigiram ao Presidente afegão, Hamid Karzai, mais empenho na luta contra o tráfico de drogas e a corrupção. E lista de exigências de algumas dssas potências, que foram para o Afeganistão combater a fonte do terrorismo, engorda a cada dia. A Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão, Reino Unido e a Rússia, solicitaram uma estratégia urgente para que as forças policiais e o exército afegãos assumam a segurança do país.
Já nos últimos tempos esses grandes países tem mostrado uma falta de vontade de enviar homens para o terreno dos Talibãs, e da Al-Qaeda. Entre os grandes há divergências, enquanto os EUA continuam a liderar a turma vestindo uma camisa que já é um farrapo, os seus apoiantes, quase agem como desertores. Motivos domésticos em alguns casos, noutros, outros... Será que há um assumir "implicito" de uma derrota nesta guerra? Ou mudança de estratégia?
No caso da Alemanha, país que considero fazer a política de "cima do muro", uns podem diplomaticamente chamar de cauteloso ou ponderado, acho mesmo que se comporta como um...
Nos finais do ano passado os seus rapazes bombarderam civis no Afeganistão. Sob o ponto de vista doméstico foi mau, porque o seu povo, na maioria, é contra actos desta natureza. Logo, é mau para o actual governo, que corre o risco de se ferrar em próximas corridas, e depois sofre forte pressão da oposição que não se limita a fazer acusações mas também a prova-las. Sendo assim, o país e os seus parceiros apressaram-se a marcar uma cimeira extra-ordinária para discutir a situação do Afeganistão em Janeiro último. E os alemães para tentarem tapar o "buraco" que fizeram impuseram a "reconstrução" do Afeganistão como um dos temas centrais do grande encontro. É a lavagem da consciência própria que já carrega um peso que tempo nenhum conseguira descarregar.
É preciso tapar o buraco, se não com vidas humanas, pode ser com dinheiro mesmo...
E não pude de deixar de ligar este assunto a frase do livro "Descascando a cebola" do escritor polaco/alemão Günter Grass: "Uma palavra puxa a outra, Schulden e Schuld, dívidas e culpas. Duas palavras tão próximas  uma da outra, tão firmemente enraizadas no solo fértil da língua alemã, apesar de se conseguir resolver a primeira, atenuando-a, através de pagamento..."  pp.33
Um tema que merece certamente ser visto através de outras "objectivas" mas...


Para ouvir uma peça sobre o encontro em:
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html  selecione a emissão da noite do dia 30 de Março

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