A chamada África Branca foi sem dúvida a surpresa negativa este ano para o continente africano. O descontetamento por causa das crises sociais originaram drásticas mudanças, quebrando assim toda a "estabilidade" que o diferenciava do resto. O futuro se mostra imprevísivel, a meu ver, embora a primeira muitos acreditem que a democracia poderá vingar. Pode até ser que sim, mas o que vingará ao lado deste bem tão precioso?
Ao lado da África branca outros países árabes estão em queda, alguns pelos mesmos motivos, outros não. A completar o cenário Bin Laden supostamente está morto, segundo informações do governo norte-americano. No conjunto, tudo isso constitui uma vitória para o ocidente, que vive de outra forma, e que sempre lutou para que tudo isso acontecesse. Terão eles, de facto, resolvido o que consideram problemas? ou então é só o inicio de uma nova fase mais critica ainda?
Ao lado de tudo isto, viu-se, ou melhor, não se viu a África negra. Ela quase não se pronunciou sobre os acontecimentos no norte, a União Africana, coitada, tornou-se invisivel quando a França, Estados Unidos e Grã-Bretanha decidiram invadir a Líbia de forma alucinada. Entretanto, quando o assunto é "pequeno" vão deixando as "brinadeiras"para a organização africana se divertir. Como diz um colega meu: "não façam confusão", está claro quem é que dita as regras do jogo.
Enquanto a guerra não cessa, prazos para o seu fim não estão a vista. Aumenta o número de mortos e Tripoli continua a apontar culpas a NATO, e por seu lado os rebeldes continuam a anunciar conquistas de cidades estratégicas sem nunca chegar a Tripoli.
SADC, a organização mais "organizada"...
Não restam dúvidas que a África Austral é muito unida e coesa, para o bem e para o mal. Levam bem a letra algumas formas de estar da sabedoria africana: roupa suja lava-se em família e a porta fechada. Considero que este é um dos factos que lhe dá credibilidade internacional. A gestão das crises zimbabueana e malgaxe estão ai para comprovar, apesar de resultados positivos nunca chegarem... O facto de terem figuras carismáticas e credíveis tem o efeito, então da cereja por cima do bolo; Nelson Mandela, embora fora de acção, Joaquim Chissano e outros.
Isto sem contar com o facto da região viver, na sua maioria, em pseudo-democracia e sem guerra.
E esta organização acaba de comprovar o que digo, ela rejeitou no último fim de semana a criação de um tribunal regional para julgar crimes de altos dirigentes, sendo que Angola terá sido um dos países a votar contra. Na sabedoria popular se usa a frase: "quem tem rabo preso..."
Acho que se efectivamente for criado esse tribunal, não sei se sobrará presidente ou rei...
Se formos a comparar com a CEDEAO, por exemplo, veremos claramente que nos momentos criticos cada um mostra de que lado está.
Angola
Cada vez mais consolida a sua posição de potência no continente; aumenta a sua presença em São Tomé e Príncipe, onde há petróleo, na Guiné-Bissau deu ajuda financeira, e não só, ao sector do exército, ou seja, vai enterrando bem os seus tentáculos. Por outro lado, alguns países africanos em crise, na verdade muitos deles, se dirigem a José Eduardo dos Santos em situação de crise. O presidente de Madagascar esteve em Luanda na última semana, a quando da crise marfinense os homens de Gbagbo estiveram lá para garatir continuidade de apoio, enfim, há outros exemplos ainda. Numa visão muito simplista: está lá o presidente de Angola sentado no seu trono, e raramente saí do país, e os aflitos vão lá, meio que em jeito de vassalos.
Angola e Portugal: o movimento inverso?
E como os tentáculos movidos a petróleo são poderosos, cada vez mais grandes empresários angolanos aumentam a sua presença no mundo dos negócios em Portugal, a área da banca é uma delas.
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