Uma assinatura para ajudar o povo do Bahrein. Este é o pedido da Amnistia Internacional numa esquina de Oslo. Comovente. O argumento para conseguir o "Nádia Issufo" na lista era que o país é uma monarquia, cujo povo luta por mais democracia e liberdade. Quase cai, peguei na lista e na esferográfica e o sorriso da mulher da AI se abriu mais, mas recuei e contra-argumentei: estavamos numa monarquia também (apesar de ter um governo democrático e haver respeito pela liberdade, factos conquistados as suas custas) e desejo verdadeiramente o bem estar do povo do Bahrein, mas acredito que essas conquistas tem de ser alcançadas internamente. E isso está a acontecer, não foi nenhum estrangeiro que enfretou a polícia, queimando pneus e bloqueando estradas neste fim de semana. Nem no ano passado quando dezenas de pessoas morreram em manifestações. Não escondo, a ajuda externa é um termo cujo enquadramento no meu catálogo
é problemático. Devolvi a esferográfica e o papel, e o sorriso da
mulher se manteve inalterável. Desejou-me uma boa estadia na cidade e aconselhou-me a visitar o Parlamento, que por sinal o Bahrein também possui e não foi com a ajuda externa.
No geral as revoluções no mundo árabe foram de natureza endogena, e hoje esses países continuam a traçar o seu percurso consoante a sua vivência, facto que de certo modo despontou a comunidade internacional, principalmente no que diz respeito a laicidade dos Estados. A islamização na política ganhou mais expressão, abrindo mais espaço para os radicais, que por sinal não tem poucos apoiantes, tal como os partidos europeus de extrema-direita tem cada vez mais apoiantes. Cada povo tem a sua história, seu rumo e seu estágio de desenvolvimento. Ajuda é bem vinda, ninguém faz conquistas sozinho, mas como dosea-la para não se transformar em intromissão, prepotência, e em atitude de "ohh, coitadinhos"?
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