quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Carlos Cardoso, um exemplo difícil de ser seguido

A 22 de Novembro do ano 2000 foi assassinado Carlos Cardoso. Ele era considerado pedra rara no jornalismo moçambicano, pela busca da verdade, imparcialidade e também pelo seu caracter investigativo. E foi isso também que originou o seu assassinato, Cardoso investigava a maior fraude bancária da história de Moçambique, que envolvia grandes figuras da cena empresarial e política do país. Quais são as características da media moçambicana 11anos depois da morte deste jornalista?A Deutsche Welle conversou com Paul Fauvet, ex-colega de Carlos Cardoso e co-autor de uma obra sobre a sua vida, e começamos com a seguinte pergunta: Será que este jornalista é um exemplo que está a ser seguido no país?

Paul Fauvet: Essa pergunta é difícil, Carlos Cardoso era uma pessoa muito rara, singular. É difícl encontrar uma pessoa que faça o mesmo com entusiasmo. Cardoso era um jornalista político, com grande cultura geral, como ele não há muitos. Existem alguns jornalista que continuam a fazer jornalismo investigativo em Moçambique, mas não são muitos. A morte de Carlos Cardoso é uma perda irreparável para o jornalismo moçambicano.

NI: Será que a morte de Carlos Cardoso limitou, através da intimidação, a coragem e o profissionalismo dos jornalistas moçambicanos?
PF: Eu acho que não é isso, acho que há incidentes de intimadação, há pessoas que tem medo, mas isso existia também antes da morte de Carlos Cardoso. É preciso desenvolver dentro do jornalismo moçambicano uma cultura de trabalho, de investigação. O jornalismo não é coisa fácil e ninguém fica rico por fazer esse tipo de jornalismo.

NI: Como avalia o actual jornalismo feito em Moçambique?
PF: Há pessoas que tentam o seu melhor em vários órgãos de informação, no sector público e no privado, mas também há jornalismo barato, jornalismo de esgoto, ou sensacionalismo simplesmente para vender, Moçambique não diferente dos outros países nesse aspecto, como em qualquer lugar do mundo existe o bom e o mau jornalismo.

NI: Carlos Cardoso sempre pautou por um jornalismo que denunciava a corrupção, a falta de transparência, etc. Com são tratados hoje esses temas pela media?
PF: Há jornalistas que continuam nesse caminho, devo dizer que os mass media tiveram um papel importante em casos de corrupção que chegaram aos tribunais, acho que sem a cobertura dos medias esses casos não teria chegado as barras dos tribunais.

NI: Para si, a forma como foi concluído o processo no caso do julgamento de Carlos Cardoso foi satisfatório?
PF: Não inteiramente. Como se diz há fragilidades, é um escandalo que o senhor Anibalzinho, o chefe da quadrilha contratada para assassinar Cardoso, conseguiu fugir da prisão três vezes! Mas felizmente foi capturado, é verdade que os presos tem uma facilidade extraordinária dentro das cadeias. O senhor Nini Satar, um dos homens de neócios que contratou os assassinos, conseguiu ter uma página do Facebook dentro da cadeia!

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