Foto: Ismael Miquidade
A Frelimo, o partido no poder em Moçambique, finalmente hoje vai por termo ao "suspense" que faz há meses sobre o que quer mudar na Constituição do país. As mudanças a serem propostas estão "nos segredos dos Deuses", tanto é que alguns simples deputados do próprio partido não as conhecem, ou pelo menos dizem a imprensa que não as conhecem.
Enquanto isso, o espaço para a especulação aumenta, certamente que a Frelimo não vai propor a diminuição dos poderes do presidente da República, como deseja a Renamo ou o MDM, os partidos da oposição mais importantes. Pelo contrário, provavelmente vai propor mudanças que permitam ao partido se "entranhar" cada vez mais no poder, aliás, facto que já está a acontecer de forma desavergonhada, como a implantação de células do partido nos órgãos da função pública, a cobrança de contribuições salariais dos funcionários públicos para os seus cofres, entre outras estratégias. E a oposição também não pára de contribuir para a fortificação da Frelimo com as suas constantes cisões e fragilidades que os deixam com pouca credibilidade no país.
Será que Armando Guebuza ou o seu partido, a Frelimo, vai adoptar o sistema de eleição presidencial por sufrágio indirecto, em que o presidente é indicado pelo Palamento? Já a sua congenere angolana MPLA deseja(va) seguir este modelo que vigora na África do Sul, despoletando um grande celeuma no seio político angolano. Outra possibilidade seria aumentar o número de mandatos presidenciais, o que acho impossível, afinal Moçambique já atingiu "niveis de democratização aceitáveis internacionalmente" ou "recomndáveis", um retrocesso significaria um corte de ajudas financeiras e um isolamento político do país, o que o governo moçambicano certamente não desejaria nunca, ainda por cima agora que o descontentamento popular aumenta por causa do encarecimento do custo de vida e também em relação a actuação do governo, agora não mais respeitado no país. Não nos esqueçamos que as manifestações de 1 e 2 de Setembro de 2010 ainda estão vivas na memórias dos moçambicanos, incluindo os governantes...
Mas também convém lembrar que o governo moçambicano está muito empenhado em ser auto-suficiente, para se livrar, justamente, da dependência externa. Entretanto, este é um longo processo penoso que está na consciência dos dirigentes moçambicanos.
Mas até que não é de todo absurda esta suposição de aumento de mandatos, a participação do presidente Armando Guebuza na cena empresarial moçambicana é cada vez mais notória, numa altura em que o país APENAS abriu a fase da sua "caça ao tesouro"...
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