sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Intercalares em Inhamabane: Renamo entrega lugar ao MDM

No primeiro trimeste deste ano devem acontecer eleições intercalares no Município de Inhambane, na província com o mesmo nome, no sul de Moçambique. O escrutínio acontece porque o anterior edil da cidade, Lourenço Macul, faleceu, e a lei eleitoral prevê eleições intercalares até a realização de eleições municipais, já agendadas para 2013. A Frelimo, o partido no poder, que tem fortes apoios nesta região, já garantiu que vai entrar na corrida. A Renamo, o considerado maior partido da oposição, nega-se a participar alegando que as eleições no país não são livres e justas. Já o MDM, a nova força da oposição, considerada a esperança do país, ainda não se decidiu. Será que o MDM, que já conseguiu "roubar" Municípios aos outros dois partidos, vai se empenhar em entrar numa luta dada como vencida pela Frelimo? Luis Nhanchote, editor adjunto do jornal "Canal de Moçambique" responde:


Eu penso que o MDM, que é ainda uma democracia embrionária em Moçambique, tem possibilidades de se apresentar ao eleitorado de Inhambane como uma alternativa política. Mas o histórico da democracia no país, depois da guerra civil, indica que a Frelimo é o provável vencedor, por razões óbvias que a história explica: foi uma das províncias no sul onde os efeitos da guerra civil mais se fizeram sentir. Eu penso que a Renamo está a suicidar-se politicamente porque não está a participar.

Nádia Issufo: O facto da Renamo não participar nas intercalares não abre espaço para o MDM na medida em que participa como único partido da oposição?
LN: Eu penso que a Renamo aos poucos está a entregar o espaço que o determina como maior partido da oposição ao MDM. Este último está a saber tirar proveito sobretudo pela inteligência e a astúcia do seu presidente, Daviz Simango.

NI: Dos 43 municípios do país o MDM já conseguiu dois. 2013 é ano de eleições municipais, qual seria na sua óptica, o município que poderia ser conquistado por este partido?
LN: Eu penso que Nampula, e se o MDM tiver um candidato forte pode concorrer em Maputo, porque os resultados das últimas eleições gerais indicam que o MDM chegou a vencer a Frelimo em circulos onde era impensável ganhar, como na Polana Cimento e Sommershield, em que há um eleitorado urbano que está decepcionado com a Frelimo e o MDM está a saber tirar proveito disso, também pelo que eles apresentam como alternativas. A juventudo e os mais velhos estão a perceber que o MDM pode ser uma alternativa política sobretudo para dar um recado a Frelimo, e o MDM esta a saber tirar partido disso. E há um eleitorado que  está acatar isso, sobretudo o urbano que acredita que a Frelimo tem que ir para a oposição.

NI: Considera que Nampula é a proxima conquista do MDM, mas esta cidade é agora o bastião da Renamo...
LN: Só é reduto da Renamo porque o seu líder vive lá, mas as incongruências discursivas de Afonso Dhlakama começam a indicar que a Renamo está a cometer um suicídio político. Há semanas atrás Dhlakama acabou por ser refém dos seu próprios  guardas, porque ele foi se encontrar com o presidente Armando Guebuza e não deu satisfações aos seus membros, e estes acharam que ele foi fazer um negócio financeiro com Guebuza. E a própria bancada parlamentar da Renamo, que foi reduzindo de ano a ano, praticamente está a deriva, por culpa do seu presidente.

Para escutar a entrevista, selecione a emissão da manhã de 6 de Janeiro de 2012 em:
 http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html

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