sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Retirada de Dadis Camara da Guiné é sinónimo de fim da crise?

Os destinos da Guiné Conacry parece que já estão a ser desenhados. Primeiro o presidente interino do país, Sekouba Konaté, viajou para Marrocos, onde esteve hospitalizado o presidente do país, Moussa Dadis Camara, depois de um atentado perpetrado pelo seu ajudante de campo. A França e os Estados Unidos da América fizeram saber depois disso que não querem ver o presidente do país regressar a casa. Sekouba Konaté tem se movimentado para que a oposição e os ministros demissionários sintam que tem espaço no país, a prova disso foi o apelo ao regresso de algumas figuras a Guiné. Hoje a oposição e sociedade civil já escolheram nomes que poderão liderar um governo de transição, mas querem a aprovação de Konaté, enquanto as eleições não acontecem. E finalmente, Dadis Camara não regressa ao país, ele vai para Burkina Faso repousar, onde tudo se cose não sabemos com que linhas...
De acordo coma Lusa “Um acordo para pôr fim à crise na Guiné-Conacri foi hoje assinado em Ouagadougou, prevendo a "convalescença" no estrangeirodo chefe da junta militar, Moussa Dadis Camara, e eleições dentro de seis
meses.”
A União Africana está satisfeita com o rumo que a situação está tomar. Recorde-se que este organismo suspendeu a Guiné-Conakry das suas actividades depois da tomada do poder pelos militares em finais de Dezembro de 2008, na sequência da morte do então chefe do Estado, o general Lansana Conté, e dando-lhe um prazo de três meses para voltar a um governo civil.
Quem também está satisfeita com o desenrolar dos factos é a França que através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner, disse, num comunicado, que o país se encontra numa verdadeira rota rumo a um Estado de direito. Kouchner disse que vai apoiar estes esforços por parte da actual liderança da Junta Militar e, nesta nova abordagem, pode retomar a sua cooperação”. Recorde-se que depois do atentado contra Dadis Camara, houve uma certa crispação entre a Junta Militar e a França. A Junta Militar acusou a França de tentativa de interferência nos assuntos internos da Guiné.

Que peça de xadrez é o general Sekouba Konaté?
Militar profissional aparece como o salvador da arruinada Guiné trazendo o sopro da esperança depois de um período tumultuoso. Diz-se que não tem ambições políticas. Desde que assumiu os comandos do país, interinamente, tem mostrado querer seguir o caminho da estabilidade e paz. Começando pelos seus discursos, passando pelo apelo ao regresso de figuras políticas ao país, entre outras coisas. Também terá sido ele a levar a mensagem ao presidente Dadis Camara, no Marrocos, de que ele era persona non grata na Guiné Conacry. Mensagem dos Guineenses ou da comunidade internacional?

Posições divididas
Enquanto uns festejam o facto do presidente Camara não regressar ao país, outros organizam manifestações exigindo o seu regresso e recuperação no país. Mesmo que o país venha a viver uma situação de estabilidade algo nefasto está latente. Viverão então eles em situação de pseudo-estabilidade, que provavelmente terá um prazo de validade curto, (uma vez que a sua natureza assim o dita...) suspeitando que a médio prazo a tensão falsamente controlada atinja o píncaro e o país volte a viver situações de crise.

Recorrência
Esse apoio que Dadis tem no país pode vir a ser usado para que se erga novamente amanhã? (Ou então para o surgimento de uma "versão dadisiana melhorada"?) Apoio de alguns militares ele tem, a prova disso é manifestação de uma certa ala pró-Dadis no país, e pode jogar com o apelo étnico, provavelmente uma das armas mais perigosas de que o país dispõe. Mesmo que na memória dos guineenses esteja viva a ferida das recentes violações...

Quem pode resolver a questão do poder militar intimamente ligado a questão étnica na Guiné?
De certeza que não é a França e nem os Estados Unidos da América que vão conseguir resolver isso. O máximo que provavelmente lhes interessa é ver restituido o Estado de Direito, respeito pela Constituição, Democracia, etc...
Um passo muito importante, sem sombra de dúvidas, mas que neste caso não singnifica tudo...
Esta fraqueza da Guiné Conacry precisa de ser sanada, caso contrário continuará a ser usada internamente e externamente para a sua auto-destruição em nome de muitos interesses.

Sem comentários:

Enviar um comentário