terça-feira, 9 de março de 2010

PARPA: A "shopping list" do governo moçambicano para os doadores financiarem

 O PARPA, o Plano de Acção para a Reducção da Pobreza Absoluta, não passa de uma lista de compras apresentada pelo governo moçambicano aos doadores. Quem assim o diz é o economista moçambicano Lourenço Veniça que questiona mesmo a viabilidade do instrumento nos moldes em que foi concebido. Numa entrevista a Deutsche Welle, a Rádio Internacional da Alemanha, o economista falou mais sobre o principal instrumento do governo moçambicano de combate a pobreza, principalmente do PARPA II que expirou no último ano.



Nádia Issufo: Pode por favor fazer uma avaliação da implementação do PARPA II que iniciou em 2006 e terminou em 2009?
Lourenço Veniça: Assim como está desenhando não é mais do que uma lista de compras, aquilo que chamamos de shopping list, em que há uma série de actvidades apresentada pelos ministérios com uma grande componente de infraestrutura que são apresentadas aos doadores para financiar. Portanto, baseada não na capacidade do país, mas na disponibilidade de doações e sobretudo créditos que o sector externo tem em relação ao país.


NI: Então pode-se dizer que este é um instrumento flutuante?
LV: Exactamente por isso. Uma das grande conclusões de debates internos diz que por essa via não conseguimos sair da dependência. Andamos a fazer planos ambiciosos muitas vezes a depender de fundos externos ou doações de países e organizações ou de doadores não tradicionais como a China. Na minha opinião esta levanta uma questão metodológica fundamental, é se este PARPA, feito desta maneira, está ou não a servir objectivos. Pode-se chegar a conclusão de que  há muita coisa que está a ser feito, por exemplo em termos de infra-estruturas boa parte das estradas, o sector energetico estão a ser financiadas por doações externas, estão a ser realizadas, estão a surtir os efeitos desejados. Mas resta saber se isso contribui ou não para a redução da pobreza,  mas não acho que as coisas sejam assim.

Mais para ouvir em:  http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html selecionando a emissão da manhã do dia 9 de Março de 2010.

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