segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A entrada de Manuel Vicente para a cena política

O presidente de Angola anunciou hoje mudanças no seu executivo. Uma das novidades é a re-criação do cargo de ministro de Estado da Coordenação Económica, a ser ocupado por Manuel Vicente, ex-responsável da empresa Sonangol. Também José Eduardo dos Santos anunciou a formalização do funcionamento do Fundo Petrolífero. Segundo a presidência um dos objectivos destas remodelações é reduzir a concentração de tarefas. Entretanto, estas mudanças acontecem pouco tempo antes das eleições no país. Falei, através da DW, com o enconomista angolano Justino Pinto de Andrade sobre as remodelações e comecei por lhe perguntar se o cargo de Ministro do Estado da Coordenação Económica não se sobrepõe ao cargo do ministro da economia:


JPA: Não sei como as coisas vão funcionar, porque quando foi extinto o cargo de ministro de estado para a coordenação económica, logo de seguida criou-se o cargo de ministro da economia. É óbvio que do ponto de vista da hierarquia um ministro da economia não tem a mesma relevância que um ministro de Estado. Com este novo cargo seguramente haverá um re-arranjo ao nível da economia, eu acredito até que haja uma extinção do ministério da economia e que alguns ministérios ficarão tutelados ou vinculados ao ministro de Estado para a coordenação económica. E um desses ministérios será seguramente o das finanças. Eu julgo também que haverá alguma suburdinação a este novo ministro de alguns ministérios que tem a ver com as infra-estruturas.

NI: Será por acaso o novo ministro uma espécie de acessor directo do presidente angolano para questões internas e até externas?
JPA: Penso que o presidente José Eduardo dos Santos ao criar nesta altura, a sete meses das eleições, este cargo, ele quer por a rodar uma figura que tem sido muito falada nos últimos tempos. Uma das acusações feita a essa pessoa é de não ter experiência governativa, embora tenha experiência de gestão empresarial. E se facto eu estiver certo, essa pessoa será colocada como ministro do Estado.

NI: Quem é essa figura?
JPA: Eu acredito que seja o engenheiro Manuel Vicente, o PCA  da Sonangol.

NI: O crescente investimento angolano em Portugal, nomeadamente nos bancos, pode ser interpretado como uma tentativa de  Luanda usar Lisboa como uma porta de entrada para o mercado europeu?
JPA: Eu não vejo a coisa bem assim, porque nós não temos muita coisa para exportar para o mercado europeu para além daquilo que exportamos actualmente, o petróleo. E este produto é vendido com ou sem participação dos bancos portugueses. Eu penso mais na ideia de agilizar os gestores angolanos num mercado mais fácil de ser gerido, que é o mercado português para eventualmente transformar esta plataforma para outros voos mais arrojados. É evidente que com esta participação nos bancos portugueses podemos aumentar a nossa capacidade de mobilização de recursos para financiar empreendimentos em Angola.

NI: Também o presidnete angolano formalizou o Fundo Petrolífero. Como vê esta instituição no contexto das polémicas sobre a gestão dos recursos petrolíferos?
JPA: Espero que este recurso petrolífero seja um fundo do Estado e que não se transforme num fundo mais ou menos privado e gerido ao gosto daqueles que dominam o poder. Estes fundos, do meu ponto de vista, para fazerem algum sentido, devem ter um controle institucional.

Para ouvir esta entrevista clique em:
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html
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