quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O silêncio do MDM nas negocições entre RENAMO e Governo

 Em Moçambique a crise político-militar é assunto discutido apenas entre o Governo da FRELIMO e a RENAMO, maior partido da  oposição. Da oposição quase nada se ouve sobre um contributo para resolver o assunto. O MDM é a terceira maior força do país e com assento parlamentar para além das partes antagonicas. Entretanto, as eleições autárquicas estão à porta, 20 de novembro, e muitas dúvidas persistem sobre a sua realização.  Entrevistei para a DW  África o porta voz do MDM, Sande Carmona.

Legenda: Davis Simango, Presidente do MDM

Nádia Issufo (NI): Qual a posição do MDM sobre a presente tensão entre o Governo e a RENAMO?

Sande Carmona (SC): O MDM lamenta a perda de vidas humanas que está a acontecer em Moçambique, relativamente ao que tem acontecido no confronto entre as tropas governamentais e a RENAMO. A maioria dos que estão a perecer são inocentes e civis. O MDM condena veementemente essa situação de confronto. O uso da força está a ser cada vez mais importante para os dois lados, esquecendo-se que é só com palavras que se pode encontrar o bom senso na diferença.

NI: Esta tensão é dominada pela RENAMO e pelo Governo. A oposição está de fora. Ela não tem um contributo a dar nesta crise?

SC: Desde a primeira hora que o MDM esteve atento, a acompanhar a evolução da situação. E sempre instámos o Governo, o Presidente da República e a liderança da RENAMO para que fossem coerentes, para evitar que as situações pudessem chegar onde chegaram. Fizemos várias vezes comunicados de imprensa, fizemos tudo o que era possível para que entendessem que Moçambique não precisa de guerra. O país precisa de paz para recuperar o tempo perdido no âmbito do desenvolvimento económico e social. 

NI: Mas em termos concretos, neste processo de negociações, o que fez o MDM? Tomou alguma iniciativa para participar nas negociações?

SC: Sempre dissemos que as negociações tinham que envolver todas as forças vivas de Moçambique, para permitir a existência de uma espécie de mediação. E predispusemo-nos a estar presentes nesta negociação para darmos o nosso contributo. Mas, infelizmente, não fomos entendidos ou ouvidos.
  
NI:As eleições marcadas para 20 de novembro estão à porta, no meio desta crise. Geralmente estas situações são "aproveitadas" pelas forças políticas para construírem caminho com vista à vitória. O MDM pensa fazer este aproveitamento político, de alguma maneira?

SC: Não, o MDM não pretende fazer aproveitamento político nesse âmbito, uma vez que o MDM é um partido de paz. Muito pelo contrário, o MDM faz tudo para que o povo moçambicano viva tranquilamente e tenha oportunidade de escolher os melhores filhos de Moçambique para dirigir os destinos deste país.

Uma melhor escolha só é possível quando há paz. Quando o povo não se sente intimidado e vai às urnas realmente consciente de que é preciso encontrar as pessoas certas para [espelhar] aquele que é o pensamento do povo moçambicano.

NI: No Parlamento moçambicano estão a RENAMO, a FRELIMO e o MDM. Ou seja, para além das duas forças antagónicas nesta crise, está o MDM. O que é o partido faz no Parlamento para ajudar a pôr fim a esta tensão?

SC: Infelizmente, o MDM tem um número reduzido, em termos de deputados à Assembleia da República. No tempo que tem na Assembleia da República, o MDM faz tudo e mais alguma coisa para fazer entender as duas bancadas antagónicas que é através do diálogo que se pode alcançar a paz, é através do diálogo que as pessoas têm de se entender.

Escute a entrevista em:  http://www.dw.de/mdm-fica-fora-do-diálogo-entre-renamo-e-governo-moçambicano/a-17190037

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