domingo, 27 de janeiro de 2013

Disparar contra crianças

"Ich mag kein Kinder!", em Português, não gosto de crianças, disse um alemão ontem aos seus amigos quando uma criança, acompanhada da sua mãe, sentou-se ao seu lado no autocarro. A criança, que ouviu, murchou logo e não mais abriu a boca de tanta tristeza, a mãe acariciou o filho e em silêncio disse: "eu gosto de crianças, eu amo-te". Minutos depois mãe e filho saíram do autocarro, e para o azar do alemão, mais uma criança sentou-se ao seu lado. E pensei cá com os meus botões: "É melhor mudares de planeta..."

Quando chegaram ao destino o filho disse a mãe: "estou muito triste..." A mãe não podia apenas pedir ao filho que ignorasse a facada, tinha de tentar curar um coração destroçado, apesar de estar também com o seu em frangalho. Quem acalenta o coração de uma mãe?

Ao longo do dia a criança comentava o o sucedido e perguntava: "mãe, ele é louco, não é?", e já no fim do dia finalizou: "Vou pedir a Deus para não sonhar com aquele senhor..."

Nascer adulto
Provavelmente o senhor que não gosta de crianças julga que nasceu adulto, ou então talvez preferisse ter nascido adulto. Isso penso eu com revolta, claro. Mas os motivos para ele não gostar de crianças podem ser muitos, e os dele só ele conhece. Uma prima minha dizia-me sempre: "Nádia, não gosto de crianças.", mas nunca o disse em frente a uma. Hoje é mãe de dois meninos, e eles são os mais que tudo da vida dela. O destino assim quis que aprendesse a gramar de crianças .


Liberdade de opinião vs Agressão
Cada um tem o direito de sentir, fazer e dizer o que pensa. Entretanto, a sensibilidade é um dos requisitos indispensáveis para se gozar correctamente da liberdade. É algo que ajuda a impor limites. Sim, limites, porque a liberdade também tem limites, embora muitos pensem que não, para o mal da humanidade...
Caso contrário, ela pode se tornar uma arma perigosa. Diz uma amiga, "o teu limite acaba onde começa o meu."

Acho que liberdade é algo nato, mas que deve ser trabalhado ao longo da vida. É algo também resultante de uma conquista. Hoje se defende tanto a liberdade, que muitos não trabalham para a legitimar. Muitos tem-na apenas como dado adquirido e disparam-na para qualquer um. Outras vezes até sem um alvo concreto, só descobrem a vítima depois de a ferirem, outros nem se preocupam com isso. Só espero que os fomentadores acérrimos desta faca de dois gumes, também comecem a pensar num antídoto. Não vão ser eles também ser vitimas do seu próprio doce veneno...

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