"Filho, vai para a escola aprender a vencer sem ter razão", disse a mãe de um famoso escritor africano no tempo colonial. O conselho continua atual.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Sarava!
TP50 é o nome do grupo musical que no último sábado quase conseguiu lotar famosa sala do CCFM, Centro Cultural Franco Moçambicano. Tom Jobim era o tema do Espetáculo. Palco montado em arco, cinco vozes femininas muito lindas, que no princípio mostraram alguma desafinação, talvez por nervosismo, momentos da vida de Tom Jobim, depoimentos de estrelas da música brasileira sobre Jobim e fotos dos membros do TP 50 desfilaram na grande tela por detrás do arco musical. A desafinação ficou no começo, minutos depois do início do show tudo corria dentro dos eixos. Estavam eles de branco, quase todos. Acho que pelo significado que a cor tem para muitos brasileiros. A cara dos homens, que eram a maioria, estava ocultada por um boné, mistério... Mas a medida em que os membros da banda iam sendo apresentados, ao longo do espetáculo, o mistério acabava... Eles cavalheiramente retiravam o boné e cumprimentavam. O senhor Prista fazia as honras da casa, quase todos eles tinham posto o pé na universidade; uma psicologa, um arquiteto, uma oceanografa, um músico e por ai em diante. Mostra que os musicos em Moçambique hoje estão empenhados em ter um canudo nas mãos, não só porque ainda é difícil viver do trabalho artístico no país, mas porque também confere prestigio a quem o tem. Longe não preciso de ir, nessa noite uma das homenagens do grupo foi ao integrante da banda Hortêncio Langa. Ele tem agora uma formação superior em música.
Enquanto o senhor Prista apresentava os seus colegas e os titulos destes, lembrei-me do que me dizem alguns amigos brasileiros: que a bossa nova, que por sinal adoro, é música de classe média no Brasil, que é musica de gente letrada. Uma caracteristica que se assemelha a gente que compõe o TP 50. Também o público que lá estava, na sua maioria, me parecia de classe média e letrada. Não era exactamente o público que vai ao CCFM deliciar-se com o afro-jazz ou estilos semelhantes. Era muita letra, muito canudo, muito saber dentro dentro da sala.
E lembrei-me ainda das telenovelas brasileiras que vejo com muito gosto. As músicas de Tom Jobim costumam fazer parte da trilha sonora das novelas de Manoel Carlos, que na sua maioria retratam a vida de brasileiros de classe média-alta; gente que vive no Leblon, etc. Laços de Família, Mulheres Apaixonadas, Páginas da Vida, são algumas das telenovelas de Manoel Carlos que acompanhei. E depois uma amiga brasileira expressou a mesma opinião...
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