Destino maldito para este país? Dizia-me uma pessoa muito especial que vizinhos e família não podemos escolher, co-habitamos com o que nos calha. Temos de aceitar aquela frase cansada „é o destino...“ e quase sempre cairmos no fosso do conformismo, ou não? Um suposto fim de linha, o destino, definido por um professor meu de História das Idéias há um tempo, como o cruzamento entre o acaso e a fatalidade, o acaso é a sorte ou azar, e a fatalidade é o inevitável de acontecer. Hoje recupero a definição e tento encaixá-la a situação da Polónia e vejo que o acaso não lhe proporcionou o melhor, não lhe saiu o “As”, nunca. O massacre de Katyn em 1940 continua a ser o grande marco do distanciamento entre os dois vizinhos, Polónia e Rússia. O primeiro aguarda por um pedido de desculpas que não chega há setenta anos. E no sábado o presidente polaco perdeu a vida quando ia prestar homenagem às vitimas desse massacre. Entre um caso e outro, outros pendentes existem. Mas tudo se centra em Katyn, até a nova desgraça da Polónia, é remetida a este passado negro, ou melhor, vermelho. Numa floresta próxima de Katyn, na Rússia, foram executados cerca de 22 mil polacos, sob ordem da ex-União Soviética. Cerca de oito mil vítimas eram militares tomados como prisioneiros na invasão soviética da Polónia em 1939, sendo os restante presos sob alegações de pertencerem a corpos de serviços de inteligência, espionagem, sabotagem, e também proprietários rurais, advogados, padres etc. Esta ferida continua aberta para os polacos até hoje. A visita do presidente Lech Kaczynski visava homenagear estas vitimas quando o avião em que seguia caiu em território russo provocando a sua morte e de outros 96 ocupantes. Uma notícia que chocou a Polónia.
Viajo mais uma vez para o livro que estou a ler, “Descascando a cebola” de Günter Grass e proprio-me descaradamente do nome Ivan que o autor usou no seu livro para designar soldado russo durante a segunda guerra mundial (uma amiga diz que me falta a originalidade...). Um inimigo que não desejava encontrar e quando o encontrava fugia. Hoje esse Ivan continua vivo e activo, parece que as rugas do tempo não o afectaram, muitas desgraças causou Polónia.
Outra grande magoa da Polónia é em relação a perda de terrenos seus para a Rússia. O actual território do país foi determinado após a Segunda Guerra Mundial pelas potências vitoriosas. A Polónia perdeu cerca de 20% da sua superfície de antes da guerra. A actual Ucrânia fazia parte da Polónia e o Ivan a tomou.
Mas em contrapartida a este país foi atribuida uma parte do territórios, na sua região ocidental, ou seja, parte da Alemanha.
É verdade que ao longo da História a Rússia/União Soviética causou muita desgraça à Polónia. Mas é preciso dizer que só o pôde fazer graças ao conluio da Alemanha, que causou desgraças ainda maiores à Polónia. E há polacos convictos de que nada mudou :-)
ResponderEliminarCristina
Eu sei Cristina... é triste. E para mim isto é uma autêntica descoberta! Foi preciso mais uma desgraça para eu ter conhecimento (mínimo) dos acontecimentos. E ainda não acabei de escrever... Tenho estado a pesquisar ainda. E cada vez mais me assusto com as acções de assassinatos em massa protagonizados pela Alemaha. Hitler só teve a sorte, ou azar, de ser o mais mediatizado...
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