O discurso do presidente do Egipto na sexta-feira era de um homem forte e seguro, ele recordou as suas conquistas e culpou agentes externos pela actual situação do pais. A principio nao podia imaginar que ele fosse renunciar ao cargo, disse ao meus colegas "este homem nao vai sair!"
E momentos antes do pronunciamento de Mubarak, o presidente dos EUA declarou que estava do lado dos jovens egípcios, estas declarações também foram um pouco estranhas afinal a crise era já aguda há muito tempo, faltou nas declarações o carácter contundente e ameaçador, álias faltou as grandes potencias esta sua grande caracterísitica aplicada em momentos de crise.
Vinte e quatro horas depois entra a minha colega pela minha sala a dentro com a boa nova tanto esperada: "Mubarak caiu!". Inacreditavel... agora o país está a ser governado por um governo de transição militar nomeado pelo "caido" presidente e apoiado pelos EUA. Completa fantochada... parece-me uma artimanha usada para enganar crianças ou adultos emocionados... como quem diz: o vosso problema é Mubarak? Então vamos tira-lo de lá, como se a estes faltasse a consciência do que realmente se passa no país e como funciona o poder. A isto se chama "operação de cosmética" como se diz lá na minha terra, maquilhagem enganadora.
E este governo militar garante agora que vai manter os compromissos assumidos antes pelo prestigiado militar Hosni Mubarak. O Egipto e a Jordania são dos poucos na região que mantem relações de paz com o Israel, Mubarak e o líder muçulmano moderado grande pareceiro do Ocidente. Que grande potência não reconhece o papel de Mubarak na mediação das crises do Médio Oriente? Por isso não são estranhas as palavras da secretária de Estado norte-americana há uns tempos quando disse a imprensa algo como "Mubarak e como parte da minha família..." ou ministro das relações exteriores da Alemanha que há uns tempos se quedou em elogios a Mubarak, o homem que não conhecia a frase "alternância de poder", em suma, não conhecia a democracia. Tal como não é tão estranho hoje essas mesmas potências terem dificuldade em apontar o dedo indicador a Mubarak.
Agora, o terreno naquela região e perigoso. Não estão interessadas as grandes pot~encias em abrir campo para que os grupos extremistas assumam o comando de nada, embora provavelmente seja a chance para o ocidente fazer infiltrar a sua escola de democracia. Estou a espera para ver agora até onde vai o jogo de cintura de quem tem o poder...
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