Em Moçambique alguns sectores públicos preparam greves para exigir basicamente melhores salários ao Governo de Armando Guebuza. Os médicos deram o pontapé de saída no princípio deste ano que custou muito caro a alguns deles. Os enfermeiros ensaia(ra)m tamb´me uma, mas desta vez o governo resolveu sentar-se a mesa de negociações, caso contrário seria o descalabro total do sistema de saúde.
A polícia, que opta pelo silêncio, seguindo a linha do seu Governo, aos olhos do mundo faz de conta que tudo está bem, também numa clara demonstração de arrogância e ditadura. Vamos esperar para ver se em Abril os "cinzentinhos" terão força para atirar a toalha ao chão... Quem não esteve com meias medidas sãos os "ex" da secreta. Eles já sairam a rua.
O novo formato da contestação
Estarão os moçambicanos a ficar mais organizados? Parece-me que sim. As violentas manifestações de 2011 assustaram apenas o Executivo, mas não trouxeram resultados. Cesta básica, pão e transporte, ficaram mesmo só nas bocas, não do povo, claro. A concertação tendo como base a legislação é mais produtiva, e tendo uma pitada de revolta traz o efeito desejado. Esse pode ser um sinal de que a classe trabalhadora está a amadurecer. E por sua vez isso significa um amadurecimento da sociedade no seu todo. A greve legal substitui a manifestação "ilegal".
O preço do voto
2013 e 2014 são anos de eleições em Moçambique. A caça ao voto já começou, sem o tiro de partida da CNE. E isso não passa despercebido para a classe trabalhadora descontentes. O custo de vida está cada vez mais alto, e insuportável para a grande maioria. Este é o momento certo de "encostar" o Governo a parede. Outro sinal de que os moçambicanos se estão a tornar em "jogadores" profissionais a altura do seu Governo. E já vão muito tarde na minha óptica... Desconfio que o Governo se tranquilizou pensado: "os moçambicanos são pacíficos..." e realmente só agora eles lhe mostram como o são...
Cerco ao Governo
Enquanto muitos membros de Governo enriquecem usando os seus cargos para isso, o descontentamento aumenta. Não é só a população que quase vive de forma miserável, os partidos da oposição também querem parte do "bolo" e há ainda os "invisíveis". O líder da RENAMO já marcou terreno em Nampula, "a região do futuro" em termos económicos, e onde grandes figuras políticas tem interesses. Pouco depois desceu para o seu bastião, Sofala, onde tempos depois uma empresa anunciou a existência de grandes quantidades de ouro. Ao que tudo indica Moçambique está a ser "esquartejado" a portas quase fechadas. E provavelmente a lógica bem básica e primária deve ser: o partido na situação, a FRELIMO, é sulista. Então ele que fique com o sul pobre. E a RENAMO que tem forte apoio a partir da "cintura" para cima, e a região mais rica (pelo menos até agora...) quer beneficiar-se disso.
Se juntarmos esta disputa pelos recursos naturais e a insatisfação social pode se encontrar legitimidade no resultado de estudo realizado pelo politológo inglês Jay Ulfelder que coloca Moçambique na 19ª posição na lista dos países com mais riscos de sofrer um golpe de Estado. Há possibilidades de um golpe de Estado vir do lado "inesperado"? Quais são as brechas existentes para que uma mão externa orquestre um golpe de Estado ou uma guerra? Enfim, são apenas perguntas...
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