Nádia Issufo: Caso se confirme que Bashir Selemane é um “barão das drogas” como diz o governo norte-americano, o que isto pode significar para a imagem do partido no poder que foi muitas vezes financiado pelo visado?
Fernando Lima: Se essa possibilidade se confirmar é um grande embaraço para o partido Frelimo. De qualquer forma temos que começar pelo início, ou seja, é preciso que haja provas em relação a todas estas questões. Não obstante já ser um posicionamento político muito forte o facto de a ordem de colocar o senhor Bashir como barão de droga por parte do presidente da administração norte-americana ser um sinal político muito, muito forte.
NI: Acha normal que até a esta altura a Frelimo não se tenha pronunciado sobre esta informação? FL: Num governo normal eu acho que a esta hora um governo democrático e transparente já se teria pronunciado. No entanto, não é esta a pratica do governo moçambicano, ele tem uma atitude tradicionalmente arrogante em relação aos media. Neste caso eu diria que está a tomar uma atitude muito cautelosa, nomeadamente a equacionar uma série de elementos em relação a esta situação e só depois tomará posição. Mas estou certo que o fará, uma vez que em 48 horas o próprio presidente da República ragiu a uma sugestão de que haveria campos de treino para elementos da Al-Qaeda em Moçambique. Este é também um sério aviso da admnistração americana ao governo moçambicano, neste caso por interposta entidade, ou seja, foi através de uma entidade privada que se dedica a assuntos de segurança que foi feita a referência da existência de campos de treinos. De qualquer forma o presidente da República reagiu a essa questão e estou certo que o governo de Moçambique reagirá a esta situação uma vez que isso tem um tremendo impacto em Moçambique. E certamente que os media moçambicanos vão dedicar uma larga atenção ea esta situação.
NI: Acredita que estes dois assuntos estão relacionados de alguma maneira? FL: Estão relacionados em termos de estratégia norte-americana a Moçambique. O governo norte-americano mostrou um grande descontentamento e inconformismo em relação a forma como o governo tratou as últimas eleições em Moçambique. Portanto, questões que normalmente são tratadas por canais diplomáticos quando existe um mal estar, entre dois governos, e quando há uma relação de desigualdade, afinal o governo americano é um governo com comportamento de grande potência e arrogância em relação a outros governos, e nomeadamemte aos mais fracos, como é o caso de Moçambique. portanto, o facto de estas noticias virem a público, acho que é claramente um sinal polÍtico da admnistração norte-americana enviado as autoridades moçambicanas do descontentamento, nomeadamente com questões, que tem a ver com democracia e transparência governativa.
Caso queira ouvir parte desta entrevista selecione emissão da noite de 2 de Junho no seguinte endereço:
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html
NI: Pode se considerar a Frelimo uma força credível se se confirmar que o senhor Bashir está envolvido no tráfico de droga?
FL: A Frelimo tem muitos outros pontos sensíveis e muitas outras realizações que não apenas o facto de ter um militante chamado Mohamed Bashir Selemane. Claro que isso tem implicações graves, mas a vida não acaba e nomeadamente para um partido com referências como é o partido Frelimo pelo facto de ter um dos seus militantes nomeado como barão de droga
NI: Como pode ser interpretado este gesto do governo norte-americano de distribuir o comunicado de imprensa sobre este assunto directamente as empresas de media moçambicanas sem que houvesse uma informação ou comparticipação das autoridades moçambicanas?
FL: Isso é o que aparece como imagem publica. O que é facto é que as autoridades americanas nos últimos anos tem passado muitos avisos as autoridades moçambicanas sobre o tráfico de drogas em Moçambique, sobre o envolvimento de grandes figuras da polítca moçambicana, pessoas muito bem colocadas no exercito, nomeadamente generais na reserva que estão envolvidos no tráfico de drogas. Aparentemente o governo moçambicano ou não actuou, ou não pareceu dar ouvidos as chamadas de atenção da administração americana e das suas agências especializdas. Álias, não é só a admnistração americana que tem feito esses avisos, agências especializadas das Nações Unidas tem feito idênticos avisos e tem produzido relatórios sobre o tráfico de drogas em Moçambique, nomeadamente a utilização de Moçambique como corredor, sitio de trânsito de droga entre a Asia e a Europa, entre a América Latina e a Europa. Pelo canais formais, nomeadamente diplomáticos, o governo está mais que avisado desta situação, não especificamente ao senhor Mohamed Bashir Selemane, mas em relação ao tráfico de drogas em geral.
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html
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