Depois da Rio Tinto ter anunciado em janeiro passado perdas de 2,250 mil milhões na exploração de carvão mineral em Moçambique, o Governo moçambicano diz que espera agora pelos resultados que confirmam a baixa de qualidade das reservas para depois fazer a sua própria pesquisa e confrontação. A DW conversou com o director nacional adjunto de minas, do Ministério dos Recursos Minerais, Obed Matine, no passado dia 22.
Nádia Issufo: O que o Ministério dos Recursos Minerais tem a dizer sobre o anúncio da Rio Tinto?
Obed Matine: A Rio Tinto fala de perdas por imparidade que derivam de duas situações: primeiro ligada ao alumínio e segundo ligada ao projecto de carvão em Moçambique. E em relação ao último caso, abordam-no de duas formas, primeiro está relacionado com um processo dinâmico de avaliação das reservas e da qualidade do carvão, um processo normal feito periodicamente. E acontece que na sua última avaliação verificaram que, em princípio, as reservas estão abaixo do que estimavam inicialmente, e por outro lado há mais percentagem de carvão térmico irrecuperável, e que a percentagem do carvão coque nas suas áreas é baixa. Por outro lado a questão ligada as infraestruturas e logística faz com que o tempo que esperavam para ter o retorno dos investimentos, vai ser mais longo do que o que previam, e por isso declararam as perdas por imparidade.
NI: E não foi possível constatar isso logo no inicio?
OM: O estudo geológico tem varias fases, numa primeira fase não se tem todas as informações. Só num segunda fase, quanto mais se realizam estudos de detalhes se tem mais informações.
NI: Entretanto a Rio Tinto pondera vender a sua participação em Benga, em Tete. A acontecer isso o que pode significar para o sector mineiro moçambicano a saída de uma renomada empresa com a Rio Tinto?
OM: Não tenho conhecimento da pretensão da Rio Tinto, depende da estratégia que ela quer adoptar. O que nós estamos a fazer como Governo, é encontrar soluções, com vários parceiros, para que os empreendimentos, os investimentos tenham retorno, criando infraestruturas logísticas para a exportação do carvão. E há várias linhas desenhadas para esse efeito.
NI: A existência de infraestruturas é da responsabilidade apenas do Governo?
OM: As linhas férreas e os portos são da responsabilidade do Governo, mas o seu desenvolvimento pode ser feito através de parcerias público-privadas. As empresas são chamadas, o Estado delimita as linhas, dá as balizas, e a parceria público-privada no desenvolvimento das infraestruturas.
NI: Sei que a Rio Tinto projectou a exportação de carvão pelo rio Zambeze. O que impediu que o projecto andasse?
OM: Os estudos de impacto ambiental não aconselharam.
NI: O que vai fazer o Governo agora?
OM: Agora procuramos saber o que leva a essa situação, quais são as razões de facto. Então estamos a espera do relatório global do detalhe do calculo de reservas, a avaliação que eles fizeram nos últimos tempos, e nessa altura faremos a nossa própria avaliação.
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