Cada vez mais se comenta sobre as divisões no seio do partido no poder em Moçambique, a Frelimo. A cada dia surge na boca do povo, e também da imprensa, um nome novo apontado como provável candidato as próximas eleições presidenciais. Alberto Chipande é um deles, diz-se a boca pequena, que o mesmo não ficou satisfeito por ter sido posto de lado nos negócios do corredor do norte, um empreendimento onde se comenta, também a boca pequena, que tem participação do presidente da república, Armando Guebuza, embora não haja registo oficial disso. A ser verdade, atrevo-me a perguntar o que dita a vontade de governar...
Face as estas especulações alguns moçambicanos com preparo intelectual, em conversa de café, dizem: "mudo de país se o Chipande for presidente!" Não nos esquecamos que muitos generais, que fizeram a luta de libertação, partiram a caneta muito cedo, como se costuma dizer, ou então nunca chegaram a pega-la. Mas não se pode fechar os olhos a um facto, os veteranos estão a assumir cada vez mais um papel preponderante nas decisões do partido, a par dessa sua visibilidade vem também a sua participação na cena empresarial, eles e os seus filhos são proprietários de minas e outras coisas. Isto é oficial, os documentos provam isso. Mais preocupante é o envolvimento de nomes de grandes generais em ilegalidades, a pouco tempo tivemos o exemplo dos 600 contentores de madeira que iam para a China, embora se tenha desmentido o facto. No que se refere a caça ilegal, há quem também diga, a boca pequena, que alguns deles estao envolvidos.
Mas existem outras figuras de prestigio apontadas para suceder Armando Guebuza, Graça Machel é uma delas. O seu historial profissional, o seu activismo no que se refere as direitos humanos e desenvolvimento comunitário, e o facto de ser 2M (Machel-Mandela), como o povo a chama, granjeia simpatias e ela tem ainda um certo carisma. Provavelmente seja um dos potenciais nomes, mas também isto não passa de especulação.
Outro facto, mais evidente, no seio do partido do batuque e da maçaroca, é a existência de uma ala pró-Joaquim Chissano. Esta constitui um forte quase inabalável, na medida em que leva pouco no seu Curriculum em matérias de corrupção, e participou, com bons resultados, de etapas fundamentais do desenvolvimento do país. Também teve ao seu serviço gente capacitada, com um alto background, diria até que gente na sua maioria de elite. Provavelmente esta é a maior barreira para a ala de Armando Guebuza no partido, a Frelimo de Armando Guebuza ainda não conseguiu sair da sombra da Frelimo de Joaquim Chissano. Em paralelo Joaquim Chissano tem merecido destaque na imprensa nacional...
Estas especulações levam-me a questionar sobre a imagem que o próprio presidente do país, e também da Frelimo, tem no seio dos seus camaradas. Tenho a ligeira desconfiança de que tudo isto, mostra-nos que a Frelimo ainda tem a sua parte saudável...
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