E enquanto se aguardava pelos resultados definitivos das eleições autárquicas em Moçambique os resultados da violência em alguns municípios já eram confirmados pela imprensa local, através de testemunhos. Os casos mais violentos foram registados nos municípios da província da Zambézia, principalmente em Quelimane, cidade gerida pelo MDM. Aqui três pessoas terão sido mortas e outras 18 feridas pela Força de Intervenção Rápida (FIR), segundo o jornal a Verdade. A permanente vigilância das urnas por parte dos eleitores originou a situação. Alias, esta é a segunda vez que os municipes de Quelimane vigiam os seus votos. No dia 21 de Novembro entrevistei para DW África o jornalista Luís Nhachote que se encontra nesta cidade :
Manifestação em Quelimane
Foto: Luís Nhachote
Nádia Issufo (NI): Como decorreram as eleições ai?
Luís Nhachote (LN): As eleições desde a abertura da votação até ao meio da manhã estiveram tranquilas, ordeiras e serenas. Mas ao meio da tarde vários eleitores começaram a ficar apreensivos quando começaram a ver a morodidade em votarem por questões meramente burocráticas por parte da CNE. Aparentemente por alguma instrução as pessoas pensaram que seriam excluidas do processo e não arredaram os pés dos postos de votação. Houve casos de mesas que chegaram a fechar ontem as 19 horas e 30 minutos e tiveram de dar senhas as pessoas, quando normalmente as eleições terminam as 17 e 30.
NI: E a violência que se registou ai, assistiu também a isso?
LN: Sim, sim. Nós fomos para Icidua que é um dos postos aqui na cidade de Quelimane, em que as pessoas ficaram a espera que se publicassem os editais e tiveram uma discussão com a polícia que por sua vez acabou por tirar as seis urnas das seis assembleias de lá e as pessoas perseguiram e houve tiros para dispersar as pessoas. Mas mais tarde a polícia acabou por perceber que ia cometer um erro grave no processo e voltou atras para devolver as urnas para que se procedesse a contagem de votos dentro das próprias assembleias. Esta foi uma que fez com que até a uma da madrugada ainda estivesse a contar os votos.
NI: E a população continuou vigilante até de madrugada?
LN: Sim, sim. É coisa mais impressionante que observei nestas eleições foi o facto da população ter ido votar de manhã e depois faziam permutas para irem almoçar e ficavam a espera da publicação dos editais. A consciência deles é grande, eles já conhecem o poder do voto e diziam que não queriam ser aldrabados quando fossem para casa e se viessem ver no dia seguinte ver os resultados. Eles achavam que poderia haver enchimento de urnas. Então isso é um dos factores que vai contribuir para uma vitória clara do atual edil do MDM, Manuel de Araújo.
NI: E fala-se em 3 mortos e 18 feridos. Confirma isso?
LN: Não conseguimos nenhuma morte. Eu e um outro reporter fomos ao hospital e a outros locais, mas há muito feridos si,.
NI: Como a população está a assistir a essa situação de violência da polícia contra os eleitores?
LN: A partir do momento em que se começou a divulgar os primeiros resultados parciais, penso que a sintonia deste povo da Zambézia é algo impressionante, é que eles sairam para o carnaval, começaram a festejar vitória e praticamente a polícia ficou inativa.
NI: Mas hoje a situação voltou a normalidade a normalidade?
LN: Sim, voltou a normalidade.
Escute a entrevista em: http://www.dw.de/21-de-novembro-de-2013-manhã/a-17242910
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