segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Rússia em África

O anunciado empréstimo de dois mil milhões de dólares a Luanda em Novembro passado por parte do segundo maior banco russo, VTB, e a atribuição da Ordem de Honra ao Presidente angolano, José Eduardo dos Santos por Moscovo, a quando da sua vitória na eleições de 2012, são apenas algumas das evidências de um retorno, novamente com força da Rússia, a Angola. Porque afinal dizer que os interesses russos estiveram fora de Angola na totalidade não constitui verdade. Alias, alguns angolanos costumam lembrar-me sempre que a filha do Presidente angolano, Isabel dos Santos, uma das mulheres mais ricas de África segundo a revista Forbes, é filha também de uma russa...

No caso de Moçambique e Zimbabué a Rússia poderá matar dois coelhos numa cajadada só. A maior empresa russa de exploração de petróleo, Rosneft, disse recentemente que pretende construir um oleoduto entre Moçambique e o Zimbabué, avaliado em 500 milhões de euros. Ora vejamos, o Zimbabué em termos energéticos sobreviveu até a pouco graças ao petróleo líbio. Com o fim do governo de Muammar Kadhafi, e a entrada da mão ocidental nas petrolíferas líbias, pouco ou nada deve estar a jorrar para os tanques do Zimbabué. Quererá Moscovo aproveitar esta brecha para dominar este mercado, já que a União Europeia impôs sanções a Harare?

Outra questão: o Zimbábue depende dos portos moçambicanos para a sua sobrevivência, principalmente o da Beira. Mesmo que o petróleo não seja russo, já que alguns consideram que o país não capacidade de fornecer o combustível a ninguém, este não deixa de ser um bom negócio para os russos. Que contra partidas pode a Rússia obter? Não nos esqueçamos que a economia zimbabweana é tão débil que dificilmente consegue créditos. Também os seus "irmãos" não tem tanta capacidade para ajuda-lo, para além de que quem tem dinheiro, o sancionou. O que significa que Harare pode ficar nas mãos de Moscovo, e Moscovo não é(ra) a Líbia.

No que se refere a Moçambique, já sabemos que é agora a nova menina dos olhos lindos em África. As recentes descobertas de gás, carvão mineral, e provavelmente petróleo, atraiem interesses. E a Rússia começa a mostrar o seu. Por outro lado, Moscovo pode também se posicionar como "facilitador" entre dois irmãos.

Outra questão, a vontade e luta destes países africanos para se verem livres da dependência ocidental, está a catapulta-los para outros "parceiros". A China é o número um, o Irão já dá os primeiros passos. A Rússia apenas reassume. No caso de Moçambique, os chamados doadores, G-19, anunciam a cada dia a diminuição de apoio ao Orçamento de Estado.

É verdade que há espaço para "todos", mas também é verdade que as brechas criadas pelo ocidente, devido também as suas exigências duvidosas de origem grega, para além da sua excessiva intromissão em governações alheias.

A Rússia, ao que tudo indica, prepara-se para re-assumir um  papel de destaque em termos geopolíticos e economicos em África.


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