Sim, não pode ser considerado um país, porque as leis não são cumpridas. Pelos menos as do país não são. Se alguma lei é cumprida é de certeza vinda de algum lugar que ninguém quer ver. Mas aqueles que foram eleitos para fazerem valer as leis do país parece que obedecem a essas leis vindas dessa autoridade desconhecida
O poder político é um servidor da “autoridade desconhecida”, o poder militar também é um servidor, e a comunidade internacional é inerte. O primeiro e o segundo assim o são porque a ganância é maior do que eles e o terceiro por muitos motivos, o mais evidente é a incapacidade de fazer frente a quem manda na Guiné-Bissau. Enquanto não há furdunço estão caladinhos, quando os militares e os governantes decidem fazer os seus ajustes de contas porque as negociatas não correram bem, ai aquelas todas as siglas importantes (ONU, UA, UE, CEDEAO e companhia) emitem comunicados e coisas do gênero a combinar com o brilho dos seus nomes.
ONU imponente
Enquanto isso os subalternos do narcotráfico, eleitos pelo povo, vão usando abusivamente algumas destas instituições para resolverem as suas querelas. São marionetes. A ONU aceitou acolher o contra-almirante Bubo Na Tchuto, ex-Chefe da Armada, acusado de estar envolvido no último golpe de Estado no país. O contra-almirante chegou ao país e sabia onde se instalar. Provavelmente as coisas não correram como previa, cansou-se da hospitalidade de Mutaboba, ou de Ban ki-Moon, e foi-se embora em grande estilo. Ora, pode haver maior desrespeito que este?
CPLP & PALOP: A orquestra dos independentes
Nem vamos falar... Provavelmente para os servidores do narcotráfico nem devem existir. Já em condições menos anormais ela “existe”, pior em situações de crise. Em momentos como este me questiono mais sobre a força dos laços entre os países de língua portuguesa. As outras organizações africanas não diferem muito destas.
EU: Sempre acenando dinheiro
O dinheiro fala todas as línguas, mas não compreende bem o crioulo da Guiné-Bissau. Pelo menos o Euro não. De acordo com a LUSA “O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, manifestou-se hoje (08.04.10) convicto que a União Européia manterá a cooperação com a Guiné-Bissau, mas advertiu que "os condicionalismos políticos" da ajuda internacional "são muito exigentes". Por isso, muitas vezes é ouvida em nome do pseudo-desenvolvimento do país, mas noutras fala mesmo é sozinha julgando no seu pedestal, que tem um interlocutor. É mesmo um monologo.
EUA: O eterno pai?
Se não é, age como tal. Entra sempre no barulho quando já não há quase como silenciar os seus actores. Até isso acontecer, assiste a tudo, quase, sem agir. A LUSA noticiava ontem: “Os Estados Unidos anunciaram hoje que congelaram os bens do chefe de Estado-Maior da Força Aérea da Guiné-Bissau, Ibrahima Papa Camara, que acusam de envolvimento no tráfico de droga.” Esta sanção é extensiva a Bubo Na Tchuto e o governo americano interdita qualquer cidadão norte-americano de manter relações com os visados.
Eu: A espectadora que está a “apanhar do ar”
O que está a acontecer na Guiné Bissau é tão sórdido que por mais esforço que faça, não consigo entedender. Tenho aquela sensação de ter ido ao cinema ver um filme e não ter entendido nada... Sair na verdade confusa e com dor de cabeça. Na verdade sei que me manterei nesta sala de cinema por muito mais tempo...
São acertos de contas entre poderes e dentro de poderes. Num momento um serve a outro, noutro momento não, seguem-se acertos de contas entre eles, depois os líderes dos diferentes poderes fazem “coligações invisíveis” aos nossos olhos, e a história se repete. É ciclico...
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