Esta semana tocou-me a campainha um funcionário da Cruz Vermelha alemã, ele angaria fundos para a sua organziação. Com muita lábia e simpatia "quase" vendeu o seu peixe, para além de ter tomado o meu tempo que já era "inesticável." Enquanto ele tentava convencer-me a dar dez euros, seis euros ou dois euros, ia baixando o montante devido ao meu inalterado semblante, a minha cabeça andava mil a hora: como boa moçambicana que sou primeiro fui assaltada pela desconfiança, depois lembrei-me que estou na Alemanha, então fiz uma inspeção ao homem: "crachá, casaco com identificação, etc. Segundo me perguntei: porque tenho eu de dar dinheiro a Cruz Vermelha alemã? Eu já pago um balúrdio em impostos! E além de que imaginava que parte desse absurdo também ia para a Cruz Vermelha alemã. E continuei na minha viagem enquanto tentava avaliar melhor o "peixe" que o homem me estava a tentar fazer engolir, numa língua que não domino. Pensei, possa, para dar qualquer centavo, porque não dar a quem mais precisa? Eu sei que na Alemanha também existe gente carenciada. Mas pensei no meu país, e em muitos outros, na extrema pobreza que lá se vive, e disse para mim mesma: "Não é justo! Este gajo não leva nem o cheiro do meu dinheiro!" E fiquei mais irritada quando perecebi que ele queria que a doação fosse mensal e queria o meu número de conta bancária! Ora bolas, que intimidade é essa? Se é você quem quer, dê-me então o SEU número de conta! E eu darei se puder. Mas antes de perceber tudo, já tinha eu preenchido metade do formulário bancário...
Mas ao mesmo tempo deixei-me levar pelo meu lado humano e me perguntei: "Eu só ajudo os meus, ou ajudo a quem precisa?"
O meu EU era confrontado com uma grande questão: o que tem mais peso na balança da vida? a justiça ou o lado humano? E mais ainda, essas duas palavras tem gradações? Ou seja, existe desumano, pouco humano, e humano?
Lá se foi embora o homem a muito custo, mas deixou-me os seus contactos e da sua organziação para qualquer esclarecimento. Eu cheia de dúvidas fui fazer consultas aos nativos e fiquei a saber, sim, que o Estado ajuda ONGs através dos nossos impostos. E fiquei a saber também que os alemães que ajudam ONGs locais, depois podem recuperar parte do dinheiro dos impostos, ou seja, não se "perde" de todo...
E o mais interessante, é que essas ONGs que recebem dinheiro do Estado só o podem usar na Alemanha, ou seja, o dinheiro "gira" aqui dentro, igual aos indianos, não? Já se entende porque a Alemanha é uma das maiores economias do mundo.
Essas duvidas furaram, mais uma vez, as minhas construções de palavras "perfeitas": honestidade, justiça, sinceridade, verdade, humano, etc, elas são meias verdades, para além de que as vezes elas, entre si, nem sequer se complementam.
Acorda Nádia...
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