"Filho, vai para a escola aprender a vencer sem ter razão", disse a mãe de um famoso escritor africano no tempo colonial. O conselho continua atual.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Mãe de quem?
Foto: Ismael Miquidade
Em África chamar mamã ou papá a outros que não são os pais é um sinal de respeito. Aprecio muito o gesto, e até se costuma dizer na minha terra que quando temos filhos, deixamos de ter identidade, passamos a ser "mãe de fulano...", "pai de fulano..."
As vezes também pode ser uma maneira "delicada" de chamar "cabeça dura", como se diz que os mais velhos são... Por exemplo, o meu instrutor da escola de condução chamava-me "mamã" quando eu cometia erros inadmissiveis...
Mas quando se chama mamã ou papá a um dirigente, qual é a intenção? Alguns o fazem por respeito, outros o fazem para responsabiliza-los, mas cada vez mais muitos assim o chamam porque são preguiçosos, e pensam que os dirigentes tem a obrigação de lhes providenciar o sustento e dizem: "o nosso pai tal vai construir uma escola para nós...", eles mantem com o seu líder uma relação permanente de filho menor e pai, ou seja, nunca atingem a maioridade. Deveres, obrigações são termos desconhecidos para muitos. Mais frequente ainda é ouvir os artistas dizerem na televisão moçambicana: "o governo não faz nada por nós..." e depois quando esses mesmos artistas morrem o governo é quem lhes compra o caixão, só não sei se por vergonha, ou porque se acha mesmo pai dos moçambicanos...
Esta observação surge por causa das recentes eleições presidencias na Libéria que reconduziram a "mamã" Ellen, como é conhecida no seu país, ao cargo. E também em Moçambique se chama a ex-primeira dama, Graça Machel, de "mamã", e um moçambicano que tinha mãe e não gostava nada que lhe atribuissem outra dizia: "mamã de quem??"
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