quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

HRW denuncia violências no Sudão

A Human Rights Watch, HRW, exigiu que as forças de segurança do Sudão parem de usar a violência contra estudantes universitários que se manifestam pacificamente no país e libertem os que estão detidos. Entre meados do ano passado e dezembro último várias detenções arbitrárias foram executadas pela polícia local. Na terça-feira a organização de defesa dos direitos do Homem denunciou ainda outras irregularidades cometidas pelas autoridades sudanesas contra a oposição, descontentes e activistas dos direitos humanos. Entrevistei Jean-Marie Fardeau da HRW sobre a situacao no país, e ele começou por exemplifica algumas irregularidades:

Jean-Marie Fardeau: Em comunicado de imprensa a HRW denunciou a intercepção de mais de 250 estudantes em meio dia em Cartum e outras cidades do país entre Setembro e Dezembro de 2011. Para nós as forças de segurança usaram a força de forma excessiva. Isso provocou feridos e existem ainda pessoas presas em lugares desconhecidos, então isso preocupa-nos. Esperamos que as autoridades sudanesas parem com essa política de repressão contra manifestantes pacificos.

Nádia Issufo: A acção da polícia sudanesa é uma tentativa de abortar qualquer tipo de manifestação, a semelhança do que está a acontecer no mundo árabe, ou é relativa a situação já complicada do país?
JMF: Acho que é algo que tem mais a ver com a situação interna do Sudão: primeiro a situação económica que é muito difícil para a população, em particular para os jovens, existe também uma incerteza política ligada ao contexto do novo Sudão sem o Sudão do Sul, existe também movimentos bem particulares ligados, por exemplo, ao movimento de solidariedade para com uma população do Sudão do Norte que foi expulsa de uma área onde existe uma barragem. São coisas mas internas, mas é claro que são movimentos de expressões democrática que com certeza tem a ver com as manifestações no mundo árabe.

NI: Sob o ponto de vista dos direitos humanos, tem havido abertura por parte do governo de Omar al-Bashir, que tem contra si um mandato de captura do TPI acusado de ter cometido genocídio?
JMF: A atitude do presidente do Sudão foi de abertura durante o referendo sobre a independência do Sudão do Sul. Ele deixou a independência se fazer sob pressão da comunidade internacional, mas agora ele está a tentar retomar o poder, tentado limitar a expressão democrática, não somente em Cartum com os estudantes, mas também com os líderes de partidos políticos que estão presos em lugares desconhecidos, e também em regiões mais afastadas de Cartum, no Cordofão do Sul, na região do Nilo Azul, no Sudão do Sul, onde existem movimentos rebeldes contra o poder central.

NI: A HRW diz também que dois actvistas dos direitos humanos foram detidos foram detidos no Sudão do Norte sem acusação. Face as dificuldades enfrentadas pela ONG que alternativas vos restam?
JMF: As alternativas são limitadas, as repressões contra os defensores dos direitos humanos é muito forte, então é o papel de organizações como a HRW a partir de países estrangeiros podemos fazer pressão a partir da opinião pública e da mídia, e pensamos que esta pressão externa tem influência porque a reputação do Sudão está em jogo.

Para ouvir esta entrevista consulte a seguinte página:
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html
Selecione a emissão da manhã do dia 5 de Janeiro de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário