quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Premiação da Vale é mais uma arma para as ONGs

A Empresa brasileira Vale venceu na última semana o prémio Nobel da vergonha corporativa mundial, distinção feita a pior multinacional no que se refere ao respeito ao meio ambiente e direitos sociais dos trabalhadores e por optar por uma linha muito direcionada para o lucro. Em Moçambique, esta empresa, que explora minas de carvão mineral, enfrenta uma crise devido ao realojamento de populações em lugares considerados impróprios para a sobrevivência. No começo do ano centenas de pessoas que se manifestaram contra a Vale foram reprimidas pela polícia. Sobre esta distinção, atribuida a margem do Fórum Mundial Económico de Davos, Suiça, a DW entrevistou Jeremias Vunhanje da ONG Justiça Ambiental sobre o prémio da Vale:

JV: Com certeza que não só para a Justiça Ambiental, mas principalmente para as famílias que vem os seus direitos violados devido ao trabalho da Vale, esse prémio é justo e ultrapassa a dimensão da justiça. Acima de tudo amplia a resistencia nas denúncias dessas famílias que tem estado a manter diálogo com a empresa, mas está a ser difícil. O prémio também confirma os graves impactos negativos que essa empresa tem estado a causar a par das violações dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Também achamos que é um marco findamental na discussão das políticas de desenvolvimento do país, é uma espécie de chamada de atenção para uma reflexão profunda sobre a forma como estão a ser feitos os investimentos estrangeiros.

Nádia Issufo: Apesar das falhas que se apontam a Vale importa lembrar que as mesmas terão acontecido porque o governo moçambicano provavelmente não agiu em defesa dos interesses da população. Entretanto a este facto não tem sido dado o devido destaque...
JV: O governo mais uma vez tem estado a  posicionar-se do lado da empresa perdendo a oportunidade de ouvir as reclamações da população. Nós estamos a acompanhar este caso há dois anos, e temos conhecimento de várias cartas que a população submeteu ao governo distrital, ao municipio de Moatize e ao governo provincial de Tete, inclusive no ano passado a comunidade solicitou a intermediação da JA que facilitou o diálogo com o ministério dos recursos minerais, o ministério da admnistração estatal, incluindo a Assembleia da Republica. Mesmo com as evidências que reunimos o governo não respondeu positivamente. Mais uma vez , com estas manifestações, o governo continua a fuxgir as suas responsabilidades.

NI: Fora este reassentamento polémico, existe outra falha a apontar a Vale?
JV: Pelo curriculum que agora veio a confirmar-se em relação as más práticas que a empresa tem nos cerca de 38 países onde opera, há certamente outras razões a apontar a Vale. Tem a ver com a constante falta de cumprimento de promessas e muitas vezes põe a população das regiões onde está em confronto com o governo, também há relato de perseguições protagonizados pela empresa. No caso de Tete ainda não temos uma confirmação exacta, mas há relatos de perseguições e intimidações a membros da comunidade, principalmente daqueles que exercem liderança e que estão a frente das exigências em relação as suas condições de vida.

Saiba mais sobre o assunto consultando a seguinte página:
http://www.dw-world.de/dw/0,,13918,00.html?id=13918

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