quinta-feira, 18 de março de 2010

Lucrecia Paco: Há uma banalização do sexo nas campanhas contra o Sida em Moçambique

Para além dos habituais técnicos de saúde, dirigentes políticos e ONGs, participam no III Congresso sobre o SIDA da CPLP, que decorre em Lisboa desde a última quarta-feira, artistas dos países lusofonos, numa iniciativa pouco comum. Mas qual o contributo que as vedetas da CPLP podem dar no combate a doença? Nádia Issufo conversou com Lucrécia Paco e Stewart Sukuma de Moçambique para saber o que levam para o encontro.

Nádia Issufo: O que levas para a III Congresso da CPLP sobre o SIDA?
Lucrecia Paco: Eu levo como proposta uma maior participação do governo na definição de políticas, estratégias de comunicação e divulgação sobre HIV-SIDA e que haja um maior controlo sobre a publicidade e marketing que se tem feito em volta disso. Tem havido uma violação dos direitos humanos sobre a pertença cultural. Por exemplo, é comum vermos uma discriminação de grupos sociais. Vou apontar o caso do mineiro, é verdade que o mineiro pertence a um grupo alvo, mas a partir do momento em que há esta relação directa mineiro e sida numa publicidade está a haver uma discriminação, isto falando da discriminação. No caso do marketing prende -se a caso de preservativos de distribuição grátis, é o caso jeito, então ai banaliza-se a sexualidade, é como se bastasse ter preservativo para ter uma relação, não há um cuidado, não há valorização do corpo da mulher. Então, a relação saudável entre homem e mulher vai ficando para trás, não há mensagem do amor, de valorização do corpo por parte da mulher e do próprio homem. Falo que faço, não dizemos não usa o preservativo, mas sim usa o preservativos mas aconselhamos também a um dialogo. Num casal, tu sabes que a mulher é acusada de ser frigida, não existe um dialogo, o homem parte e vai para fora.

NI: Tu como actriz como achas que é abordado o SIDA no mundo das artes em Moçambique?
LP: Há uma banalização do sexo. Eu como artista vou propor outra abordagem.
Nós temos praticas tradicionais que defendem o encesto, o kutxinga, hábitos culturais que logo a partida tem implicações e consequências graves na propagação do vírus. Abordamos o SIDA buscando aspectos positivos e negativos da cultura. Não nos restringimos a dizer “use o preservativo”, não olhamos para o assunto como SIDA igual à morte. Tem de haver mais intervenção, mais controle mais censura nos trabalhos que são feitos.

Pode ouvir uma peça sobre o assunto em: 
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html

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