O Acordo de Parceria Económica entre a União Europeia e África Caraibas e Pacifico pode levar muito tempo a ser alcançado, pelo andar das negociações. O objectivo principal deste acordo, que deveriam ser as relações comerciais entre a UE os blocos económicos da ACP, quebrou-se, sem antes começar, e alguns países em África já fazem o comércio com a União Europeia individualmente. A Deutsche Welle entrevistou a pesquisadora da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, Ulrike Lorenz, sobre o estágio das negociações. Segue-se um resumo da entrevista:
Nádia Issufo: De que forma as negociações directas entre os países africanos e a União Europeia, no âmbito da APE, podem ser prejudiciais para Africa?
Ulrike Lorenz: Este é de facto o contencioso nas negociações do Acordo de Parceria Económica. Do ponto de vista da União Europeia o novo acordo iria trazer melhores condições de comércio e investimento para a ACP, África Caraibas e Pacifico, uma vez que o Acordo não irá apenas levar uma abertura total e completa dos mercados da União Europeia, mas pode aumentar o comércio entre os países e regiões e consolidar os mercados. Em África a situação, no geral, o Acordo de Parceria Económica é criticado por forçar países africanos a aderir a acordos de livre comércio entre partes desiguais. A União Europeia é acusada de quebrar a integração regional em África.
NI: África continua a ser fonte de matérias primas para e Europa, e a Europa é forte na exportação de produtos acabados. É possivel falar-se de acordo de parceria económica equilibrado?
UL: Se olharmos para os últimos anos das trocas comerciais entre a União Europeia e a África Caraibas, e Pacifico veremos que as exportações da ACP ocorreram em condições preferênciais. Mas este acesso preferencial e a importação da União Europeia dos ACP desceu de 7% para menos 3% das importações europeias. Mas nos últimos 8 ou 10 anos África melhorou a sua performance, mas nas mesa das negociações a União Europeia tem sido o jogador mais forte. Mas este acordo tem sido muito contestado. E a questão neste Acordo é quem tras o que a mesa das negociações.
NI: Moçambique é um dos países que decidiu assinar individualmente o APE com a União Europeia. Qual é a posição do país neste contexto?
UL: Moçambique tem um papel muito especial nas negociações porque na SADC é o único pais que é apenas membro da SADC e não pertence a mais nenhum bloco económico regional, diferentemente de outros membros da SADC, que também pertencem a outros grupos. Agora Moçambique decidiu manter por si relações comerciais, como parte da SADC, na negociação do Acordo de Parceria Económica. Penso que o sinal que o governo de Moçambique quer passar é de que eles estão dispostos a negociar com a União Europeia, estão dispostos a providenciar uma plataforma para que a negociação do comércio aconteça, que estão preparados para o comércio internacional.
NI: O que se pode esperar das negociações do APE entre África e União Europeia em 2011?
UL: No caso da negociação do Acordo de Parceria Económica com a SADC, por exemplo, há varias fontes que indicam que há possibilidades que se conclua a negociação com a Comissão Europeia e as negociações devem continuar ainda este ano."
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