sexta-feira, 21 de junho de 2013

A "angolanização" de Moçambique

Foi isso que me passou pela cabeça assim vi as primeiras reacções do Governo face ao despoletar de acções de contestação simultâneas contra o Executivo moçambicano. Por exemplo, quando a polícia lançou jactos de água contra desmobilizados de guerra que se manifestavam pacificamente a exigir melhores pensões, quando dois jornalistas foram detidos sem motivos, quando se repetem as intimidações contra os reassentados de Cateme, no caso Vale, quando a polícia deteve alguns dos descontentes, a detenção ilegal do líder dos médicos grevistas, entre outros tantos.

Apesar dos inúmeros problemas achava que Moçambique estava a registar alguns progressos, e até atrevia-me a colocar o país "acima" de Angola em termos de pseudo-democracia, consolidação da pseudo-sociedade civil e liberdade de expressão. Não que estivessemos há anos luz de Angola, mas a alguns kilometros. Só que em três segundos Moçambique conseguiu retroceder tanto, que desconfio que em breve passarei a ter Angola como um exemplo a ser seguido por Moçambique.

Há momentos até em que me pergunto se os presidentes e governos dos dois países não foram feitos da mesma massa, tamanhas são as semelhanças entre eles. Quantas vezes Armando Guebuza se dirigiu aos moçambicanos nos momentos mais difíceis? E arrogância ofensiva com que alguns ministros falam ao povo? Um dos pontos em que Armando Guebuza e José Eduardo dos Santos não são iguais, é nas viagens. Enquanto o primeiro continua as suas viagens, acompanhados de homens de negócios, em momento críticos do seu país, o segundo quase nunca sai da cidade alta. Para mim o cumprimento da agenda de Guebuza, no que diz respeito as suas viagens, parecem uma tentativa de minimizar os descontentamentos do seu povo contra o seu Governo. Mais ainda, perceber que este tipo atitude é manifestada até ao nível mais baixo da estrutura do Governo moçambicano mostra o quanto o partido FRELIMO tem tarimba. Desde o director provincial ao chefe de um posto administrativo o discurso em situações de crise é o mesmo,  o que me faz perceber que o partidão é mesmo "macaco velho".

Ms desconfio que em breve o titulo deste texto estará desactualizado, pois o caminho que Moçambique segue se mostra tortuoso, mesmo não sabendo se toma o caminho certo ou não.

Por seu lado, Angola, mesmo que seja para o inglês ver e por interesse, tem mostrado sinais de alguma liberdade de imprensa, o Presidente que pouco fala, tem se dirigido mais ao mundo usando a media, etc.

É  caso para dizer que os dois países estão a fazer a inversão de posições?



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