Ainda sobre a legitimidade da continuidade de José Eduardo dos Santos no poder entrevistei, para a DW, Markus Weimer da Chatham House. O pesquisador optou por não vaticinar nada, e até mostrou optimismo ao dar o seu voto de confiança ao trabalho feito pelos observadores das missões africanas.
Markus Weimer: Tinha dúvidas sobre o processo, que também foram levantadas pela UNITA e CASA-CE. Acredito que eles vão contestar alguns resultados, mas também tem de se reconhecer que os observadores, de uma forma geral, aceitaram o processo e julgaram-no satisfatório. De um modo geral a oposição ganhou, se comparado com o escrutínio de 2008, o que vai ser bom para a democracia angolana.
MW: A legitimidade depende muito desse processo que foi considerado positivo pelos observadores, mas a oposição ainda tem dúvidas. Então a legitimidade depende do processo.
NI: A CASA-CE conseguiu apenas 5,6% dos votos. Espera mais dela?
MW: Não diria apenas, porque para um partido criado poucos meses antes das eleições teve até bons resultados. Eles são a terceira maior força de Angola agora, é um grande sucesso histórico entrarem no Parlamento.
NI: Não acha uma contradição as manifestações contra JES e a sua vitória esmagadora?
MW: Acho que são duas coisas um pouco diferentes porque a legitimidade do processo já foi aprovada pelos observadores. Nos protestos não movimentaram-se as massas, eram poucas pessoas. Acho que não se pode comparar. Tem de se ver também o momento dos protestos no país, havia vários debates sobre personalidades locais. Acho que a motivação era um pocio diferente. Estas eleições abriram a possibilidade as pessoas de votarem.
NI: A UE não enviou observadores a Angola. Isso prejudicou o processo?
MW: É uma pena que não houve mais observadores internacionais. Com as queixas da oposição a presença deles teria mais peso.
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