quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Amor trancado


Autor: Ismael Miquidade
Titulo: Poesia no Reno

Na cidade de Colónia, na Alemanha, existe uma ponte sobre o rio Reno onde os casais de namorados "trancam" os seus amores para sempre com um cadeado e atiram as chaves para o rio. Pobre rio, não sei se se faz assoreamento de rio, mas se assim for que trabalhão! Além de que esse gesto deve ser bem prejudicial ao ambiente, mas (in) felizmente os ambientalistas nem se lembram disso, que se lixe o Öko e viva o amor!
Este simbolismo em África, de trancar o amor, é manifestado de outras maneiras. Por exemplo, em Moçambique ouve-se muito a frase: "ela meteu o marido na garrafa". Para mim isto não é muito diferente dos cadeados dos alemães... mas o "engarrafamento" é mal visto em Moçambique porque muitos tem vergonha de assumir que são ligados ao mundo dos curandeiros ou feiticeiros, isto também em parte por causa da colonização que reprimiu muito as tadições e costumes locais, e a influência do ocidente ainda nos dias de hoje, que quase sempre vê estas crenças com muito preconceito.
Mas voltando ao amor aprisionado, me pergunto: porque o cadeado? Ele simboliza coisas más ou insegurança: prisão, confinamento, defesa, protecção contra o mal... Ó grande liberdade onde estás tu?

Quando a alma gémea se torna carcereiro
Este simbolismo do cadeado, que eu vejo, as vezes é transportado para o casamento. Este por sua vez costuma ser o resultado de uma história de amor, e noutras não passa de uma convenção social. Mesmo sendo a segunda hipótese cheia de reticências, ela tem muitas vantagens, uma delas, e talvez a mais importante, é legitimar os filhos, a instituição família ainda é vital em muitos lugares. Há outras vantagens que os manuais de antropologia apontam e o Homem também conhece muito bem. Entretanto o casamento que começa por amor também pode ser reduzido a apenas uma construção social. E o simbolo cadeado algumas vezes tem culpa no cartório nesta mutação, porque ele sufoca as liberdades individuais. Assim, as almas gémeas acabam por se transformar entre si carcereiro um do outro.

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