Em Moçambique os últimos dias da caça ao voto com vista as autárquicas de 20 de novembro foram manchados por violência, principalmente nos municípios geridos pelo MDM, a segunda maior força da oposição. Na cidade da Beira o sábado (16.11.) foi sangrento, com dezenas de feridos quando o presidente do município, Davis Simango, se preparava para fazer um comício. A força de intervenção rápida entrou no recinto da campanha a disparar e lançou gás lacrimogeneo. Também há relatos de 30 mortos, embora não haja uma informação oficial. Mas o MDM, através do líder da sua bancada parlamentar, Lutero Simango, promete tomar medidas judiciais:
Lutero Simango(LS): Os acontecimentos de sábado na Beira podem se resumir nas seguintes palavras: uma tentativa de assassinato ao presidente do partido, porque a atuação da polícia, que disparou de uma forma horizontal em direção ao palco onde se encontrava o nosso presidente, só se pode resumir que tinham intenções bem claras de o matar, mas graças a Deus não aconteceu.
Nádia Issufo: E o que o MDM vai fazer depois disto?
LS: Bem, estamos perante um partido no poder que sempre usou os meios do Estado para aniquilar a oposição. E acima de tudo é uma demonstração bem clara de que a polícia da República continua a ser politicamente manipulada e isso várias vezes temos reportado...
NI: Mas o que pretendem fazer?
LS: Primeiro tem de haver uma denúncia. Internamente estamos a estudar os mecanismos. Não é a primeira vez que acontece isso, há dois anos em Nacala aconteceu algo semelhante, em Inhamabane nas eleições intercalares a polícia usou a força contra os nossos membros. E devo recordar que no ano passado usamos todos os meios para ver se podiamos conversar com o comandante em chefe das forças armadas de Moçambique, mas não foi possível. Mas agora há evidencias bem claras que os acontecimentos de sábado um processo judicial vai ser encaminhado como forma de investigar, averiguar e procurar saber quem foi o responsável e quem deu a ordem para esse acto. E para nós está bem claro que as forças policiais que invadiram o campo onde se ia realizar o comicio do encerramento da nossa campanha na cidade da Beira foi sobre o comando do secretário-geral da FRELIMO que se encontrava próximo do local.
NI: Há informações de que o filho do senhor Davis Simango estava ferido e que a sua esposa estava desaparecida. Confirma?
LS: Naquela hora, com o uso de armas, houve dispersão de pessoas. Naquele momento a esposa do presidente ficou em local incerto, mas duas horas depois foi localizada. E o filho, que é asmático, por causa do produto tóxico do gás sofreu, mas não está ferido. E devo sublinhar que para além de feridos houve mortos, fala-se de 30 mortos. Mas quem deve confirmar isso é a polícia. E já agora aconselho aos eleitores a votarem em massa no dia 20 de novembro e de uma vez para sempre dizerem não a este regime ditatorial e que está a ter uma caracteristica militar. Esta é uma oportunidade única dos moçambicanos dizerem não a isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário