A Comissão de Resposta, organismo que tem por objetivo zelar pela defesa e segurança dos jornalistas em Moçambique,
também condenou a ação dos militares contra a equipa da TIM, Televisão Independente de Moçambique, no passado dia 7 de novembro. Entrevistei para a DW África Fernando Gonçalves, membro da Comissão e editor do semanário Savana sobre assunto:
Nádia Issufo (NI): Justifica-se a violência dos militares contra a equipa da TIM?
Fernando Gonçalves (FG): Nenhum ataque contra jornalista deve ser tratado como um acto justificativo. Portanto, é um acto brutal, de excelência gratuita contra jornalista que estavam a fazer o seu trabalho. Não há qualquer justificação para que este acto tenha ocorrido.
NI: Nos últimos tempos o exército moçambicano ganha algum protagonismo nas diversas perspectivas. Há o risco deste poder vir a extrapolar e a resultar em mais violações a semelhança do que aconteceu com a equipa?
FG: Há sempre esse perigo, especialmente agora que o país atravessa essa situação tensa, entre o Governo e a RENAMO, em que o Governo para debelar as acções da RENAMO tirou das casernas o exército. Há o receio de que o agravar da situação possa haver situações em que os militares assumem uma certa autonomia e comecem fazer coisas que estão totalmente diferenciadas do que é um Estado de direito.
NI: As acções da polícia contra jornalistas tem sido frequentes no últimos tempos em Moçambique. Com isso pode-se dizer que a liberdade de imprensa está em risco?
FG: Não, eu não diria que as acções dos agentes sejam frequentes...
NI: Recordo-me que um fotográfo foi detido pela polícia, o senhor Eric Charas do jornal A Verdade foi ouvido...
FG: São casos isolados que não podem ser generalizados. É verdade que eles nos preocupam e devemos estar preocupados quando jornalistas são agredidos no exercício das suas funções, mas até aqui acredito que são casos isolados que não podem ser generalizados. Mas de qualquer modo estamos preocupados com a situação.
NI: Então não há motivos para preocupação quanto a liberdade de imprensa em Moçambique?
FG: Não, eu não disse que era caso para não haver preocupação. Estamos preocupados com esta situação, muito embora é preciso reconhecer que são casos esporádicos. Mas o facto de serem esporádicos não nos deve deixar tranquilos e pensar que as coisas estão normais. Estamos preocupados com a situação e ontem mesmo tivemos que redigir um comunicado, tornado público, e esse comunicado foi enviado ao ministério da defesa exigindo que medidas sejam tomadas e tornadas públicas. Portanto, estamos seriamente preocupados com este tipo de situações.
Leia e escute mais sobre o assunto em: http://www.dw.de/tim-promete-processo-contra-militares-em-mo%C3%A7ambique-por-agress%C3%A3o-a-jornalistas/a-17214525
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